Thais Guimarães
O Ministério Público do Piauí, por meio do promotor Régis de Moraes Marinho, apresentou denúncia contra Diego Henrique Barbosa Viana Pierote e Alessandro Krysttyan da Silva Santos, vulgo “Lacoste”, acusados de integrarem a facção criminosa Bonde dos 40 e de participarem do sequestro e assassinato de Sérgio Luís Monteiro Bezerra Júnior, crime ocorrido em março de 2023, no Centro de Teresina. Segundo a ação penal, ajuizada nesta quinta-feira (29), o jovem foi raptado na Praça da Bandeira e executado em local ainda desconhecido. Seu corpo não foi localizado até o momento.
Sérgio Luís foi sequestrado no dia 21 de março do ano passado, por volta das 10h50. De acordo com o Ministério Público, ele foi atraído até a Praça da Bandeira por Mariana Raíssa de Sousa Neves, integrante do Bonde dos 40, por ordem de Ítalo Rangel Santos dos Reis, vulgo “Cabeça”.
Narra a denúncia que Mariana Raíssa entrou em contato com Sérgio Luís via WhatsApp, o convidando para consumir drogas na praça. Quando ele chegou ao local, foi cercado por um grupo de pessoas, entre elas, Diego Pierote e Alessandro Krysttyan, o Lacoste.
O jovem foi levado até um casarão abandonado localizado no cruzamento das ruas João Cabral e Lisandro Nogueira, onde foi mantida em cárcere privado. De acordo com o promotor Régis Marinho, ele foi compelido a caminhar pelas ruas do Centro cercado pelo grupo.
“Na sequência, o grupo aguardou o ‘julgamento’ da vítima pelas lideranças da organização criminosa e, ante a decretação da sua morte, colocaram-na em um veículo automotivo, transportando-a até o local onde foi executada e teve seu cadáver ocultado”, destacou o representante do órgão ministerial.
Na ação penal, o promotor afirma já ter denunciado a maioria dos envolvidos no crime, em outra ação penal, incluindo Alessandro Krysttyan, contudo a denúncia contra ele não foi recebida uma vez que, à época, não havia elementos informativos suficientes para sua qualificação.
Entretanto, após a continuidade das investigações, foi concluído que Alessandro e Diego tiveram participação no crime. “Após as investigações nos autos do Processo, foi possível qualificar ‘Lacoste’ como sendo Alessandro Krysttyan da Silva Santos, acrescentando-se que Mariana, quando da audiência de instrução nos autos supraditos, confirmou ser ele um dos integrantes do grupo que sequestrou e assassinou Sérgio Luís Monteiro Bezerra Júnior. Por sua vez, consoante se aduz do Relatório Complementar, a autoridade policial, durante diligências, constatou que o terminal/linha de número cadastrado no nome do genitor de Diego Henrique Barbosa Viana Pierote, e utilizado pelo referido acusado, descreve ao grupo de faccionados que ele, Diego, seria um dos executores da vítima, inclusive pedindo para ser reconhecido pelos demais integrantes como tal”, diz outro trecho da denúncia.
Diante dos fatos, o promotor pediu o recebimento da denúncia e consequente condenação de Diego Pierote e Alessandro Lacoste, pelos crimes de homicídio qualificado, por motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa da vítima, em concurso material com os crimes de integrar organização criminosa majorada pelo emprego de arma de fogo e destruição, subtração ou ocultação de cadáver.
Pedido de indenização
Ao final, o promotor pediu que a Justiça condene os acusados a pagar indenização no valor de R$ 100 mil aos familiares de Sérgio Luís, a título de reparação.
Prisão preventiva
Também nesta quinta-feira (29) o promotor Régis Marinho emitiu parecer favorável à prisão preventiva dos acusados, conforme representação formulada pela Polícia Civil do Piauí, por meio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).
Envolvimento na morte do próprio pai
Alessandro Krysttyan, o Lacoste, é réu na Justiça sob acusação de envolvimento na morte do próprio pai, Adailson Veloso da Costa, assassinado em junho de 2023, na Vila da Paz, zona sul de Teresina.
A morte de Adailson Veloso foi desencadeada por conflitos internos na facção criminosa Bonde dos 40, conforme concluiu a polícia. Segundo o DHPP, a vítima fazia parte do grupo criminoso e foi alvo de uma execução conduzida por Alysson Nascimento, conhecido como “Alisson Ponto 40”.
As investigações revelaram que Adailson, a mando dos dirigentes do Bonde dos 40, estava atrás de Alisson Ponto 40 após ele ter, supostamente, executado Everton Gomes de Araújo, o “Romano”, sem a autorização do comando da facção. Alessandro Krysttyan, filho da vítima, teria prestado apoio aos membros expulsos do Bonde dos 40, se voltando, assim, contra o próprio pai.
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