Foi realizada, na manhã desta segunda-feira (28), na Assembleia Legislativa do Piauí, uma reunião entre os deputados e os presidentes do Sindicato dos Donos de Postos de Combustíveis, Alexandre Cavalcante, e da Associação Industrial do Piauí (AIP), Gilberto Pedrosa, para tratar da greve dos caminhoneiros que já está no oitavo dia. Participaram ainda representantes dos lojistas, dos transportadores rodoviários e de panificadores.
De acordo com Alexandre a reunião não foi proveitosa: “Eu não vi nenhuma solução desenrolar nessa reunião. Por enquanto nós continuamos do mesmo jeito que começamos. Pela manhã cerca de 2% dos postos do Estado tinham combustível. Acredito que no fim da tarde não tenha mais nenhum posto com combustível”, afirmou.
Motoristas continuam no Terminal de Petróleo em Teresina bloqueando a passagem de caminhões. “Se não houver uma intervenção, vai continuar parado. Dentro do terminal tem uma série de caminhoneiros que querem trabalhar e estão sendo ameaçados. Se eles saírem colocam fogo no carro, pedras. Eles não se sentem seguros em sair de lá, apesar de quererem trabalhar, eles não se sentem seguros para isso”, relatou o presidente.
- Foto: Cinara Taumaturgo/GP1Alexandre Cavalcante
“É prejuízo para todo mundo. É prejuízo para a nossa categoria, para o Estado, é prejuízo para a população. Se você for à Ceasa você vê um monte de feirante que está sem receber mercadoria. Então é em todo lugar. O prejuízo é geral”, declarou Alexandre.
Segundo Alexandre, não houve reivindicações: “Nós não tratamos de pedir para baixar imposto, nem nada. O que a gente veio pedir é que a lei seja cumprida. É que o direito de ir e vir seja garantido. Nós temos uma série de caminhoneiros que querem trabalhar e estão sendo proibidos de trabalhar por meia dúzia de grevistas extremistas”, criticou.
O empresário criticou o que ele chamou de excessos por parte dos manifestantes: “Tem o direito de greve que é legítimo, inclusive, o sindicato dos postos é simpático ao movimento. O problema é que estão acontecendo os excessos, alguns manifestantes estão depredando caminhões, ameaçando quem quer trabalhar. Eu, como cidadão, respeito o direito de greve, mas sabemos que o direito de um acaba quando começa o direito do outro. Quem quer trabalhar tem o direito de trabalhar”, enfatizou.
Gilberto Pedrosa, presidente da Associação Industrial do Piauí (AIP), é favorável ap greve: “Nós apoiamos no sentido de que a gente tem que pressionar o Governo para diminuir os impostos da gasolina também. Porque até agora eles diminuíram o imposto sobre o óleo diesel, atendendo os caminhoneiros. Mas, o imposto que incide a gasolina, de 31%, é um absurdo. Não cabe no bolso do povo uma alíquota dessa”, disparou.
Pedrosa criticou ainda o fato do governador Wellington Dias ter tentado impedir que a CIDE fosse zerada: “Vejam vocês que o Governo do Estado jogou a gasolina na fogueira quando entrou na Justiça Federal tentando impedir o Governo Federal de zerar a CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico). Isso é um absurdo, uma mensagem contrária ao que todos nós queremos”, criticou.
- Foto: Nayane MirandaReunião aconteceu na Alepi
“Hoje, no estado do Piauí, nós pagamos 31% de alíquota de ICMS da gasolina. É a alíquota mais alta do Brasil. Antes, o estado do Rio de Janeiro tinha uma alíquota de 34% e o governador do Estado baixou a alíquota. Hoje o Piauí é campeão”, disse.
O deputado Robert Rios também criticou o valor da alíquota: “O Rio de Janeiro, que passa por uma situação calamitosa, diminuiu porque é que o Piauí, que o governador fala que tá tudo bem, vai ficar em 31%? Isso não pode. É fácil arrecadar, mas é ruim para o povo. O povo não aguenta. Toda vez que você coloca um litro de combustível você paga só para o Governo Wellington Dias, R$ 1,36”, informou.
Ele também falou das medidas anunciadas pelo presidente Michel Temer: “Eu vi as medidas do Governo, mas agora eu quero ver na prática. Dono de posto que comprou combustível hoje descobriu que o combustível está mais caro do que ontem. Tem que saber quanto diminui na prática. Até agora não vi a prática”, relatou.
“O Governo está pedindo ao Congresso Nacional, à Câmara e ao Senado, que façam uma compensação através da tributação da folha das empresas. O Governo vai diminuir a carga tributária dos combustíveis e vai aumentar a carga tributária das empresas, ou seja, ele vai trocar seis por meia dúzia”, reprovou.
Para o deputado Dr. Hélio, o Brasil passa por uma situação muito grave: “Nós temos um Governo absolutamente desacreditado, um Governo que não está conectado com as necessidades da população e criou realmente esse ambiente desastroso, porque tivemos em poucos dias mais de dez aumentos nos combustíveis e colocando uma situação de muito estresse, no que se refere à democracia”.
“A Reforma Tributária é mais que urgente, mais que necessária”, defendeu o parlamentar que completou: “A população não aguenta mais ser sufocada com tanta cobrança de impostos sem ter a troca, que é exatamente segurança, saúde, educação na qualidade que ela merece.
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