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Ministério Público do Piauí denuncia "família do tráfico" por extorsão e agiotagem

Denúncia é do promotor Leonardo Dantas Cerqueira Monteiro, da 1ª Promotoria de São Raimundo Nonato.

O Ministério Público do Piauí, por meio do promotor Leonardo Dantas Cerqueira Monteiro, da 1ª Promotoria de Justiça da Comarca de São Raimundo Nonato, denunciou no dia 4 de dezembro seis integrantes de uma organização criminosa, alvos da Operação Juros Altos, pelos crimes de associação criminosa, extorsão e usura pecuniária (agiotagem). Os denunciados, conhecidos como "família do tráfico", utilizavam-se de violência e grave ameaça para garantir a cobrança de dívidas, além de emprestar dinheiro a juros abusivos e reter cartões bancários das vítimas.

Entre os denunciados estão Joel de Oliveira Gomes, apontado como principal responsável pela lavagem de dinheiro; Ivanete Gomes de Oliveira, que atuava na administração dos recursos ilícitos; Luís Gonzaga de Oliveira Gomes, conhecido como "Cabeludo", apontado como líder operacional do esquema; Tomaz Oliveira Gomes, executor das cobranças com extremo uso de violência; Dalvarez Gomes de Oliveira, identificado como "laranja" do grupo; e Juscimara Ferreira de Sousa, responsável pela intermediação de transações financeiras.


Foto: ReproduçãoJoel de Oliveira Gomes, Luís Gonzaga de Oliveira Gomes e Tomaz de Oliveira Gomes
Joel de Oliveira Gomes, Luís Gonzaga de Oliveira Gomes e Tomaz de Oliveira Gomes

O promotor de justiça destacou que as investigações, conduzidas com apoio de medidas como quebra de sigilo de dados e buscas domiciliares, comprovaram que o grupo operava de forma coordenada e com divisão clara de tarefas. As provas reunidas incluem mensagens de áudio e texto, bem como registros financeiros que mostram a movimentação de grandes somas de dinheiro. As práticas ilegais incluíam a retenção de cartões bancários com senhas para saque direto dos benefícios sociais das vítimas.

Joel de Oliveira Gomes e Ivanete Gomes de Oliveira eram os responsáveis pela administração financeira e ocultação de bens, acumulando veículos de luxo, imóveis e dinheiro em espécie. Luis Gonzaga de Oliveira Gomes, por sua vez, comandava pessoalmente as cobranças, utilizando ameaças e intimidação. Já Tomaz Oliveira Gomes era conhecido por aplicar violência física nas cobranças, garantindo que as vítimas quitassem as dívidas sob condições abusivas.

Dalvarez Gomes de Oliveira foi identificado como responsável por adquirir e registrar bens em seu nome, servindo como "laranja" para ocultar o patrimônio da organização criminosa. Além disso, Juscimara Ferreira de Sousa gerenciava parte das transações financeiras e realizava cobranças das dívidas, frequentemente ameaçando as vítimas.

As vítimas, em sua maioria, estavam em situações de vulnerabilidade econômica e foram obrigadas a entregar cartões bancários, imóveis e outros bens como garantia dos empréstimos. Os juros cobrados excediam a taxa permitida por lei, configurando o crime de usura pecuniária. O promotor ressaltou ainda que os acusados exploravam sua condição econômica superior para ampliar o controle sobre as vítimas.

O Ministério Público justificou a denúncia com base na gravidade das práticas criminosas e na comprovação de que o grupo atuava em associação para obter vantagens econômicas de forma ilícita. Além da condenação pelos crimes, a denúncia solicita reparação dos danos morais às vítimas, com valores estipulados em 15 salários mínimos por denunciado.

Áudios revelam extorsões

O GP1 obteve acesso a áudios extraídos pela Polícia Civil do Piauí com autorização judicial, que mostram como agiam os alvos da Operação Juros Altos. Nos áudios, o investigado Luís Gonzaga de Oliveira Gomes ameaça as vítimas que contraem empréstimos a juros abusivos.

“Olha galega, tu fala para esse ‘noia’ do teu marido aí, que eu já fui na casa da mãe dele e as vizinhas me falaram que ela foi para São Paulo para onde o marido, e vocês se mudaram daí, mas eu vi ele na rua, mas na hora que eu ver ele na rua o que ele tiver eu vou tomar, ou carro, ou moto, eu vou tomar, para ele pagar a minha dívida, para ele dar parte [à polícia] e a gente resolver você pode botar fé na minha palavra. Ele tem que pagar o meu dinheiro”, diz Luís Gonzaga.

Em outra conversa, Luís Gonzaga ameaça acionar membros do Primeiro Comando da Capital (PCC). “Zelito, se tu não vier me acertar, eu vou mandar os caras do PCC atrás de tu, entendeu? E na hora que eu te ver, tu vai ver”, disse.

Operação Juros Altos

O Departamento de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (DRACO) deflagrou a Operação Juros Altos em São Raimundo Nonato, Teresina, Timon (MA) e São Paulo (SP) no dia 21 de agosto deste ano, com o objetivo de desarticular o núcleo criminoso responsável por uma série de crimes. Na ocasião, foram cumpridos 11 mandados de prisão preventiva e 13 mandados de busca e apreensão, além de 24 medidas cautelares, incluindo o bloqueio de bens e valores em dinheiro, e a apreensão de veículos de luxo contra os membros do mesmo núcleo familiar.

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