O ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato do PDT à Presidência da República, afirmou neste domingo (21), no Facebook, que torce para que o ex-presidente Lula seja inocentado no julgamento de seu recurso pelo Tribunal Regional Federal (TRF4), na próxima quarta-feira (24). No entanto, Ciro disse que não acredita em conspiração do Judiciário para tirar o petista da disputa eleitoral, como alegam o petista e seus apoiadores.
Segundo a Veja, Ciro foi o único pré-candidato identificado com a esquerda que não assinou um manifesto proposto pelo PT que defende que “eleição sem Lula é fraude”. Manuela D´Ávila (PCdoB) e Guilherme Boulos (PSOL), que também são pré-candidatos, assinaram o documento.
- Foto: Omar de Oliveira/FotoArena/Estadão ConteúdoCiro Gomes
Lula recorre da sentença, dada pelo juiz Sérgio Moro, da qual foi condenado a nove anos e meio de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro por ser o proprietário oculto de um tríplex no Guarujá, que teria sido dado a ele pela empresa OAS em troca de favores na Petrobras. O petista nega e acusa Moro de ser parcial e ter conduzido o processo contra ele como uma “inquisição”.
“Torço para que seu recurso seja reconhecido pelo tribunal regional, órgão de segunda instância da Justiça Federal, e ele [Lula] seja declarado inocente”, afirmou Ciro que completou: “O Judiciário brasileiro, assim como os outros poderes de nossa frágil República, tem graves defeitos – nunca me abstive de criticá-los -, mas imaginá-lo parte orgânica de uma conspiração política ofende a inteligência média do país e, pior, a consequência inevitável desta constatação teria desdobramentos tão graves que a um democrata e republicano só restaria a insurgência revolucionária. Não creio, definitivamente nisto.”
Apesar disso, Ciro criticou o Judiciário em relação ao PSDB. “É definitivamente constrangedor e inexplicável que nenhum quadro relevante do PSDB esteja preso apesar de fartas e robustas evidências de seu orgânico e ancestral envolvimento em corrupção”.
“O que quero dizer nesta hora crítica é que, apesar de seus graves problemas, a Justiça brasileira ainda deve merecer o respeito institucional da nação. O oposto é a baderna, a anarquia e, evidentemente, a violência”, afirmou.
Para o ex-ministro, o TRF4 deve compreender “a transcendência de sua decisão”: “Que, independentemente de pressões legítimas ou espúrias, afirme a Justiça! Que tenha a força moral de afirmar a inocência de Lula no processo em questão, se, como eu, não vislumbrar clara a sua culpa. Que dê evidências incontestáveis de sua culpa, caso assim entenda, de maneira que a qualquer do povo não reste dúvidas e, assim, possa a nação afirmar como o injustiçado alemão: há juízes em Berlim. E, apesar de tudo, também no nosso sofrido Brasil”.
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