Estudantes da Universidade Federal do Piauí (UFPI) ocuparam a reitoria do Campus Ministro Petrônio Portella, localizada no bairro Ininga, em Teresina. A ocupação se deu após uma assembleia convocada pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE) em frente ao prédio. A reunião mobilizou coletivos, entidades e estudantes em protesto pelo assassinato de Janaína da Silva Bezerra, estudante estuprada e morta dentro do Campus no último fim de semana.
Segundo registros, cerca de 50 pessoas estão presentes no local. Os manifestantes cobram a presença e posicionamento do reitor da UFPI, Gildásio Guedes, que está em férias. A Polícia Federal, responsável pela defesa do patrimônio da instituição, foi acionada para conter os estudantes.
Clara Bispo, representante do CACOS (Centro Acadêmico de Comunicação Social - Jornalismo), afirmou que os estudantes ocuparam a reitoria em busca de que suas reivindicações sejam atendidas. "A Janaína foi assassinada e o reitor não está aqui. A mãe, o pai, a família, todos estão em casa sem condição de trabalhar, de se manter e o reitor está de férias. A gente está aqui ocupando esse espaço porque não deixaram a gente entrar aqui. A mesa não está quebrada, os quadros não estão quebrados porque viemos para colocar os nossos encaminhamentos para sair daqui com repostas”, declarou.
Mais segurança
Maria Clara Alves, acadêmica de curso de História, disse que o que eles querem é mais segurança e reforçou que uma aluna foi morta dentro de uma sala da instituição de ensino.
“Eu queria muito que nesse momento vocês tenham consciência que a gente só está tendo diálogo porque a gente entrou aqui, esse cara da reitoria nunca viu a nossa cara antes e está dizendo que fez de tudo. Mentira. Como é que alguém faz de tudo e uma mulher morre aqui dentro? Vocês precisam apoiar a gente, a gente está morrendo aqui dentro. Queremos segurança, uma menina foi estuprada e morta dentro de uma sala da UFPI”, desabafou Maria Clara.
Reitoria
Regilda Saraiva, que está no exercício do cargo de reitora da UFPI, falou com a imprensa e explicou que todas as demandas serão ouvidas. "Todos aqui são vítimas dessa violência, precisamos conversar, ouvir todos para poder tomarmos ações que possam acabar com isso. Vou ver as pautas deles, estou aqui para ouvi-los. Já tem uma comissão de sindicância", afirmou.
"A proibição de festas foi momentânea. Não vai ser proibido porque isso é uma atividade social dos alunos. Tem que se colocar normas, horário, vigilância, mas ninguém vai proibir nada, é só nesse momento", garantiu Regilda.
Ainda segundo Regilda, o reitor Gildásio Guedes está afastado por problemas de saúde.
Portaria
Em portaria publicada nessa segunda-feira (30), a direção da UFPI suspendeu a realização de festas dentro da instituição por tempo indeterminado. De acordo com a resolução, eventos que "extrapolem o caráter estritamente acadêmico e científico estará suspensa até que ocorra a deliberação do conselhor superior competente na Universidade".
A instituição também comunicou a criação de um protocolo para enfrentamento à violência contra as mulheres na Universidade. Todas esssas medidas foram assinadas pelo reitor em exercício, Viriato Campelo.
Entenda o caso
Janaína da Silva Bezerra foi encontrada morta, na manhã do último sábado (28), na Universidade Federal do Piauí (UFPI), zona leste de Teresina, após uma calourada. O suspeito do crime foi identificado como Thiago Mayson da Silva Barbosa, aluno do Programa de Pós-Graduação (Mestrado) em Matemática da UFPI. Ele está preso.
Segundo testemunhas, a estudante havia participado de uma calourada na sede do Diretório Central dos Estudantes – DCE da UFPI, na noite de sexta-feira (27), tendo sido encontrada nos braços do suspeito, com sinais de agressão por seguranças da universidade.
Laudo constatou o estupro
Segundo o delegado Barêtta, diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), o laudo de necrópsia apontou que Janaína foi estuprada e teve o pescoço quebrado.
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