O juiz da 3ª Vara do Tribunal Popular do Júri da Comarca de Teresina, Muccio Miguel Meira, pronunciou Geovana Thais Vieira da Silva e Fernanda Maria Lobão Ayres pelo homicídio qualificado da analista judiciária Tainah Luz Brasil Rocha, filha do jornalista Marcelo Rocha. O crime ocorreu na madrugada de 15 de maio de 2022, no bairro Mocambinho, e deixou a cidade em estado de choque devido à brutalidade do ato e às circunstâncias que o envolveram.
Segundo os autos do processo, na noite de 14 de maio de 2022, Tainah Brasil chegou à casa de Fernanda Maria Lobão Ayres, sua ex-namorada, por volta das 22h. No local, também estava presente Geovana Thais Vieira da Silva, atual companheira de Fernanda. O que inicialmente parecia ser um encontro casual para beber e ouvir música terminou em uma tragédia que chocou a cidade.
Testemunhas relataram que Tainah havia estado com seu irmão em um restaurante mais cedo naquela noite, antes de se dirigir à casa de Fernanda. Vinícius Luz Brasil Rocha, irmão da vítima, declarou que Tainah estava em Teresina para cuidar de sua saúde e aproveitava para visitar amigos e familiares.
De acordo com os depoimentos colhidos, a situação degenerou após uma suposta tentativa de beijo de Tainah em Fernanda. Este gesto teria desencadeado uma discussão acalorada que rapidamente escalou para violência física. Geovana, que inicialmente não estava presente no momento da discussão, retornou e se envolveu no conflito.
O laudo pericial revelou a brutalidade do ataque. Tainah sofreu 13 perfurações em diversas partes do corpo, incluindo regiões vitais como tórax, abdômen e membros. A violência do ataque foi destacada pelo fato de que, enquanto Fernanda apresentava apenas uma lesão leve no braço e Geovana nenhuma lesão, Tainah faleceu em decorrência dos ferimentos no Hospital de Urgência de Teresina.
Testemunha diz ter ouvido Tainah implorar ajuda
Maysa Kelly de Carvalho, vizinha de Fernanda, forneceu um testemunho crucial. Ela relatou ter sido acordada por volta das 2h58 da madrugada por gritos desesperados. Maysa declarou ter ouvido a vítima implorando por ajuda, dizendo: "Me ajuda. Me tira daqui. Elas duas vão me matar".
Outro testemunho importante veio de Brenda Caroline Carvalho Sobrinho, que chegou ao local após os gritos e encontrou Fernanda ferida na calçada e Tainah gravemente ferida dentro da casa.
O enfermeiro Evaldo Sales Leal, que atendeu a ocorrência pelo SAMU, descreveu o estado crítico em que encontrou Tainah, com ferimentos graves na região abdominal e sinais de uso de álcool.
Versão das acusadas
Durante o interrogatório, Geovana Thais Vieira da Silva confessou ter desferido golpes contra Tainah, alegando agir em defesa de Fernanda. Ela afirmou que, ao retornar da cozinha, encontrou Tainah agredindo Fernanda e interveio para proteger sua companheira.
Por sua vez, Fernanda Maria Lobão Ayres negou participação direta no homicídio, atribuindo os golpes fatais à Geovana. Ela alegou que Tainah tentou beijá-la repetidamente, o que levou a uma discussão e posteriormente a uma luta física.
A decisão judicial
A decisão de pronúncia, proferida pelo magistrado no dia 7 de novembro deste ano, determina que ambas as acusadas sejam submetidas a julgamento pelo Tribunal do Júri. O magistrado manteve as qualificadoras de motivo fútil e meio cruel, retirando apenas a qualificadora de recurso que dificultou a defesa da vítima. Em sua decisão, o juiz destacou:
"Diante do exposto e tudo mais que consta dos autos, com fundamento no art. 413, caput, do CPP, pronuncio as acusadas Geovana Thais Vieira da Silva e Fernanda Maria Lobão Ayres a fim que sejam submetidas a Júri Popular, como incursas no art. 121, §2º, III, do Código Penal."
O juiz ressaltou que há indícios suficientes de autoria e materialidade para levar o caso a júri popular, enfatizando que cabe ao Tribunal do Júri a análise mais aprofundada das provas e a decisão final sobre a culpabilidade das acusadas.
O juiz também concedeu às acusadas o direito de recorrer em liberdade, não vislumbrando, no momento, motivos para decretar a prisão preventiva.
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