O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) minimizou nesta segunda-feira (20) as propostas mais duras do novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, destacando a importância de manter relações bilaterais positivas entre os dois países, apesar das divergências. Em reunião ministerial realizada em Brasília, Lula afirmou torcer para que o Governo Trump promova melhorias para o povo americano e reforçe a histórica parceria com o Brasil.
“Da nossa parte, nós não queremos briga nem com a Venezuela, nem com os americanos, China, Índia e Rússia. Queremos paz, harmonia, uma relação de diplomacia que seja mais importante, e não desavença e encrenca”, declarou Lula. As declarações foram dadas após Trump assumir o cargo com um discurso crítico ao Brics, bloco liderado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O presidente norte-americano ameaçou sobretaxar em 100% os produtos vindos do bloco, caso avance a ideia de uma moeda comum em substituição ao dólar em transações comerciais.
No meio da tarde, o Palácio do Planalto divulgou uma nota oficial assinada por Lula, felicitando Trump pela posse e reafirmando o compromisso com a cooperação bilateral. “As relações entre Brasil e Estados Unidos são marcadas por uma trajetória de cooperação, fundamentada no respeito mútuo e em uma amizade histórica. Estou certo de que podemos seguir avançando nessas e outras parcerias. Desejo ao presidente Trump um mandato exitoso, que contribua para a prosperidade e o bem-estar do povo dos Estados Unidos e um mundo mais justo e pacífico”, destacou o presidente brasileiro.
Apesar do tom pragmático, Lula e sua equipe enfrentam desafios diplomáticos e comerciais com a nova administração norte-americana, especialmente em um momento em que o Brasil assume a presidência do Brics e se prepara para sediar a COP 30 em Belém, no final do ano. A postura de Trump em relação ao bloco e às questões climáticas poderá impactar diretamente essas iniciativas.
Paralelamente, a oposição brasileira vê na ascensão de Trump uma oportunidade para pressionar por mudanças no cenário político nacional. Parlamentares aliados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) esperam que Trump possa influenciar na reversão da inelegibilidade de Bolsonaro, permitindo sua candidatura às eleições presidenciais de 2026. Durante o embarque de Michelle Bolsonaro para os Estados Unidos, onde representou o ex-presidente na posse de Trump, Bolsonaro expressou esperança na colaboração do republicano para “afastar inelegibilidades políticas”.
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