Os órgãos de Juliana da Silva, 29 anos, que morreu nessa terça-feira (08), após ser baleada na cabeça durante uma briga familiar no bairro São Pedro, zona sul de Teresina, serão doados.
O viúvo de Juliana da Silva compareceu ao Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) na manhã desta terça-feira (09), acompanhado da viúva de Felipe Holanda, para ter acesso a cópia do Boletim de Ocorrência (B.O) que trata sobre as mortes.
O Boletim de Ocorrência será utilizado para anexar ao processo de doação de órgãos de Juliana da Silva, que já havia manifestado desejo de doá-los. Ao todo, serão doados cinco órgãos.
Ainda muito abalados com a situação, Antônia e o viúvo de Juliana da Silva não quiseram gravar entrevista com a imprensa e deixaram o Departamento de Homicídio por volta de 10h da manhã.
Órgão devem ser doados para fora do estado
A expectativa é que os órgãos de Juliana da Silva sejam encaminhados para fora do estado por falta do medicamento Simulect, que evita a rejeição de órgãos transplantados. Sobre o assunto, a Fundação Estatal Piauiense de Serviços Hospitalares – FEPISERH - afirmou por meio de nota que há um processo de licitação em vigência.
"A Fundação Estatal Piauiense de Serviços Hospitalares – FEPISERH esclarece que está em processo licitatório para registro de preço que contempla o medicamento Simulect, utilizado em pacientes que vão realizar transplante de rim. Até o final da semana a medição estará no Hospital e os transplantes serão restabelecidos".
A tragédia
Segundo o diretor do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Francisco Costa, o Barêtta, o desentendimento entre Daniel Flaubert e Felipe Holanda que culminou com a morte deles e de Juliana da Silva começou um dia antes da tragédia familiar, quando Daniel demonstrou seu incômodo perante o choro do filho de Felipe, de apenas 4 anos de idade, que tem transtorno do espectro autista.
“Nós estamos apurando os fatos narrados no local do crime. Dizem que a motivação começou ainda no desentendimento à noite na sexta-feira, quando Daniel ficou incomodado com o choro de uma criança autista, filho do Felipe, e no dia seguinte, por volta das 8 horas, quando a mulher do Daniel abriu a porta, o Felipe estava sentado numa área lá que é comum a todos, com uma faca, e disse que estava aguardando o marido dela. Ela pediu calma, segundo ela, Felipe estava muito exaltado”, narrou Barêtta.
Conforme o diretor do DHPP, a esposa de Daniel, que é atirador esportivo, ainda tentou evitar um embate entre os cunhados, mas em um certo momento, Daniel acabou efetuando o primeiro disparo de arma de fogo, que atingiu a cabeça da empregada doméstica Juliana da Silva.
“Daniel abriu a porta da casa e vinha saindo. A esposa de Daniel foi ao encontro dele, botou ele para dentro da casa e fechou a porta. E o Felipe continuou chutando a porta no sentido de arrombar para entrar. Nesse momento, o Daniel pegou uma arma, uma pistola 380, e efetuou um disparo de dentro para fora. O projétil transfixou a porta e se alojou na cabeça da moça que estava na área com as crianças, a Juliana. Depois teve uma luta corporal entre o Daniel e o Felipe coadjuvado pela esposa do Felipe, a senhora Antônia, que também disse que participou dessa contenda. Foi aí que foram realizados os outros disparos”, relatou o diretor do DHPP.
Dinâmica do crime
O delegado Barêtta explicou que ainda não é possível afirmar quem efetuou cada disparo no momento da luta corporal, mas que já foi realizado todo um levantamento inicial que será submetido à análise da Perícia Criminal.
“Nós estamos apurando, foi feito todo o levantamento pericial com manchas de sangue, local dos estojos no sentido de que o perito nos forneça toda dinâmica do fato em si. Também já aquisitamos ao Instituto de Medicina Legal para que o legista informe a entrada dos projéteis, a trajetória, bem como a inclinação do ângulo de entrada para a gente saber quem atirou, em que altura eles estavam e o movimento que fizeram. Estamos analisando os fatos com as peças já colhidas para que a gente possa dar um despacho para a autoridade policial instaurar o devido inquérito policial”, informou Barêtta.
Armas apreendidas
Barêtta também revelou que além da arma que teria sido utilizada no crime, um pistola .380, também foram apreendidas outras duas armas de fogo.
“Foi encontrada a faca dentro de um jarro e também a pistola .380 que, segundo consta, foi utilizada para a prática dos crimes. Depois o delegado de plantão, o delegado Danúbio Dias, arrecadou duas armas que foram entregues pela esposa do Daniel, uma pistola 9 mm e um revólver 357 que estavam no cofre devidamente guardados. Segundo consta, o Daniel é filiado a clubes de tiro esportivo”, destacou o diretor do DHPP.
Motivação
O diretor do DHPP disse ainda que a investigação vai apontar se já existia uma inimizade entre Daniel Flaubert e Felipe Holanda antes do estopim que culminou com a morte dos dois.
“Isso aí é um fato que vai ficar dentro do inquérito policial, nós não temos nenhum caso de homicídio doloso que não tenha motivação necessária. Todo ser humano é um homicida em potencial. As manchas de sangue são o verdadeiro caminho do crime, dizem a posição de cada um, bem como os estojos que foram deflagrados, e a posição em que eles estavam. Nós vamos verificar se a história que elas [testemunhas] contam nos autos vai se harmonizar ou não com a peça probatória do exame pericial”, finalizou o delegado Barêtta.
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