Flagrado com R$ 33.150 mil escondidos na cueca e acusado de desviar recursos para combate da covid-19, o senador Chico Rodrigues (DEM-RR) deixou o Conselho de Ética do Senado nesta segunda-feira, 19. Ex-líder do governo Jair Bolsonaro, Rodrigues fazia parte do colegiado que agora pode julgá-lo. O senador é alvo de uma representação com potencial para cassar o seu mandato e, sob pressão, entregou a cadeira.
O Conselho de Ética está com as atividades paralisadas por causa da pandemia do coronavírus. Diante do escândalo envolvendo o senador, porém, alguns parlamentares pressionam o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (DEM-AP), para reativar a comissão e abrir um processo contra Rodrigues. Até agora, Alcolumbre permanece em silêncio.
Empurrar o caso para o Conselho de Ética é uma estratégia que pode dar uma sobrevida ao senador, uma vez que muitos de seus pares pretendem derrubar possível decisão do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) para afastá-lo do cargo. Na semana passada, o ministro do STF Luís Roberto Barroso determinou o afastamento de Rodrigues por 90 dias, mas o caso ainda será submetido ao plenário da Corte. Além disso, o Senado também precisa se posicionar sobre essa decisão.
Rodrigues entregou o ofício em que comunica a saída do Conselho de Ética às 13h20 desta segunda-feira. “Com meus cordiais cumprimentos, solicito meu desligamento imediato do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar”, escreveu ele em documento endereçado ao presidente do colegiado, senador Jayme Campos (DEM-MT).
A vaga de Rodrigues no colegiado pertence ao bloco Vanguarda, formado por DEM, PL e PSC no Senado. Cabe ao grupo indicar um substituto para a cadeira. Na última sexta-feira, 16, o senador foi retirado da comissão mista do Congresso Nacional responsável por acompanhar os gastos do governo com a pandemia. Ele ocupava uma vaga de suplente na comissão formada para fiscalizar justamente os recursos sobre os quais é acusado de desvio.
Nesta segunda, 19, em nota, os advogados de Rodrigues afirmaram que os R$ 33 mil encontrados pela Polícia Federal nas vestes íntimas do senador se destinavam ao pagamento dos funcionários de uma empresa da família. Além disso, a defesa alegou que Rodrigues "está sendo linchado por ter guardado seu próprio dinheiro".
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