O reitor da Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar) Alexandro Marinho Oliveira continua envolvido em polêmica. Depois de ter sido indiciado em dois inquéritos por estelionato contra a defensora pública Priscila Gimenes do Nascimento Godoi, o advogado Fernando Kubotsu de Godoi e o sócio Claudio Roberto Castelo Branco, ele está sendo alvo de um terceiro inquérito pelo mesmo crime.
Desta vez, o reitor é acusado de ter praticado estelionato contra: José Carlos da Fonseca Lima Amorim (juiz da Comarca de Buriti dos Lopes); Rafaela Silva Bezerra Dourado (delegada da Polícia Civil do Piauí); Bruno Leonardo da Silva Dias (policial rodoviário federal); Suedy Dourado Santiago (servidor da Justiça Federal); Lucivando Ribeiro Martins, Rafael Pires de Sousa Matos (servidor do Ministério Público do Estado do Maranhão) e a empresa Handytech Informática e Eletrônica Ltda.
Todas as vítimas contrataram a empresa Núcleo Construção, de propriedade de Alexandro Marinho, para a construção de casas no município de Parnaíba, com exceção da Handytech Informática, que contratou a empresa para a instalação de um sistema de energia solar.
O terceiro inquérito foi aberto pela Delegacia de Crimes Contra o Patrimônio de Parnaíba no dia 31 de março de 2022.
Delegada Rafaela Bezerra denuncia reitor
O casal Rafaela Bezerra e Suedy Dourado relatou em boletim de ocorrência, feito em 10 de fevereiro de 2022, que contratou em fevereiro de 2021 a construtora, através de Alexandro Marinho, para a construção de uma residência no Loteamento Parnaíba Residence, em Parnaíba, incluindo poço profundo e energia solar no valor de R$ 432.000,00.
O prazo final de entrega seria no dia 01 de março de 2022 sendo que foi paga uma entrada de R$ 150 mil durante o ano de 2021, mas que a obra está atrasada desde maio de 2021. Ainda de acordo com os denunciantes, a obra está abandonada desde dezembro de 2021 e com execução “muito aquém do dinheiro repassado”.
“Apesar de todas as promessas, Alex não devolveu o dinheiro adiantado e sua empresa não responde mais aos contatos, deixando a obra abandonada, com vícios construtivos, sem alvará de construção e regularização documental”, diz trecho do boletim de ocorrência.
Lucivando Ribeiro também alegou, em boletim de fevereiro de 2022, ter contratado a empresa Núcleo Construção, em abril de 2021, para a construção de uma casa no loteamento Parnaíba Residence com prazo final de entrega em abril de 2022. Segundo Lucivan, a pedido de Alexandro ele pagou R$ 22 mil, que foi transferido para a conta pessoal de sua esposa, mas que a obra não foi executada e o canteiro está abandonado desde dezembro de 2021.
Juiz também diz ter sido vítima
O juiz José Carlos da Fonseca Lima Amorim também registrou boletim de ocorrência, em fevereiro de 2022, contra Alexandro Marinho e a Núcleo Construção, alegando que firmou contrato de construção de uma casa, adiantando valores do pagamento, mas que o imóvel não foi entregue e nem o dinheiro foi devolvido.
“Foram feitos depósitos na conta pessoal de Alex Marinho Oliveira e de Francisca Jankarita Pereira. Que a referida obra encontra-se abandonada com execução parcial da fase estrutural e não iniciada a fase de acabamento, tendo todos os valores sido pagos”, diz trecho do depoimento do juiz no boletim de ocorrência.
Servidor do Maranhão assinou contrato de R$ 356 mil
O servidor Rafael Pires contou, no boletim de ocorrência registrado em fevereiro de 2022, que assinou um contrato em abril de 2021 para a construção de uma casa no valor de R$ 356 mil com prazo de entrega de oito meses, e que a construtora chegou a receber R$ 170 mil, sendo R$ 60 mil de entrada e mais duas etapas liberadas pela Caixa Econômica Federal.
Contudo, laudo do engenheiro expedido em fevereiro de 2022 concluiu que o valor executado na obra seria de R$ 92 mil, e que a obra está parada desde meados de novembro de 2021 e exposta a intempéries.
O servidor relatou que foi tentado contato com Alexandro Marinho em dezembro de 2021, mas que não teve retorno.
Condomínio Conviver Residence
Outra vítima, Bruno Leonardo fez boletim no dia 14 de fevereiro de 2022, e contou que ele e a esposa assinaram contrato de construção por empreitada com a Construtora Núcleo, que foi firmado pessoalmente com Alexandro Marinho de Oliveira, então sócio da construtora, para construção de uma casa no Condomínio Conviver Residence, em Parnaíba, no valor total de R$ R$ 257.828,67, com entrega prevista em nove meses a partir da instalação do canteiro de obra.
“Quatro dias depois da assinatura, no decorrer de 18 e 19 de janeiro de 2021, transferimos diretamente pra conta do Alex o valor solicitado de entrada pela construção no valor total de R$ 52.065,00. Em sequência fomos orientados a entrar em contato com o despachante da construtora para providenciar os documentos necessários para financiamento da obra junto à Caixa Econômica Federal (CEF) e regulamentação do terreno junto ao Cartório. Como também, fomos orientados a fazer o financiamento na Agência da CEF da cidade de Luís Correia”, contou Bruno Leonardo.
Durante visita técnica do engenheiro da construtora, em janeiro de 2022, foi atestado 25% (R$ 64.457,16) de obra concluída, porcentagem incompatível com os valores até então repassados para a construtora, tendo em vista que foi transferido o total de R$ 145.482,37.
“Sendo assim, a Construtora Núcleo, representada pelos seus sócios Alexandro Marinho de Oliveira e Cláudio Roberto Castelo Branco, não aplicou na obra o valor de R$ 81.025,21 nos causando transtornos e prejuízos financeiros”, alegou a vítima.
Energia solar
A empresa Handytech Informática disse, em boletim de fevereiro de 2022, que firmou contrato com a empresa Núcleo Construção para a instalação de um gerador solar fotovoltaico (energia solar) no imóvel de um cliente.
Segundo a Handytech, ela vendeu, no dia 05 de agosto de 2021, o gerador para um cliente em Parnaíba por intermédio da construtora Núcleo Construção, que ficou como a responsável de receber os equipamentos e instalá-los no local indicado pelo comprador.
Contudo, a Handytech relatou que a empresa Núcleo Construção indicou um endereço diferente do cliente, que depois de mais de 90 dias solicitou da empresa Handytech a resolução do problema, sendo que o equipamento ainda não foi entregue.
“Diante do não cumprimento do acordo por parte da empresa Núcleo, a Handytech tratou de restituir os valores pagos pelo cliente”, diz trecho da denúncia.
De posse das denúncias, a Delegacia de Crimes Contra o Patrimônio de Parnaíba decidiu abrir inquérito para investigar todos os casos.
Outro lado
Procurado pelo GP1 nesta segunda-feira (16), o reitor Alexandro Marinho não atendeu às ligações. O espaço está aberto para esclarecimentos.
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