O empresário Pedro Gil Fonseca Duarte, preso na manhã desta terça-feira (14) pela Polícia Federal, durante a Operação Alavancada, foi indiciado no dia 4 de maio deste ano pela Polícia Civil do Piauí, em Floriano, acusado de estelionato. Ele é filho de um policial militar da reserva remunerada do Distrito Federal.
De acordo com o boletim de ocorrência registrado em agosto de 2021, um analista de sistemas e a esposa entregaram, no dia 11 de fevereiro de 2021, um carro a Pedro Gil, para que ele vendesse e usasse o dinheiro da venda como investimento no mercado financeiro digital.
O veículo estava em nome de uma mulher, tia da esposa do analista de sistemas, que tinha um documento (instrumento de procuração) que dava a ele direito de fazer movimentações no veículo.
A vítima contou que a transferência do veículo foi realizada em sua casa, por meio de um acordo verbal.
Consta que no contrato da prestação de serviço financeiro foi acordado que seria pago um valor mensal de juros simples de até 20%, no período de 6 meses. E que na ocasião, nenhum pagamento acordado foi feito e que Pedro Gil não devolveu o dinheiro obtido com a venda do carro.
As investigações apontaram que o empresário Pedro Gil já era investigado em outro inquérito policial pela prática de diversos crimes de estelionato na cidade de Floriano, com o mesmo modus operandi, que consiste em captar dinheiro/bens das vítimas como investimento no mercado financeiro, fazendo falsas promessas de pagamento de juros mensais que chegam até 20% do capital investido.
Golpe em Policiais militares
Pedro Gil também é investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal acusado de aplicar golpe de R$ 1 milhão em mais de 30 policiais militares. Ele é filho de um policial militar da reserva remunerada do Distrito Federal e dono da Pedro Intermediação de Negócios Eireli (2P Trader).
De acordo com o Metrópoles, a investigação está sob responsabilidade da Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Propriedade Imaterial e a Fraudes (Corf).
A maioria das vítimas afirmou que foram convencidas pelo pai do empresário, que garantiu que o filho tinha qualificação para atuar no mercado financeiro e assegurava que o lucro era certo.
Os PMs então fizeram aplicações que variam de R$ 55 mil a R$ 77 mil. Além de transferências em dinheiro, os militares também passaram bens, como automóveis, para o nome do trader. Estima-se que, apenas em um batalhão, Pedro Duarte tenha lucrado mais de R$ 1 milhão com a promessa de ganhos de até 20% ao mês.
Em julho do ano passado, um grupo formado por integrantes do 20º Batalhão decidiu procurar a Polícia Civil para denunciar o golpe. Eles informaram que assinaram contratos com a empresa 2P, nos valores de R$ 22 mil, R$ 30 mil, R$ 77 mil, R$ 29 mil, R$ 13 mil, R$ 16 mil, R$ 33 mil e R$ 55 mil.
Operação Alavancada
Além de Pedro, também foram presos na operação a irmã Isabela Fonseca Alves Duarte e o primo dele Matheus da Fonseca Correia. Eles são acusados de integrar um grupo criminoso responsável por praticar golpes utilizando-se do esquema de pirâmide financeira contra mais de 300 investidores em diversas cidades do Piauí e em Brasília.
Foram cumpridos oito mandados judiciais, sendo um de prisão preventiva, dois de prisão temporária e cinco de busca e apreensão nas cidades de Brasília, Formosa-GO e Cuiabá-MT. As ordens foram expedidas pela Vara Federal Cível e Criminal da Subseção da Justiça Federal de Floriano-PI.
Os três foram alvos de mandados de prisão nesta terça, sendo um de prisão preventiva, contra Pedro Gil, e dois de prisão temporária, contra Isabela Fonseca e Matheus da Fonseca. O Ministério Público Federal no Piauí (MPF-PI) denunciou os três agentes criminosos por crime contra o sistema financeiro, com pena que pode variar entre dois a oito anos de reclusão e multa.
O MPF também pediu a Justiça Federal que condene os réus ao pagamento de R$ 14 milhões por dano moral coletivo e pediu à Justiça a decretação da indisponibilidade dos bens, além do bloqueio dos valores dos acusados. O inquérito que investiga o grupo foi instaurado em 2022 e até o momento os investigadores da PF apuraram que a organização criminosa conseguiu arrecadar cerca de R$ 12 milhões através de golpes a mais de 300 vítimas nas cidades de Brasília, Floriano, Elizeu Martins, Corrente e Teresina.
Estrutura Criminosa
De acordo com a investigação da Polícia Federal, os denunciados montaram uma estrutura criminosa para operar, sem a devida autorização, instituição financeira, em que há a captação de clientes que fornecem valores para serem investidos nos mercados de valores mobiliários, com a promessa de ganhos de até 18% ao mês, sem menção aos riscos associados, com informações insuficientes sobre os supostos investimentos e carência de registro profissional para a atividade em órgão regulador ou fiscalizador.
Conforme a denúncia do MPF, as investigações tiveram início a partir de notícias de que representantes da empresa 2P Trader Investimentos, que tem Pedro Gil como sócio administrador e Isabela Fonseca como advogada, estavam oferecendo ao público em geral espécie de contrato de investimento coletivo, denominado “Contrato para Realização de Operações nos Mercados Administrados por Bolsa de Valores e/ou por Entidade do Mercado de Balcão Organizado”.
Pedro Gil era o líder do grupo
As investigações também apontaram que Pedro Gil foi o principal idealizador do esquema e era ele que possuía a palavra final quanto à gestão e investimento dos montantes arrecadados do público em geral. Para aumentar o capital em seu poder, o investigado arregimentou pessoas de confiança do grupo criminoso, encarregadas de angariar mais clientes para a sociedade empresária, ofertando ao público contratos de investimento.
Participação de Matheus da Fonseca e Isabela Fonseca
As investigações concluíram que Matheus da Fonseca morava em Floriano e era responsável por captar clientes na cidade piauiense. Isabela Fonseca era participante ativa do esquema, sendo responsável por comandar a parte jurídica para dar sustentabilidade à pirâmide.
Movimentação financeira
Segundo apurado em relatórios de inteligência financeira, Pedro Gil teria movimentado por sua conta pessoal, no período de 5 março de 2020 até 28 de fevereiro de 2021, o montante de R$ 3.402.770,00 a crédito e R$ 3.347.302,00 a débito. O aumento exponencial na movimentação pessoal, incompatível com o perfil do cliente, chamou atenção dos órgãos de investigação.
Outras investigações contra Pedro Gil
Segundo o MPF, Pedro Gil também é alvo de outras investigações da Polícia Civil do Distrito Federal e do Piauí por vários crimes, dentre eles, estelionato, sendo considerado o líder de uma organização criminosa. Diante disso, o Ministério Público pediu a manutenção da prisão preventiva contra ele, com base na garantia da ordem pública, da ordem econômica e na garantia da aplicação da lei penal.
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