Trechos das obras de estruturação turística no município de Coronel José Dias (550 km de Teresina), grande parte delas ainda paralisadas, terão que ser refeitas em função da péssima qualidade do material utilizado. Apesar das obras que estão sendo feitas para receber os turistas que visitam o Parque Nacional Serra da Capivara não terem sido concluídas, os bloquetes assentados pelos funcionários da construtora Fênix em parte da pavimentação na frente dos quiosques da avenida Juscelino Kubitschek, já estão se desmanchando e não foram aprovados pela fiscalização do projeto.
Na zona urbana da cidade, onde fica a maior parte das obras – urbanização, canteiros, quiosques, sanitários e outras – os serviços estão completamente paralisados desde os últimos meses de 2010. Ontem, segunda-feira, 18 de julho, no início da tarde, quando a reportagem esteve no município, cerca de 10 funcionários tinham acabado de chegar ao local e estavam varrendo e limpando as calçadas, tudo sob a coordenação do pedreiro encarregado, José Henrique, de 55 anos.
Natural de São João do Piauí, cidade vizinha a Coronel José Dias, José Henrique explicou que esses funcionários estavam trabalhando nas obras da praça do bairro São Pedro, onde parte delas, também terão que ser refeitas, e foram deslocados ontem para o trecho da avenida Juscelino Kubitschek com o objetivo de limpar o local, pois hoje, uma equipe da empresa Fênix e da Secretaria Estadual de Turismo (Setur), estaria chegando à cidade para analisar o projeto e, quem sabe, autorizar o reinício das obras.
Nos serviços da praça do bairro São Pedro, o trecho mais adiantado do projeto, apenas um pedreiro e dois ajudantes trabalhavam ontem no local. Eles são encarregados de fazer o piso da praça. Sob a coordenação do mestre de obras Lindomar de Sousa, de 47 anos, eles
faziam a aplicação dos bloquetes. Lindomar, que mora em São Raimundo Nonato, foi subcontratado pela construtora Fênix para esse serviço e explicou que seus ajudantes se queixam dos constantes atrasos nos pagamentos e que os serviços só não estão mais adiantados porque constantemente ficam paralisados pela falta de material, como cimento e bloquetes.
Já os funcionários contratados pela própria construtora Fênix também reclamam dos constantes atrasos nos pagamentos. Para o auxiliar Lourival Pereira, de 57 anos, que trabalha na obra desde o ano passado, os atrasos costumam demorar, em média, uns 8 dias a cada
quinzena. “O que vem já é pequeno e quando eles atrasam, piora a nossa situação. Preciso do emprego mais é muito ruim chegar no dia do pagamento e não receber”, desabafou.
Elusardo Silva Damasceno, de 35 anos, que também trabalha na obra como auxiliar de pedreiro, explicou que parte do piso vai ter que ser substituído, pois a fiscalização não aprovou o resultado do serviço. No momento em que conversamos com ele, o trabalhador estava utilizando uma máscara dessas usadas em hospitais, pois seus lábios estavam machucados. A máscara foi comprada por ele, pois a empresa não fornece material de proteção individual, conhecidos como EPI, uma exigência do Ministério do Trabalho em algumas obras.
No começo desse ano, um grupo de funcionários da construtora Fênix que trabalham nas obras em Coronel Jose Dias, decidiu ingressar na Justiça do Trabalho para receber seus vencimentos e direitos trabalhistas. Eles alegam que a empresa paralisou os serviços no final do ano passado, no entanto, não deu baixa nas carteiras de trabalho nem fez a devida recissão contratual, uma exigência legal. O caso ainda aguarda uma decisão final, no entanto, conforme explicou a reportagem o encarregado José Henrique, os funcionários que não ingressaram na justiça já receberam os pagamentos atrasados e grande parte deles continua trabalhando na obra.
População cobra finalizaçãod a obra
Parte da população da zona urbana de Coronel Jose Dias demonstra saber a importância dessas obras para o desenvolvimento do turismo no município, no entanto, esses mesmos moradores cobram a finalização, o mais rápido possível, dos serviços. Um exemplo é o caso de Ana Cristina, de 33 anos, mãe de 4 filhos, e que mora no bairro São Pedro. Para ela, o ideal era que a obra tivesse sido “iniciada e concluída”.
Cristina nasceu numa casa em frente à praça do São Pedro e garante que cuida da obra como uma fiscal. “Fico de olho nos bichos (cabras, bodes, jumentos e vacas) para que eles não danifiquem nada do que já foi feito”, explica. Ela sugere que se cada morador ficasse
responsável pelas mudas de árvores que deveriam ser plantadas no lugar, vigiando e regando, as plantas já estariam bem grandes. Porém, para ela, “eles (políticos) vão esperar terminar tudo para plantar as árvores. Eu acho que isso já deveria ter sido feito”, ensina.
Ana Cristina diz que ver a praça concluída sempre foi seu maior sonho desde criança, e que ainda hoje, mesmo com a área em obras, diariamente várias crianças brincam no local, inclusive seus filhos. “Imaginem se ela já estivesse concluída”, sorrir. Ela cita um ditado popular que diz: vou quebrar castanha na sua boca, numa alusão a sua descrença na finalização das obras. “Não acredito que eles terminam nesse ano, pois todo mês é um faz e desmancha sem fim”. (AP).
Governado foi avisado do atraso das obras
Para o vice-prefeito de Coronel José Dias, Expedito Rodrigues Nascimento (PTB), as obras serão reiniciadas e concluídas. Ontem, quando nossa reportagem estava na cidade, ele fez questão de aparecer nas imagens para confirmar a retomada das obras na avenida Juscelino
Kubitschek. “Sei que ainda falta muito, e que algumas partes da obra terão que ser refeitas, no entanto, ninguém pode dizer que não estamos cobrando dos responsáveis”, afirmou.
Ele explica que um exemplo disso, é que algumas semanas atrás, durante a visita do governador Wilson Martins (PSB), ao Parque Nacional Serra da Capivara, uma comitiva da prefeitura de Coronel José Dias, formada por ele, pelo prefeito Alencar Pereira (PTB) e pelo secretário de turismo do município, Jorlam da Silva Oliveira, sugeriram pessoalmente
ao governador, o cancelamento de sua visita agendada para acontecer durante os festejos da cidade, no final do último mês de junho, pois a obra da praça do bairro São Pedro, não estaria finalizada à tempo de ser inaugurada”, assegurou.
Expedito Nascimento confirmou que o governador reafirmou seu compromisso de retornar à cidade quando as obras estiverem sido concluídas, coisa que ele acredita que deva acontecer nos próximos meses. “Eu acho que a praça do São Pedro será terminada agora no mês de agosto, pois os serviços estão bem adiantados. Já a parte da avenida Juscelino Kubitschek ainda deve demorar alguns meses pois parte das obras serão refeitas”.
As obras em Coronel José Dias fazem parte de três projetos diferentes, com recursos dos governos federal e estadual, todos na área do turismo, com verbas do Ministério do Turismo e da Secretaria Estadual de Turismo (Setur). Os projetos foram elaborados e os serviços iniciados ainda durante o segundo mandato do ex-governador Wellington Dias (PT). Existem suspeitas não confirmadas de que a empresa Fênix pertence a um sobrinho do ex-governador.
Além da praça do bairro São Pedro, o projeto abrange a urbanização da avenida Juscelino Kubitschek com a construção de 8 quiosques com espaços para gastronomia e venda de artesanatos; uma área com 20 banheiros; além da completa estruturação dos prédios, iluminação, pavimentação da área e jardins. No total, as obras superam os R$ 2 milhões, parte desses recursos oriundos de uma emenda parlamentar de autoria do deputado federal José Francisco Paes Landim (PTB). (AP).
Imagem: André Pessoa/GP1Obras na praça do São Pedro
Na zona urbana da cidade, onde fica a maior parte das obras – urbanização, canteiros, quiosques, sanitários e outras – os serviços estão completamente paralisados desde os últimos meses de 2010. Ontem, segunda-feira, 18 de julho, no início da tarde, quando a reportagem esteve no município, cerca de 10 funcionários tinham acabado de chegar ao local e estavam varrendo e limpando as calçadas, tudo sob a coordenação do pedreiro encarregado, José Henrique, de 55 anos.
Natural de São João do Piauí, cidade vizinha a Coronel José Dias, José Henrique explicou que esses funcionários estavam trabalhando nas obras da praça do bairro São Pedro, onde parte delas, também terão que ser refeitas, e foram deslocados ontem para o trecho da avenida Juscelino Kubitschek com o objetivo de limpar o local, pois hoje, uma equipe da empresa Fênix e da Secretaria Estadual de Turismo (Setur), estaria chegando à cidade para analisar o projeto e, quem sabe, autorizar o reinício das obras.
Imagem: André Pessoa/GP1José Henrique
Nos serviços da praça do bairro São Pedro, o trecho mais adiantado do projeto, apenas um pedreiro e dois ajudantes trabalhavam ontem no local. Eles são encarregados de fazer o piso da praça. Sob a coordenação do mestre de obras Lindomar de Sousa, de 47 anos, eles
faziam a aplicação dos bloquetes. Lindomar, que mora em São Raimundo Nonato, foi subcontratado pela construtora Fênix para esse serviço e explicou que seus ajudantes se queixam dos constantes atrasos nos pagamentos e que os serviços só não estão mais adiantados porque constantemente ficam paralisados pela falta de material, como cimento e bloquetes.
Já os funcionários contratados pela própria construtora Fênix também reclamam dos constantes atrasos nos pagamentos. Para o auxiliar Lourival Pereira, de 57 anos, que trabalha na obra desde o ano passado, os atrasos costumam demorar, em média, uns 8 dias a cada
quinzena. “O que vem já é pequeno e quando eles atrasam, piora a nossa situação. Preciso do emprego mais é muito ruim chegar no dia do pagamento e não receber”, desabafou.
Elusardo Silva Damasceno, de 35 anos, que também trabalha na obra como auxiliar de pedreiro, explicou que parte do piso vai ter que ser substituído, pois a fiscalização não aprovou o resultado do serviço. No momento em que conversamos com ele, o trabalhador estava utilizando uma máscara dessas usadas em hospitais, pois seus lábios estavam machucados. A máscara foi comprada por ele, pois a empresa não fornece material de proteção individual, conhecidos como EPI, uma exigência do Ministério do Trabalho em algumas obras.
No começo desse ano, um grupo de funcionários da construtora Fênix que trabalham nas obras em Coronel Jose Dias, decidiu ingressar na Justiça do Trabalho para receber seus vencimentos e direitos trabalhistas. Eles alegam que a empresa paralisou os serviços no final do ano passado, no entanto, não deu baixa nas carteiras de trabalho nem fez a devida recissão contratual, uma exigência legal. O caso ainda aguarda uma decisão final, no entanto, conforme explicou a reportagem o encarregado José Henrique, os funcionários que não ingressaram na justiça já receberam os pagamentos atrasados e grande parte deles continua trabalhando na obra.
População cobra finalizaçãod a obra
Parte da população da zona urbana de Coronel Jose Dias demonstra saber a importância dessas obras para o desenvolvimento do turismo no município, no entanto, esses mesmos moradores cobram a finalização, o mais rápido possível, dos serviços. Um exemplo é o caso de Ana Cristina, de 33 anos, mãe de 4 filhos, e que mora no bairro São Pedro. Para ela, o ideal era que a obra tivesse sido “iniciada e concluída”.
Imagem: André Pessoa/GP1Ana Cristina e seu filho
Cristina nasceu numa casa em frente à praça do São Pedro e garante que cuida da obra como uma fiscal. “Fico de olho nos bichos (cabras, bodes, jumentos e vacas) para que eles não danifiquem nada do que já foi feito”, explica. Ela sugere que se cada morador ficasse
responsável pelas mudas de árvores que deveriam ser plantadas no lugar, vigiando e regando, as plantas já estariam bem grandes. Porém, para ela, “eles (políticos) vão esperar terminar tudo para plantar as árvores. Eu acho que isso já deveria ter sido feito”, ensina.
Ana Cristina diz que ver a praça concluída sempre foi seu maior sonho desde criança, e que ainda hoje, mesmo com a área em obras, diariamente várias crianças brincam no local, inclusive seus filhos. “Imaginem se ela já estivesse concluída”, sorrir. Ela cita um ditado popular que diz: vou quebrar castanha na sua boca, numa alusão a sua descrença na finalização das obras. “Não acredito que eles terminam nesse ano, pois todo mês é um faz e desmancha sem fim”. (AP).
Governado foi avisado do atraso das obras
Para o vice-prefeito de Coronel José Dias, Expedito Rodrigues Nascimento (PTB), as obras serão reiniciadas e concluídas. Ontem, quando nossa reportagem estava na cidade, ele fez questão de aparecer nas imagens para confirmar a retomada das obras na avenida Juscelino
Kubitschek. “Sei que ainda falta muito, e que algumas partes da obra terão que ser refeitas, no entanto, ninguém pode dizer que não estamos cobrando dos responsáveis”, afirmou.
Ele explica que um exemplo disso, é que algumas semanas atrás, durante a visita do governador Wilson Martins (PSB), ao Parque Nacional Serra da Capivara, uma comitiva da prefeitura de Coronel José Dias, formada por ele, pelo prefeito Alencar Pereira (PTB) e pelo secretário de turismo do município, Jorlam da Silva Oliveira, sugeriram pessoalmente
ao governador, o cancelamento de sua visita agendada para acontecer durante os festejos da cidade, no final do último mês de junho, pois a obra da praça do bairro São Pedro, não estaria finalizada à tempo de ser inaugurada”, assegurou.
Expedito Nascimento confirmou que o governador reafirmou seu compromisso de retornar à cidade quando as obras estiverem sido concluídas, coisa que ele acredita que deva acontecer nos próximos meses. “Eu acho que a praça do São Pedro será terminada agora no mês de agosto, pois os serviços estão bem adiantados. Já a parte da avenida Juscelino Kubitschek ainda deve demorar alguns meses pois parte das obras serão refeitas”.
Imagem: André Pessoa/GP1Obras na praça São Pedro
As obras em Coronel José Dias fazem parte de três projetos diferentes, com recursos dos governos federal e estadual, todos na área do turismo, com verbas do Ministério do Turismo e da Secretaria Estadual de Turismo (Setur). Os projetos foram elaborados e os serviços iniciados ainda durante o segundo mandato do ex-governador Wellington Dias (PT). Existem suspeitas não confirmadas de que a empresa Fênix pertence a um sobrinho do ex-governador.
Imagem: André Pessoa/GP1Obras paralisadas
Além da praça do bairro São Pedro, o projeto abrange a urbanização da avenida Juscelino Kubitschek com a construção de 8 quiosques com espaços para gastronomia e venda de artesanatos; uma área com 20 banheiros; além da completa estruturação dos prédios, iluminação, pavimentação da área e jardins. No total, as obras superam os R$ 2 milhões, parte desses recursos oriundos de uma emenda parlamentar de autoria do deputado federal José Francisco Paes Landim (PTB). (AP).
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