O diretor do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Francisco Costa, o Barêtta, criticou na manhã desta quinta-feira (17), a decisão do Tribunal Popular do Júri, que absolveu o jornalista João Paulo Santos Mourão e condenou a mãe dele, Maria Nerci dos Santos Mourão a 19 anos e 6 meses de prisão domiciliar pelo assassinato da advogada Izadora Santos Mourão.
Segundo o delegado Barêtta, o Júri não levou em consideração as provas registradas no processo e por isso absolveu João Paulo. “Foi uma absolvição contra as provas dos autos. Prova nenhuma adianta quando não se quer condenar”, criticou o diretor do departamento.
Barêtta elogiou o trabalho do Ministério Público, que se manifestou pela condenação de João Paulo e pela prisão em regime fechado de Maria Nerci, mas classificou como sendo absurda a decisão do Júri. “O promotor exerceu o papel dele muito bem. O Ministério Público está de parabéns, tão bem representado com o promotor Márcio. Não adianta, ali as provas falam mais alto. Agora, a pessoa se deixar levar por um depoimento farsante, contraditório, preparado, repugnante do jeito que eu assisti, é um absurdo”, ressaltou o delegado.
O delegado Barêtta comparou ainda a decisão do Júri à crucificação de Jesus Cristo e destacou que João Paulo será agora o responsável pela herança que causou a briga familiar, que culminou com o assassinato da própria irmã. “A gente mostra que o povo decide do mesmo jeito quando decidiu colocar Jesus na cruz e tirar dois ladrões. Esse mesmo povo que clama por Justiça e Segurança Pública tem a palavra no Tribunal Popular do Júri e decidiu. Nós só temos é que acatar, pois ele é soberano, absolver um assassino e deixar condenar uma farsante a 19 anos de prisão domiciliar, é realmente o que ele [João Paulo] queria e agora ele vai dilapidar todo o patrimônio, assim como era o objeto dele ao tirar a vida da Izadora”, finalizou Barêtta.
O julgamento
Após 14 horas de julgamento, Maria Nerci dos Santos Mourão foi condenada a 19 anos e 06 meses de prisão por assassinar a filha, a advogada Izadora Santos Mourão, crime ocorrido em 13 de fevereiro de 2021. O irmão de Izadora, João Paulo Santos Mourão, foi absolvido pelos jurados por 4 votos a 3. A leitura da sentença foi feita às 23 horas.
A sessão ocorreu nesta quarta-feira (16), na Vara Criminal de Pedro II, e foi presidida pelo juiz Diego Ricardo Melo de Almeida, que manteve a prisão domiciliar de Maria Nerci.
Durante a sessão, ambos os réus deram suas versões do crime, porém, não condizem com a investigação realizada pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Em seu depoimento no fórum, a idosa alegou que tinha uma relação turbulenta com a filha e que naquele dia 13 de fevereiro Izadora Mourão havia ameaçado ir ao banco para cancelar sua aposentadoria.
A idosa alegou que depois do suposto desentendimento a advogada entrou no quarto de João Paulo Morão, para descansar. Nesse momento, Maria Nerci sustenta ter imaginado que Izadora Mourão poderia lhe fazer algum mal, e por isso decidiu matar a filha antes.
Versão de João Paulo
Já o jornalista João Paulo Santos Mourão, durante seu depoimento, alegou que no dia do crime soube somente da morte de sua irmã quando sua mãe, Maria Nerci, o acordou, por volta de 9h, dizendo que Izadora estava morta. Além disso, João Paulo alegou que não tinha conhecimento de que o crime foi realizado por sua mãe e, afirmou que somente soube que a investigação apontou Maria Nerci quando estava já estava preso na Cadeia Pública de Altos.
Entenda o caso
Izadora Santos Mourão, 41 anos, foi assassinada com pelo menos sete facadas dentro de casa, no município de Pedro II, no dia 13 de fevereiro de 2021. A princípio, circulou a informação de que ela teria sido morta por uma mulher, que sequer foi identificada.
Dois dias depois, o irmão de Izadora, João Paulo Mourão, acabou sendo preso pela equipe do delegado Danúbio Dias, acusado de assassinar a advogada a facadas. A Polícia Civil prendeu o jornalista em flagrante em sua residência na cidade de Pedro II, na tarde do dia 15 de fevereiro.
A investigação do DHPP apontou que a mãe de Izadora, Maria Nerci, criou um falso álibi para acobertar o filho, o jornalista João Paulo Mourão. “A mãe dele, quando viu a moça morta, a primeira coisa que fez, em vez de ligar para a polícia, ligou para uma faxineira para ela [a faxineira] dizer que ele [João Paulo] estava dormindo, para criar um álibi”, disse o delegado Barêtta à época dos fatos.
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