Fábio Wellington
Davi Fernandes
Wanessa Gommes
Em entrevista ao GP1, nesta quarta-feira (26), a professora Sandra Lima de Vasconcelos, da Universidade Federal do Piauí (UFPI), que está na disputa pela reitoria da instituição, falou acerca de supostas irregularidades no processo eleitoral e questão, que, nas palavras dela, teria favorecido o candidato apoiado pela atual gestão do professor José Arimatéia Dantas Lopes.
A docente, que integra a chapa Renova UFPI, ingressou com mandado de segurança junto à Justiça Federal, que, por meio do juiz Brunno Christiano Carvalho Cardoso, suspendeu cautelarmente os trâmites do processo eleitoral, até que a administração superior da instituição apresente respostas às acusações.
Conforme a professora, a votação inicialmente deveria ser feita pela plataforma Sig eleição, porém foi realizada por meio dos próprios bancos de dados da UFPI, sem oferecer nenhuma segurança para o processo eleitoral.
- Foto: Divulgação/Ascom
Sandra Ramos e Bruno Diniz
“Nós entramos com o pedido de mandado de segurança, exatamente porque nós acompanhamos todo o processo de consulta, que esse primeiro momento que antecede a eleição que aconteceria hoje, e foi tudo muito irregular, teve muita fragilidade. Incialmente a consulta deveria ter sido feita pelo Sig Eleição da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Isso foi colocado em coletiva à imprensa e na reunião do Consun [Conselho Universitário] online foi colocado. Quando foi na época, nossa comissão técnica tomou conhecimento que tudo estava sendo feito pela própria Universidade Federal do Piauí, no banco de dados da UFPI, sem nenhuma segurança, foi modificado o código fonte, então ela foi um simulacro do Sig Eleição”, destacou.
Ainda segundo a professora, deveria ser considerada a suspeição do atual reitor da UFPI, José Arimatéia Dantas Lopes, pois o candidato que tinha seu apoio recebeu um alto número de votos em poucos minutos na plataforma online.
- Foto: Lucas Dias/GP1
Arimatéia Dantas Lopes
“Isso fragilizou a votação, porque a chave estava com as pessoas da UFPI. Quando a gente sabe que o reitor desde o ano passado anunciou o apoio ao candidato dele, que está em primeiro lugar na lista tríplice, claro que existe suspeição. Nos 15 minutos da eleição caíram 800 votos. Em uma pandemia dessa, como é que caem 800 votos em poucos minutos?! Com tudo isso gerou uma suspeição. Ao longo do processo tivemos três relatórios e profissionais da área da TI [Tecnologia da Informação] sempre dizendo que não tinha segurança, que qualquer pessoa podia entrar e mudar os votos”, ressaltou.
Acesso a informações
A docente da instituição alegou que sua chapa não teve acesso a informações de eleitores, como e-mails, números de celulares dos estudantes. Também foi levado em consideração a pandemia do novo coronavírus, que dificultou todo o processo de apresentação de propostas para a UFPI.
“Para começar eu não tive acesso as informações dos eleitores, nossa chapa foi a única que não teve acesso aos e-mails e números de celulares dos estudantes, isso feriu os meus direitos, foi o que mais pesou na decisão do juiz. Não estar tendo atividade da Universidade, como eu poderia apresentar as propostas para os alunos, se eu não tinha esses contatos. E os outros todos que fazem parte da gestão tinham esses contatos. E tudo isso gerou uma suspeição, nós encaminhamos uma solicitação para uma investigação, a justiça vai investigar e vai dá um resultado. Eu acredito que esse resultado vai demostrar uma fraude no sistema, porque eu fiz uma campanha muito difícil, mas tenho certeza que não tirei só 57 votos de professor. Eles colocaram uma votação mínima para nós, para puder garantir que a gente não chegasse ao terceiro lugar, porque poderíamos ser eleitas na lista tríplice”, finalizou.
Processo eleitoral suspenso pela Justiça Eleitoral
O juiz Brunno Christiano Carvalho Cardoso, da 5ª Vara Federal da Seção Judiciária do Piauí, suspendeu, cautelarmente, os trâmites do processo eleitoral para escolha de reitor e vice-reitor da Universidade Federal do Piauí (UFPI) para o quadriênio 2020-2024. A decisão foi proferida ontem (25) nos autos do mandado de segurança impetrado pela professora Sandra Lima de Vasconcelos Ramos, onde questiona a segurança da consulta eleitoral via internet, ante a ausência de respaldo legal, e a fragilidade do sistema de votação, que também não contempla os alunos de baixa renda.
A professora sustenta que mesmo tendo pedido antecipadamente a lista com endereço e e-mail dos docentes e alunos da UFPI aptos a votarem, seu pleito não foi atendido de maneira substancial, o que comprometeu seu acesso à comunidade acadêmica para divulgação de suas propostas de campanha.
Sandra Ramos também alega que a candidata da Chapa 3, Profª. Dra. Nadir do Nascimento Nogueira, ocupante de cargo comissionado de Vice-Reitora, não procedeu a sua desincompatibilização na data de 24/07/2020, a qual era limite para homologação das chapas pela Comissão Eleitoral.
Na decisão, o magistrado afirma que a documentação que acompanha a inicial revela elementos indicativos de que o processo para consulta à Comunidade Universitária ofereceu dificuldades para que a professora pudesse ter acesso a dados dos votantes, havendo ainda dúvidas sobre a tempestiva desincompatibilização de uma das candidatas que estão na disputa para compor a lista tríplice.
“Até para a própria instituição de ensino, não se revela razoável realizar amanhã reunião de seu Conselho, para votação e proclamação da aludida lista tríplice, sob o receio de posterior anulação judicial, de modo que a suspensão provisória de tal ato coletivo virtual constitui-se a solução adequada nesse contexto”, diz a decisão.
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