A Operação Call Center, deflagrada na manhã desta quinta-feira (5) pela Polícia Civil do Piauí, prendeu vinte pessoas, que faziam parte de uma quadrilha interestadual especializada em estelionato por meio de plataforma digital de compra e venda de produtos e serviços. A operação está sendo comandada pelo delegado Matheus Zanatta, que está em Cascavel (PR) dando cumprimento a mandados de prisões e buscas e apreensões.
Modus Operandi
Em entrevista ao GP1, o delegado Matheus Zanatta explicou como a quadrilha agia. Segundo ele, os estelionatários clonavam um anúncio de venda de veículo e faziam a intermediação entre o comprador e o vendedor.
“O golpista cria um perfil falso em uma plataforma digital. Existe um comprador interessado, que vai até esse perfil falso, dizendo que tem interesse nesse objeto anunciado, aí o golpista procura outro anúncio de um vendedor verdadeiro e faz a intermediação dos dois, do comprador de boa fé e do vendedor de boa-fé, mas antes do comprador ver o objeto do vendedor, o golpista fala: ‘é o seguinte, se ele [comprador] falar do valor, você manda falar comigo que eu que vou te pagar’. Aí o comprador vai lá ver o objeto, às vezes é um veículo, anda no veículo [...] Quando pergunta: ‘qual o valor que eu vou pagar nesse veículo?’ Aí o vendedor de boa-fé diz: ‘não, pode tratar com o Eduardo, que é o suposto golpista”, explicou o delegado Matheus Zannata.
- Foto: Lucas Dias/GP1Delegado Matheus Zanatta
“Daí o comprador interessado vai falar com o golpista, dizer que gostou do veículo e tratar como eles poderiam fazer. Então o golpista diz; ‘não, faz o seguinte, vou fazer um desconto para você. Amanhã 14h você vai no cartório, que a gente vai fazer a transferência de propriedade desse objeto, tá? Mas, antes, você me manda um valor como sinal’. Aí o comprador manda metade do valor do bem como sinal e quando chegam no cartório estão o comprador interessado e o vendedor de boa-fé, que verificam que foram vítimas de um golpe, que os dois foram enganados”, pontuou Matheus Zanatta.
Laranjas
Segundo informações do delegado Humberto Macola, o valor depositado como “sinal” para a compra do objeto, que muitas vezes se tratava de veículo, ia para a conta bancária de um laranja no estado do Paraná. O valor era sacado quase que de imediato.
- Foto: Cinara Taumaturgo/GP1Delegado Humberto Macola
“No momento do pagamento, o dinheiro era depositado na conta de um laranja no estado do Paraná, e 20 minutos após esse depósito, o valor depositado era pulverizado e o valor ficava zerado”, explicou o delegado.
Ainda de acordo com o delegado, cerca de 12 pessoas emprestavam suas contas bancárias para a quadrilha. Após efetuarem o saque, o dinheiro era direcionado aos líderes, na cidade de Cascavel, no Paraná.
Vítimas
A investigação teve início no Piauí, depois que uma vítima foi lesada em R$ 37 mil pela quadrilha, que tem integrantes oriundos dos estados do Mato Grosso e Paraná. Apesar de várias tentativas, a quadrilha efetuou o golpe em apenas duas pessoas no Piauí.
“Aqui no Piauí, efetivamente duas pessoas foram lesadas, mas 10 pessoas tiveram a tentativa de lesão. Conseguimos em pelo menos em 10 pessoas bloquear essa lesão. Temos vítimas no país inteiro, temos no Pará, no Espírito Santo, Minas Gerais, Maranhão e todas as polícias desses estados estão sendo contatadas para que sejam tomadas as providências cabíveis naqueles lugares”, explicou o delegado Humberto.
Nove estados
De acordo com o delegado Geral da Polícia Civil do Piauí, Riedel Batista, a quadrilha, desarticulada pela operação, atuava em nove estados brasileiros.
- Foto: Cinara Taumaturgo/GP1Delegado Riedel Batista
“Conseguimos desarticular uma das maiores quadrilhas do Brasil de estelionato e fraude por meio de internet. Com isso paramos a atuação deles em todo o Brasil. Para se ter uma ideia, esses elementos atuavam em nove estados brasileiros. Nós temos vítimas comprovadas, além do Piauí, em mais oito estados. Então essa operação de hoje, com a prisão desses 20 elementos, vamos conseguir dar informações valiosas a todos esses estados da atuação desse grupo criminoso. Tanto em Mato Grosso, que houve prisões quanto em Cascavel, no Paraná também”, afirmou Riedel.
Empresas
Os sites e aplicativos usados pela quadrilha eram a OLX e Web Motors. As empresas, de acordo com a polícia, também são vítimas do golpe.
Ver todos os comentários | 0 |