O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Piauí (Sindjor-PI), Luiz Carlos Oliveira, em entrevista ao GP1 na tarde deste domingo (14), repudiou a prisão do jornalista Arimatéia Azevedo, proprietário do Portal AZ, que foi preso pelo Grupo de Repressão ao Crime Organizado (GRECO) na última sexta-feira (12), sob acusação de prática de extorsão.
Luiz Carlos Oliveira enfatizou que o Sindjor está defendendo maior transparência nas investigações que culminaram com a prisão de Arimatéia, e que a entidade também reivindica o direito ao contraditório, ou seja, a oportunidade de o jornalista se defender das acusações de extorsão.
“Defendemos transparência, o direito ao contraditório e que as coisas sejam bem esclarecidas. Entendemos que foi uma prisão inesperada, uma coisa que aconteceu de forma monocrática, o que acontece hoje no Brasil é que a polícia está prendendo primeiro para investigar depois, e tem que ser o contrário, apesar de o Greco dizer que já tem muitos casos comprovados [de extorsão por parte de Arimatéia]”, declarou o sindicalista.
- Foto: Reprodução/WhatsAppArimatéia Azevedo deixando o IML em Teresina
Para o presidente do Sindjor, em um contexto de pandemia, a prisão do jornalista se torna ainda mais descabida. “Estamos vivendo um período de pandemia, uma situação muito complicada, onde milhares de presos estão sendo colocados em liberdade, e de repente você vê uma prisão tão imediata. O Arimatéia tem residência fixa, não é uma pessoa que apresente risco a sociedade, nós defendemos que as coisas sejam apuradas, e que de fato a Justiça funcione, não da forma que está acontecendo”, afirmou.
Luiz Carlos também criticou a apreensão dos computadores da redação do Portal AZ. “O veículo de comunicação é uma coisa, o jornalista que é o proprietário da empresa é outro, você proibir um veículo de comunicação de divulgar fatos de interesse da sociedade, isso é cercear a liberdade, condenamos veementemente esse tipo de comportamento e defendemos a transparência das investigações referentes ao fato da extorsão ou não do Arimatéia Azevedo, que tem um histórico de denúncia contra gente muito poderosa nesse estado”, finalizou.
No dia em que Arimatéria foi preso, o Sindjor emitiu uma nota em defesa da transparência e pelo direito ao contraditório nesse caso, que também culminou com a prisão do professor Francisco Barreto, amigo pessoal do jornalista e acusado de participar dos crimes de extorsão. O dono do Portal AZ se encontra detido no 12º Distrito Policial.
Leia a nota do Sindjor na íntegra:
Pela transparência e direito ao contraditório
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Piauí (Sindjor-PI) diante da prisão preventiva do jornalista Arimatéia Azevedo, ocorrida durante operação do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco) da Polícia Civil do Piauí, realizada na manhã do dia 12 de junho de 2020, entende que, numa democracia, mesmo as de menor qualidade e aquelas postas à prova e a risco, a prisão sempre deve ser exceção, nunca a regra. Daí porque, em que pese ser esta uma decisão judicial, o Sindjor-PI insurge-se contra a prisão do jornalista, proprietário do Portal AZ. Trata-se de medida desproporcional, sobretudo considerando ser a pessoa privada de liberdade um profissional com trabalho e residência fixos, reconhecido respeito de seus pares e da comunidade.
Acresça-se ao descabimento da prisão o fato de o portal de notícias do jornalista ter sido submetido a medidas restritivas à veiculação de dados relacionados à ação judicial, a qual tramita em segredo de Justiça, fator que se mostrou impeditivo ao amplo direito de defesa e ao contraditório.
Esperamos que a decisão judicial monocrática em primeira instância possa ser reformada em instância superior, de modo a reparar o que este Sindicato considera uma injustiça contra o jornalista Arimatéia Azevedo.
O Sindjor-PI acredita na elucidação dos fatos e das acusações, e que a Justiça seja feita, predominando o Estado Democrático de Direito, garantia do respeito das liberdades civis, dos direitos humanos e pelas garantias fundamentais, através do estabelecimento de uma proteção jurídica.
Teresina, 12 de junho de 2020
Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Piauí
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