Dados divulgados na última terça-feira (28) pela Secretaria de Segurança Pública do Piauí mostram que 87% das vítimas de feminicídio no estado não haviam registrado Boletim de Ocorrência contra o agressor e 90% delas não possuíam medida protetiva. Os números retratam a natureza do aumento do feminicídio em 2024, que registrou 38 casos, um crescimento 42,9% em relação ao ano de 2023.
Em entrevista ao GP1 , a delegada Bruna Fontenele , que está à frente da Diretoria de Proteção à Mulher e aos Grupos Vulneráveis (DPMGV) da Polícia Civil do Piauí , relatou a importância da comunicação dos atos de violência contra a mulher, sobretudo, à Polícia Civil, para que se dê início às investigações e os agressores sejam responsabilizados.
“A gente está colocando a maior quantidade possível de ferramentas, de instrumentos para as mulheres denunciarem: Boletim de Ocorrência on-line, medida produtiva on-line, que a vítima consegue fazer da sua própria casa, do seu celular. O Tribunal de Justiça tem um aplicativo, que se chama Julia, onde você pede medida protetiva via WhatsApp, ou seja, muito simples, pelo seu celular, tudo isso no sentido de oportunizar às vítimas que cheguem até nós, que cheguem à Polícia, à Justiça, que cheguem até a rede de apoio. Mas a gente tem que encorajar essas vítimas, temos que ser a sociedade que incentiva a vítima a romper a violência e ampará-la. Então, esses números ressaltam a importância das denúncias. 89% das vítimas não tinham medidas protetivas de urgência, 86% das vítimas não tinham um Boletim de Ocorrência contra o agressor, então é muito importante denunciar. Se a vítima ainda não consegue denunciar, alguém pode incentivá-la, um amigo, um vizinho, um colega de trabalho, lembrando que a gente recebe denúncias anônimas, também”, frisou a delegada Bruna Fontenele.
Apenas 13% das mulheres registraram B.O contra agressor
Por ocorrer na esfera privada, parte dos crimes de violência contra a mulher no contexto doméstico não chegam ao conhecimento dos órgãos da Segurança Pública.
O levantamento produzido pela Secretaria de Segurança Pública do Piauí revela que dos 38 feminicídios registrados, 71% dos agressores foram presos em flagrante ou preventivamente, enquanto 15,79% vieram a óbito e 13,16% ainda estão com a situação sob apuração.
Saiba como denunciar
A diretoria de Proteção à Mulher e aos Grupos Vulneráveis ressaltou que para denunciar, o acesso às vítimas de violência é facilitado, permitindo a garantia do apoio por meio de uma ampla rede.
“Nós temos no próprio site da Polícia Civil um campo para denúncia anônima, o WhatsApp do Ei, mermã, não se cale! Então, se você é um colega de trabalho e percebe a vítima chega com alguma marca, conversa, pergunta, pois é uma responsabilidade de todos. Eu não tenho como evitar um crime que sequer eu sei que ele existe, por isso é que esses números provam que as denúncias são importantes, que as medidas protetivas são eficazes”, acrescentou.
Clique aqui e denuncie à Polícia Civil
Canal de ajuda do Ei, Mermã, não se cale! (0800 000 1673)
Acolhimento às vítimas de violência
“Nas Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher nós temos o acolhimento feito pelas psicólogas e pelas assistentes sociais. Aqui em Teresina, por exemplo, a gente tem a Casa da Mulher Brasileira, onde as mulheres podem se dirigir e ter todos os serviços disponíveis como, delegacia da polícia, juizado, defensoria pública, serviços de emprego e renda, mas é preciso que elas denunciem e encontrem um amparo para que possam sair dessa situação de violência e não evoluir para um feminicídio”, finalizou a delegada Bruna Fontenele.