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Política

Michel Temer diz que vai ao STF pedir suspensão de inquérito

Temer finalizou relembrando que não pretende renunciar ao cargo de presidente.  “O Brasil não sairá dos trilhos, eu continuarei à frente do governo”.

O presidente Michel Temer (PMDB) fez outro pronunciamento na tarde deste sábado (20) comentando a notícia de que haveria ocorrido edição no áudio de sua conversa com Joesley Batista, do grupo JBS e que o delatou na Operação Lava Jato.

Temer afirmou que a gravação foi manipulada e que vai ao Supremo Tribunal Federal (STF) para pedir que seja suspenso o inquérito aberto contra ele após a delação. “Em registro, eu li hoje notícia do jornal Folha de São Paulo de que perícia constatou que houve edição no áudio de minha conversa com o senhor Joesley Batista. Essa gravação clandestina, é o que diz, foi manipulada e adulterada com objetivos nitidamente subterrâneos. Incluída no inquérito sem a devida e adequada averiguação, levou muitas pessoas ao engano induzido e trouxe grave crise ao Brasil. Por isso, no dia de hoje estamos entrando com petição no Supremo Tribunal Federal para suspender o inquérito proposto até que seja verificada em definitivo a autenticidade da gravação clandestina”.


  • Foto: Dida Sampaio/Estadão ConteúdoMichel TemerMichel Temer

Aval para pagamento a Cunha

O presidente alegou que sua frase, “Tem que manter isso, viu”, que está sendo ligada como apoio à afirmação de Joesley de que ele pagava o ex-deputado Eduardo Cunha foi interpretada de maneira errada e que na verdade se referia à afirmação de que o empresário e Cunha possuíam uma boa relação.

"Devo até registrar que é interessante quando os senhores examinam o seu depoimento [de Joesley] e o áudio, os senhores verificam que a conexão de uma sentença à outra não é conexão de quem diz ‘olha, eu estou comprando o silêncio de um ex-deputado e estou dando tanto a ele’, não. A conexão é com a frase ‘eu me dou muito bem com o ex-deputado, mantenho uma boa relação’ e eu disse ‘mantenha isso, viu’. Eu enfatizo muito o viu", afirmou o presidente.

Michel Temer fez várias críticas a Joesley. “Há muitas mentiras espalhadas em seu depoimento. Lembrem da acusação em que eu dera aval para comprar o silêncio de um ex-deputado. Não existe isso na gravação. Mesmo tendo sido ela adulterada. E não existe porque nunca comprei o silêncio de ninguém. Não obstruí a Justiça e não fiz nada contra a ação do Judiciário. Falo aqui só de um dos pontos de contradição e incoerência. Ou seja, houve falso testemunho à Justiça. Chegam ao desplante de me atribuir falas, frases ou senhas ou palavras chulas que jamais cometeria. Atentam contra o meu vocabulário e minha inteligência”, afirmou. Temer finalizou relembrando que não pretende renunciar ao cargo de presidente e que “o Brasil não sairá dos trilhos, eu continuarei à frente do governo”.

Confira na íntegra o pronunciamento:


"Em registro, eu li hoje notícia do jornal Folha de São Paulo de que perícia constatou que houve edição no áudio de minha conversa com o senhor Joesley Batista. Essa gravação clandestina, é o que diz, foi manipulada e adulterada com objetivos nitidamente subterrâneos. Incluída no inquérito sem a devida e adequada averiguação, levou muitas pessoas ao engano induzido e trouxe grave crise ao Brasil. Por isso, no dia de hoje estamos entrando com petição no Supremo Tribunal Federal para suspender o inquérito proposto até que seja verificada em definitivo a autenticidade da gravação clandestina. O autor do grampo está livre e solto, passeando pelas ruas de Nova Iorque.

O Brasil, que já tinha saído da mais grave crise econômica de sua história, vive agora dias de incerteza. Ele não passou nem um dia na cadeia, não foi preso, não foi julgado, não foi punido e pelo jeito não será. Cometeu, digamos assim, o crime perfeito. Graças a essa gravação fraudulenta e manipulada, especulou contra a moeda nacional. A notícia foi vazada seguramente por gente ligada ao grupo empresarial que antes de entregar a gravação comprou 1 bilhão de dólares porque sabia que isso provocaria o caos no câmbio. Sabendo que a divulgação da gravação também reduziria o valor das ações de sua empresa, ascendeu antes da queda da bolsa. Não são palavras minhas apenas, esses fatos já estão sendo apurados pela Comissão de Valores Mobiliários.

A JBS, meus senhores e minhas senhoras, lucrou milhões e milhões de dólares em menos de 24 horas. Esse senhor, nos dois últimos governos, teve empréstimos milionários no BNDES para fazer avançar os seus negócios. Prejudicou o Brasil, enganou os brasileiros e agora mora nos Estados Unidos. Quero aqui observar a todos vocês aquilo que alguns da imprensa já notaram. As incoerências entre o áudio e o teor do seu depoimento. Isso compromete a lisura de todo o processo por ele desencadeado.

O que ele fala em seu depoimento não está no áudio. E o que está no áudio demonstra que ele estava insatisfeito com o meu governo. Reclamações contra o ministro da Fazenda, contra o Cade, contra o BNDES. Essa é a prova cabal de que meu governo não estava aberto a ele. E no caso, convenhamos, o caso central de sua delação fica patente o fracasso de sua ação. O Cade não decidiu a questão solicitada por ele. O governo não atendeu a seus pedidos. Não se sustenta então a acusação pífia de corrupção passiva. E não foi só o Cade. O BNDES mudou no meu governo. A presidente Maria Silvia moralizou o BNDES, botou ordem na casa e tem meu respeito e meu respaldo para fazê-lo assim como Pedro Parente o fez na Petrobras.

Estamos acabando com os velhos tempos das facilidades aos oportunistas e isso, meus amigos, incomoda muito. Há quem queira me tirar do governo para voltar aos tempos em que faziam tudo que queriam com dinheiro público e não prestavam contas a ninguém. Quebraram o Brasil e ficaram ricos. Voltando ao grampo, reparem, nos diálogos do grampo, suas dificuldades. Simplesmente a ouvi. Nada fiz para que ele obtivesse beneficies do governo. Não há crime, meus amigos, em ouvir reclamações e me livrar do interlocutor indicando outra pessoa para ouvir as suas lamúrias. E confesso que ouvi à noite, como ouço muitos empresários, políticos, trabalhadores, intelectuais e pessoas de diversos setores da sociedade brasileira. Do Palácio do Planalto, Jaburu, do Alvorada e em São Paulo. Trabalho, acho que os senhores sabem, rotineiramente até meia-noite ou mais. E falo até com pessoas da imprensa. Com pessoas da imprensa já falei em horas avançadas. Muitos sabem disso porque que falaram comigo ao telefone ou até pessoalmente. Nada demais há nisso. Mas é bom ouvir uma versão do que dizem as pessoas e muito do que foi dito nos depoimento dos senhores Joesley e Ricardo provam apenas falta de sintonia, abundante divergência. O primeiro fala em buscar uma forma de interlocução comigo pois, não a tinha. Já o segundo fala que era meu interlocutor frequente. Há muitas mentiras espalhadas em seu depoimento.

Lembrem da acusação em que eu dera aval para comprar o silêncio de um ex-deputado. Não existe isso na gravação. Mesmo tendo sido ela adulterada. E não existe porque nunca comprei o silêncio de ninguém. Não obstruí a Justiça e não fiz nada contra a ação do Judiciário. Falo aqui só de um dos pontos de contradição e incoerência. Ou seja, houve falso testemunho à Justiça. Chegam ao desplante de me atribuir falas, frases ou senhas ou palavras chulas que jamais cometeria. Atentam contra o meu vocabulário e minha inteligência. Tenho crença nas instituições brasileiras e nos seus integrantes. Devo até registrar que é interessante quando os senhores examinam o seu depoimento e o áudio, os senhores verificam que a conexão de uma sentença à outra não é conexão de quem diz ‘olha, eu estou comprando o silêncio de um ex-deputado e estou dando tanto a ele’, não.

A conexão é com a frase ‘eu me dou muito bem com o ex-deputado, mantenho uma boa relação’ e eu disse ‘mantenha isso, viu’, eu enfatizo muito o viu. E por isso mesmo eu devo dizer que não acreditei na narrativa do empresário de que teria segurado juízes e etecetera. Ele é um conhecido falastrão, exagerado. Aliás, depois do depoimento quando conferiu disse que havia inventado essa história, que não era verdadeira, ou seja, era fanfarronice que ele utilizava naquele momento. Eu quero pontuar que houve grande planejamento para realizar esse grampo. Depois houve uma montagem e uma ação deliberada para criar um flagrante e incriminasse alguns e não os criminosos que fugiram para o exterior em absoluta segurança.

O Brasil, meus senhores, exige que se continue no caminho da recuperação econômica que traçamos para botar o país nos trilhos. Já recuperamos o PIB, acabamos com a recessão, reduzimos a inflação, derrubamos a taxa de juros e estamos gerando emprego, liberamos mais de 40 milhões de reais para os trabalhadores brasileiros. Estamos completando as reformas para modernizar o estado brasileiro. Meu governo, senhores, tem rumo. Acho que hoje os senhores e as senhoras são testemunhas deste fato e sabem do que foi dito, volto a dizer, no áudio está sendo impugnado, ouso até mencionar que houve mais de 50 edições nesse áudio, tenta macular não só a reputação moral do presidente da república mas tenta invalidar o nosso país. Mas eu digo com toda segurança, o Brasil não sairá dos trilhos, eu continuarei à frente do governo. Obrigado, meus senhores.”

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