Planilha da Procuradoria-Geral da República (PGR), de inquérito instaurado no âmbito da Operação Lava Jato, obtida com exclusividade pelo GP1, aponta que o senador Marcelo Castro (MDB) recebeu R$ 1 milhão do Grupo JBS em 2014, quando ainda era deputado federal, para apoiar a eleição de Eduardo Cunha à presidência da Câmara dos Deputados. O documento da PGR mostra que o ex-deputado recebeu o dinheiro por intermédio do empresário Reginaldo Carvalho, dono da rede de supermercados R Carvalho, que repassou os valores ao irmão de Marcelo, Humberto Castro, proprietário da Construtora Jurema.
Segundo a PGR, a investigação foi deflagrada após as colaborações dos executivos da J&F, Joesley Batista, Ricardo Saud e Demilton Antônio de Castro, que fizeram delação premiada e apontaram o senador como beneficiário de uma propina de R$ 1 milhão para que ele apoiasse a candidatura de Eduardo Cunha para a presidência da Câmara dos Deputados.
- Foto: Marcelo Cardoso/GP1Marcelo Castro
A planilha, que consta nos autos do processo, foi elaborada por Gilson de Oliveira, que trabalhava como tesoureiro do então Grupo Carvalho. Nessa lista, aparecem inúmeros repasses feitos ao irmão de Marcelo Castro, que totalizam R$ 1 milhão.
Ao todo, foram sete pagamentos direcionados a Marcelo Castro, três de R$ 200 mil e quatro de R$ 100 mil, todos eles entregues por Reginaldo Carvalho nas mãos de Humberto Castro.
Os valores foram pagos nas seguintes datas do ano de 2014: 26 de agosto; 28 de agosto; 29 de agosto; 01 de setembro; 02 de setembro; 03 de setembro; e 04 de setembro.
- Foto: Reprodução/PGRPagamentos feitos pela JBS ao irmão de Marcelo Castro
“A planilha acima aponta ainda pagamentos realizados a Humberto Castro, contudo, tal fato diz respeito a outro pagamento de propina, narrado por Ricardo Saud no anexo complementar N° 02 de sua colaboração. O destinatário desse valor, que totalizaria R$ 1 milhão de reais, seria Marcelo Castro a mando de Eduardo Cunha”, diz um trecho do Inquérito N° 4736.
Crime eleitoral
Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a investigação contra o senador Marcelo Castro no âmbito da Operação Lava Jato vai tramitar na Justiça Eleitoral do Piauí, por se tratar de crime de caixa dois.
A decisão contraria o pedido da Procuradoria-Geral da República, que havia solicitado que o parlamentar fosse investigado no STF por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Agora, o Tribunal Regional Eleitoral do Piauí (TRE) vai designar o juiz eleitoral competente para o caso.
Entenda o caso
A investigação contra Marcelo Castro é com base em colaboração premiada celebrado entre o Ministério Público Federal e Joesley Mendonça Batista, Wesley Mendonça Batista, Ricardo Saud, Francisco de Assis e Silva, Florisvaldo Caetano de Oliveira, Valdir Aparecido Boni e Demilton Antônio de Castro.
Nas declarações obtidas pelo MPF, concentram informações sobre supostas doações eleitorais não contabilizadas, repassadas a agentes políticos pelo Grupo J&F. Marcelo Castro está sendo investigado, porque teria recebido doação eleitoral não contabilizada, por parte da JBS, nas eleições de 2014.
A PGR informou que Joesley Batista declarou que foram realizadas essas doações “via caixa dois, resultantes de pedido expresso dos beneficiários, no intuito de, para alguns, evitar retaliações ou dificuldades para as empresas, e, para outros, garantir a boa vontade e facilidade de contatos para futuros pleitos empresariais".
A procuradoria acredita que Marcelo Castro recebeu R$ 1 milhão em troca de apoio político para a eleição de Eduardo Cunha à Presidência da Câmara dos Deputados no ano de 2014.
O que diz Marcelo Castro
O GP1 entrou em contato com a assessoria do senador, que informou que Marcelo ainda não foi notificado sobre o processo e destacou a sua conduta.
"A Coordenação de Comunicação do Senador Marcelo Castro (MDB-PI) informa que o parlamentar não foi notificado sobre qualquer processo. O Senador ressalta estar sempre à disposição para colaborar com as autoridades e reafirma que, ao longo dos seus quase 40 anos de vida pública, mantém conduta transparente e ilibada no exercício das atividades parlamentares", afirmou.
O que diz Reginaldo Carvalho
Procurado pelo GP1 na manhã desta segunda-feira (10), a assessoria de comunicação de Reginaldo Carvalho ficou de encaminhar posicionamento, o que não ocorreu até o fechamento desta matéria.
O que diz Humberto Castro
Humberto Castro não foi localizado pelo GP1.
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