O Corregedor Geral da Polícia Civil do Piauí, delegado Emir Maia Martins Neto, está sendo processado na Justiça por supostos crimes de abuso de autoridade e ameaça, ocorridos entre os anos de 2013 e 2015, contra uma nutricionista com a qual teria tido um relacionamento amoroso.
A denúncia foi protocolada pelo Ministério Público do Piauí, através do Grupo de Atuação Especial no Controle Externo da Atividade Policial (GACEP), em 2018, que investigou o caso. Caso seja condenado, o delegado poderá pegar até cinco anos de cadeia.
Denúncia
De acordo com o Ministério Público, o delegado Emir Maia conheceu a vítima em 2013, quando a mesma procurou o 12º Distrito Policial para registrar um Boletim de Ocorrência e, desde então, os dois começaram a se relacionar, mesmo ela sendo casada. A partir disso, a vítima passou a frequentar a delegacia e era apresentada como estagiária do delegado nos distritos policiais por onde ele passou (8º DP, 11º DP e 21º DP).
- Foto: Helio Alef/GP1Corregedor Geral da Polícia Civil do Piauí, delegado Emir Maia
Conforme denúncia do MP, em junho do ano de 2013, o delegado Emir Maia realizou uma diligência no município de Santa Quitéria, no estado do Maranhão, a fim de apreender um veículo que havia sido furtado em Teresina e, na ocasião, a mulher o acompanhou na condição de estagiária, mesmo não possuindo nenhuma relação de trabalho com a Secretaria de Segurança Pública do Piauí. Ao retornarem do município, os dois acabaram se hospedando na cidade de São Bernardo. A viagem, inclusive com o pagamento de diárias pela Delegacia Geral, foi comprovada pelo Grupo de Atuação Especial no Controle Externo da Atividade Policial (GACEP), que atestou a presença da mulher, fato confirmado pela proprietária do veículo furtado, que havia se dirigido até o município de Santa Quitéria-MA para reaver o automóvel.
Ameaça e prisão
Narra a denúncia ainda que, em setembro de 2014, quando não estavam mais juntos, o delegado Emir Maia, na companhia de policiais civis, foram até o condomínio da mulher com a finalidade de conversar com seu marido, no entanto, seu acesso não foi permitido. No mês seguinte, a mulher se dirigiu até o local de trabalho do marido para buscá-lo e teria sido abordada pelo delegado, que alegou que iria apreender seu veículo, pois ela estava o conduzindo sem carteira de habilitação, e a encaminhou para a Central de Flagrantes de Teresina.
Ainda conforme denúncia do MP, no dia 10 de novembro de 2015, o delegado teria ido até o condomínio da vítima, que estava deixando o local, e na frente de seu veículo teria apontado uma arma de fogo para ela, que acelerou e o delegado acabou saindo da frente do carro. Em ato contínuo, ela procurou a Central de Flagrantes de Teresina e foi instruída a registrar o fato no 12º DP, onde acabou se deparando com o delegado Emir Maia, que, segundo a denúncia, a algemou e a conduziu para a Central de Flagrantes em uma viatura da Polícia Militar, sob alegação de tentativa de homicídio. Ela acabou sendo liberada, após assinar um Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO).
- Foto: Brunno Suênio/GP1Ministério Público do Piauí
O Grupo de Atuação Especial no Controle Externo da Atividade Policial (GACEP) apurou que na ocasião da apreensão do veículo da vítima, ocorrida em outubro de 2014, o delegado Emir Maia era responsável pela Delegacia de Direitos Humanos e que quando da prisão da mulher realizada no 12º Distrito Policial, o delegado não respondia pelo expediente do 12º DP, estando sua conduta considerada ilegal nos dois casos.
Audiência de Instrução e Julgamento
Na próxima sexta-feira (31), ocorrerá a última audiência no processo na tentativa de ouvir um conselheiro do Tribunal de Contas arrolado como testemunha de defesa, mas que não compareceu a nenhuma das outras duas audiências em que foi instado.
Outro lado
Procurado pelo GP1, nesta quarta-feira (29), o delegado Emir Maia não foi localizado para comentar o caso.
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