O Congresso Nacional, sob nova liderança, aumenta a pressão sobre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para que realize mudanças ministeriais e libere emendas parlamentares, visando garantir a aprovação de projetos essenciais, como o Orçamento de 2025, antes do Carnaval. Com a popularidade de Lula em queda, o governo enfrenta resistência tanto na Câmara, comandada por Hugo Motta (Republicanos-PB), quanto no Senado, liderado por Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Partidos aliados aproveitam a crise para exigir maior influência no Planalto, enquanto o presidente busca estratégias para recuperar a governabilidade, incluindo diálogo com o Supremo Tribunal Federal (STF).

A relação entre o Executivo e o Legislativo está tensionada, especialmente após o bloqueio de emendas parlamentares pelo ministro do STF Flávio Dino, que alegou falta de transparência. Alcolumbre, em discurso indireto, criticou a decisão, defendendo o respeito às prerrogativas do Legislativo. O novo presidente do Senado é visto como um mediador para destravar os repasses, mas também pressiona por mudanças no governo, como a possível saída de Alexandre Silveira (PSD) do Ministério de Minas e Energia. Enquanto isso, Lula tenta equilibrar as demandas do Congresso com a necessidade de manter a base aliada.

Foto: José Cruz/Agência Brasil
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva

Internamente, o governo enfrenta críticas de líderes partidários, como Gilberto Kassab (PSD), que classificou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como "fraco". Outros, como Marcos Pereira (Republicanos) e Ciro Nogueira (PP), também expressaram insatisfação. O deputado Danilo Forte (União Brasil-CE) destacou a necessidade de o governo recuperar credibilidade por meio de diálogo e entregas concretas, afirmando que "ninguém quer entrar em barco afundando". A pressão por resultados é crescente, especialmente diante da alta dos preços dos alimentos, da crise do Pix e do aumento dos juros, que impactam a popularidade de Lula.

No plano estratégico, Lula busca uma nova abordagem de comunicação, liderada por Sidônio Palmeira, para aproximar-se tanto do público quanto do Congresso. Paralelamente, o governo tenta avançar com projetos prioritários, como a isenção de Imposto de Renda para rendimentos de até R$ 5 mil mensais e medidas para conter a inflação dos alimentos. No entanto, internamente, há reconhecimento de atrasos na resposta à crise. A nomeação de Gleisi Hoffmann para a Secretaria-Geral da Presidência reforça a tentativa de alinhar as ações do PT com as demandas do governo.

Enquanto isso, o ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), negocia sua filiação ao MDB e é cotado por Lula para concorrer ao governo de Minas Gerais em 2026. No entanto, Pacheco hesita diante do crescimento do apoio a Jair Bolsonaro (PL) no estado. O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), defende maior transparência na aplicação dos recursos públicos, mas admite que o valor das emendas é alto e que o governo ainda não apresentou muitos projetos prioritários ao Congresso.