Um ato humanitário. É desta forma que o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), classificou o seu gesto de emprestar um jatinho próprio para transportar o ex-presidente Michel Temer do aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, até São Paulo, após deixar a corregedoria da Polícia Federal.
“Eu achei uma prisão injusta, foi um erro da Justiça. Por isso mesmo, ele foi solto. O que fiz foi um gesto humanitário. Estamos falando do ex-presidente da República, é um homem de 78 anos. Além disso, é o presidente do meu partido”, disse ao Estado.
O empréstimo do avião ocorreu na noite de segunda-feira, 25. Temer estava preso desde quinta-feira, 21. Novato na política, Ibaneis foi uma das maiores surpresas na disputa eleitoral de outubro de 2018. O advogado de 47 anos e ex-presidente regional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) mal aparecia nas pesquisas de intenção de votos, mas venceu com folga no segundo turno.
- Foto: Fátima Meira/Futura Press/Estadão ConteúdoIbaneis
À época, Ibaneis disse que, quando decidiu entrar para a política, primeiro procurou o PDT, mas sentiu que não haveria espaço para sua candidatura. Por isso, acabou na legenda de Michel Temer.
Questionado se não via contradição em se apresentar como o candidato da renovação e fazer parte de um grupo político tradicional, Ibaneis afirmou que procurou um lugar onde pudesse ter diálogo aberto com os demais partidos, além de precisar do tempo de televisão.
Considerado um dos padrinhos da candidatura de Ibaneis, o ex-vice-governador do DF e ex-assessor do presidente Michel Temer, Tadeu Filipelli (MDB), afirma que viu no advogado um “bom produto” que representava o desejo da sociedade por renovação na política.
Na terça, a Procuradoria da República em Brasília pediu à Justiça Federal que receba a denúncia contra o ex-presidente pelo suposto crime de corrupção passiva, envolvendo a mala de R$ 500 mil da J&F.
Segundo a denúncia oferecida à época, e ratificada pelo procurador da República Carlos Henrique Martins Lima, os pagamentos poderiam chegar ao patamar de R$ 38 milhões ao longo de nove meses. Com o fim do foro privilegiado de Temer, o processo foi remetido à primeira instância e tramita na 15ª Vara Federal, em segredo de Justiça.
Em abril de 2017, o então assessor do presidente Rodrigo Rocha Loures foi filmado em ação controlada da Polícia Federal recebendo uma mala com R$ 500 mil do executivo da J&F, Ricardo Saud.
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