O prefeito de Florianópolis, Gean Loureiro (sem partido), deixou a sede da Polícia Federal da capital catarinense por volta das 20h30 desta terça-feira, 18, após ficar detido por quase 12 horas. Segundo a sua defesa, ele foi liberado após prestar depoimento.
Apesar da liberação, o prefeito segue afastado das suas funções por 30 dias, conforme determinado pelo Tribunal Regional Federal da 4.ª Região, continua com passaporte retido e não pode se comunicar com outros investigados.
Uma hora após a liberação, Loureiro concedeu entrevista coletiva no escritório de seus advogados e negou ser beneficiário de informações sigilosas sobre operações policiais. “Eu me sinto injustiçado”, afirmou. Disse ainda que vai recorrer das medidas cautelares impostas pelo TRF-4.
- Foto: Facebook/Gean LoureiroGean Loureiro
Segundo o advogado Diogo Pitsíca, que atua na defesa do prefeito, os delegados da PF concordaram com o entendimento da defesa de que não havia elementos para a manutenção da prisão. “A decisão do desembargador (Leandro Paulsen, do TRF-4) já previa essa possibilidade, de manter ou não o prefeito preso. Ficou entendido que não havia necessidade”, disse o defensor.
A PF disse que a Chabu mira “organização criminosa que violava sigilo de operações policiais, embaraçava investigações em curso e protegia o núcleo político em troca de vantagens financeiras e políticas”.
Ao todo, foram expedidos sete mandados de prisão temporária e 23 de busca e apreensão. Além do prefeito, também foram presos o delegado da PF Fernando Amaro de Moraes Caieron e o ex-secretário estadual da Casa Civil Luciano Veloso Lima, atualmente servidor da Assembleia Legislativa de Santa Catarina.
A investigação da PF apontou a formação de um grupo criminoso – composto por políticos, empresários e agentes da própria corporação e da Polícia Rodoviária Federal – que “vazava sistematicamente informações sobre operações policiais que ainda seriam deflagradas e também contrabandeava equipamentos de contrainteligência para montar ‘salas seguras’, à prova de monitoramento, em órgãos públicos e empresas”.
São investigados na Operação Chabu os crimes de associação criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva, violação de sigilo funcional, tráfico de influência e tentativa de interferir em investigação penal que envolva organização criminosa. A operação tem como base material apreendido durante outra operação, a Eclipse, de agosto do ano passado.
A PF afirmou que o nome da operação, “Chabu”, significa “dar problema, dar errado, falha no sistema”. “O termo é utilizado em festas juninas, quando falham fogos de artifício, e era empregado por alguns dos investigados para avisar da existência de operações policiais que viriam a acontecer”, disseram investigadores.
Com a palavra, a Prefeitura de Florianópolis
A prefeitura de Florianópolis informou, em nota, que Gean Loureiro concordou em prestar todas as informações e comparecer à PF para depor. “As informações preliminares dão conta de que não há nenhum ato ou desvio de recursos públicos relacionados à prefeitura”, afirmou um comunicado da assessoria de Loureiro.
Com a palavra, Fernando Caieron
A defesa não foi localizada. O espaço está aberto.
Com a palavra, Luciano Veloso Lima
A defesa não foi localizada. O espaço está aberto.
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