Depois de avisar há meses que trocaria o embaixador do Brasil nos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro finalmente deixou claro o porquê da demora: durante todo esse tempo, ele articulava a indicação do próprio filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para o posto diplomático mais importante e mais disputado não apenas no Brasil, mas em praticamente todos os países, a embaixada em Washington. Eduardo é presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara.
O presidente só anunciou a intenção publicamente nesta quinta-feira, 11,durante a solenidade de posse do novo presidente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ao ser indagado por jornalistas, o virtual futuro embaixador reagiu: “Aceito qualquer missão que o presidente Bolsonaro me der e vou tentar cumpri-la da melhor forma possível”.
- Foto: Gilberto Soares/Futura Press/Estadão ConteúdoEduardo Bolsonaro
Ao falar no nome do filho, o presidente lembrou que ele fala inglês fluentemente e tem muitos canais abertos nos Estados Unidos, inclusive na Casa Branca: “Ele é amigo dos filhos do Trump, fala inglês, fala espanhol, tem vivência muito grande de mundo. No meu entender poderia ser uma pessoa adequada e daria conta do recado perfeitamente em Washington”.
Tanto o Itamaraty quanto a Embaixada dos EUA em Brasília reagiram com surpresa à novidade, informando extraoficialmente que não houve informação prévia, antes da comunicação via imprensa, nem diretamente ao chanceler Ernesto Araújo, ao encarregado de Negócios da embaixada, William Popp, nem mesmo ao Departamento de Estado dos EUA. Assim como o embaixador brasileiro em Washington é interino, a embaixada americana também está sem titular desde outubro do ano passado.
Nos bastidores do Itamaraty e na embaixada, porém, as reações foram semelhantes: nos dois locais, a versão é de que Eduardo Bolsonaro tem uma grande vantagem, que é ter as portas abertas no Brasil e nos Estados Unidos, onde foi o único brasileiro a participar, inclusive, da audiência bilateral entre os presidentes Bolsonaro e Donald Trump. “Ele conhece todo mundo lá, isso ajuda muito na aproximação, nas relações”, resumiu um embaixador da cúpula do Itamaraty.
Eliane Cantanhêde e Renato Onofre, O Estado de S.Paulo
11 de julho de 2019 | 19h07
BRASÍLIA – Depois de avisar há meses que trocaria o embaixador do Brasil nos Estados Unidos, o presidente Jair Bolsonaro finalmente deixou claro o porquê da demora: durante todo esse tempo, ele articulava a indicação do próprio filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), para o posto diplomático mais importante e mais disputado não apenas no Brasil, mas em praticamente todos os países, a embaixada em Washington. Eduardo é presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara.
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O presidente Jair Bolsonaro afirma que filho Eduardo pode assumir embaixada nos EUA Foto: Wilton Junior/Estadão
O presidente só anunciou a intenção publicamente nesta quinta-feira, 11,durante a solenidade de posse do novo presidente da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Ao ser indagado por jornalistas, o virtual futuro embaixador reagiu: “Aceito qualquer missão que o presidente Bolsonaro me der e vou tentar cumpri-la da melhor forma possível”.
Ao falar no nome do filho, o presidente lembrou que ele fala inglês fluentemente e tem muitos canais abertos nos Estados Unidos, inclusive na Casa Branca: “Ele é amigo dos filhos do Trump, fala inglês, fala espanhol, tem vivência muito grande de mundo. No meu entender poderia ser uma pessoa adequada e daria conta do recado perfeitamente em Washington”.
Tanto o Itamaraty quanto a Embaixada dos EUA em Brasília reagiram com surpresa à novidade, informando extraoficialmente que não houve informação prévia, antes da comunicação via imprensa, nem diretamente ao chanceler Ernesto Araújo, ao encarregado de Negócios da embaixada, William Popp, nem mesmo ao Departamento de Estado dos EUA. Assim como o embaixador brasileiro em Washington é interino, a embaixada americana também está sem titular desde outubro do ano passado.
Nos bastidores do Itamaraty e na embaixada, porém, as reações foram semelhantes: nos dois locais, a versão é de que Eduardo Bolsonaro tem uma grande vantagem, que é ter as portas abertas no Brasil e nos Estados Unidos, onde foi o único brasileiro a participar, inclusive, da audiência bilateral entre os presidentes Bolsonaro e Donald Trump. “Ele conhece todo mundo lá, isso ajuda muito na aproximação, nas relações”, resumiu um embaixador da cúpula do Itamaraty.
Eduardo: ‘Eu aceitaria qualquer missão que o presidente me der’
A própria equipe do ministério, porém, não arrisca um palpite sobre como será recebida a notícia entre os diplomatas de carreira, que há meses trabalham com a hipótese de ascensão do número dois da embaixada em Washington, Nestor Foster, assumir a vaga que, hoje, formalmente, ainda é do embaixador aposentado Sérgio Amaral.
Foster, que aderiu desde cedo à campanha presidencial de Bolsonaro e é interlocutor do “guru” Olavo de Carvalho, que mora na Virgínia, nos EUA, foi recém-promovido a embaixador, ultrapassando dois postos na embaixada e assumindo a condição de embaixador em exercício com a vinda de Amaral de volta para o Brasil.
Não é inédito, nem mesmo estranho, que uma personalidade fora da carreira assuma embaixadas no exterior ou mesmo o cargo de chanceler. Os exemplos de políticos e empresários que já exerceram o papel de embaixador são muitos ao longo da história. Entretanto, essa prática sempre foi menos comum em Washington, posto número um da diplomacia e, portanto, em geral reservado a diplomatas de carreira.
Após a indicação oficial do nome de Eduardo Bolsonaro – o que ainda não foi feito -, ele terá que cumprir todas as etapas para a confirmação de embaixadores em postos no exterior. Uma delas, provavelmente a mais delicada, é passar por uma sabatina no Senado Federal, onde, aliás, há uma fila de mais de vinte embaixadores brasileiros esperando sua vez.
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