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Teresina - Piauí

Polícia prende familiares de bebê queimado durante ritual em Teresina

Segundo o delegado geral Luccy Keiko, três adultos foram presos e quatro adolescentes apreendidos.

Os policiais da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) prenderam na manhã desta segunda-feira (21) três adultos e apreenderam quatro adolescentes, supostamente envolvidos na morte do bebê Wesley Carvalho Ferreira, que teve o corpo queimado durante um ritual na zona rural de Teresina, no final do mês de dezembro de 2021.

Em entrevista ao GP1, o delegado geral da Polícia Civil do Piauí, Luccy Keiko, afirmou que os mandados de prisão temporária e internação provisória foram cumpridos na residência da família, onde a vítima morava, no bairro Uruguai, na zona leste de Teresina. Entre os capturados está o adolescente de 12 anos que seria o "profeta" que a família seguia.


Foto: Reprodução/WhatsAppWesley Carvalho Ferreira
Wesley Carvalho Ferreira

“Tanto os menores quanto os maiores que foram capturados por meio de prisão temporária e internação provisória estavam na casa e presenciaram todo o crime relacionado a criança. Foi pedida a prisão temporária e internação provisória para saber a participação deles nesse crime”, explicou o delegado geral.

O delegado Matheus Zanatta, responsável pelas investigações, destacou que as representações foram realizadas, após contradições apresentadas pelos pais e avós de Wesley, presos desde fevereiro desse ano.

Foto: Lucas Dias/GP1Delegado Matheus Zanatta
Delegado Matheus Zanatta

“Essas medidas judiciais são imprescindíveis para a conclusão das investigações. O fundamento dessas representações foram as contradições existentes entre o interrogatório dos pais e avós da criança desaparecida, por isso a Polícia Civil decidiu efetuar essas novas representações com o intuito de concluir o inquérito policial”, frisou Zanatta.

Prisão temporária prorrogada

A Justiça prorrogou por mais 30 dias a prisão temporária dos pais e avós paternos de Wesley Carvalho Ferreira. Eles são acusados de envolvimento na morte do bebê.

Pais de bebê morto durante ritual em Teresina seguiam 'profeta' de 12 anos

A conselheira Socorro Arraes, do Conselho Tutelar da zona leste de Teresina, afirmou em entrevista ao GP1 que a mãe de Wesley Carvalho Ferreira, de 1 ano e 9 meses, revelou em depoimento que a família do esposo seguia um suposto "profeta", que seria um adolescente de 12 anos.

Segundo a conselheira tutelar, o adolescente, que seria o suposto "profeta", é parente do pai da criança assassinada. “Ela disse que é um adolescente da mesma família, que parece que tem 12 anos. A família toda morava no mesmo espaço aqui em Teresina. Segundo alguns vizinhos, ele estava num culto, levantou e disse que era um profeta”, afirmou Socorro Arraes.

Socorro Arraes disse ainda que a mãe do bebê alegou que estava sendo ameaçada e por isso inventou o sequestro da criança. “A polícia precisa investigar se ela está ou não falando a verdade. Segundo a mãe, ela era ameaçada, coagida e por isso a história do sequestro”, relatou a conselheira tutelar.

Restos mortais da criança

O delegado geral explicou que os restos mortais de Wesley Carvalho Ferreira ainda não foram encontrados, mas ressaltou que existem elementos suficientes para conclusão do inquérito que investiga a morte da criança.

Foto: Alef Leão/GP1Delegado geral Luccy Keiko
Delegado geral Luccy Keiko

“Não sei nem se existem os restos mortais. Estamos preparados para concluir o inquérito com ou sem restos mortais, já temos literatura sobre isso. Lógico que nós vamos explorar isso nesses últimos 30 dias de investigações”, ressaltou Luccy Keiko.

Bebê foi queimado em ritual

O delegado Matheus Zanatta, gerente da Polícia Especializada da Polícia Civil do Piauí afirmou ao GP1 que Wesley Carvalho Ferreira, que desapareceu no final do ano passado, teve o corpo queimado após um ritual satânico com a participação dos próprios pais no Povoado Santa Teresa, zona rural de Teresina.

Com a reviravolta do caso, está descartada a hipótese de sequestro, como havia sido informado falsamente pelos pais e avós do bebê. “Eles [pai, mãe e avós] já foram interrogados e existem alguns fatos obscuros e controversos que precisam ainda ser esclarecidos. A Polícia Civil descarta a hipótese de sequestro e trabalha com outras linhas de investigação. Uma delas é que a família da vítima ficou em jejum duas semanas, orando, e depois sacrificou a criança, colocando fogo no seu corpo”, revelou o delegado.

Segundo depoimento dos pais, a criança havia sido sequestrado no dia 21 de dezembro de 2021 na Praça da Bandeira, no Centro de Teresina, no entanto, o Boletim de Ocorrência, denunciando o crime, somente foi feito no dia 9 de fevereiro, mais de um mês depois do sumiço da criança, fato que gerou suspeita por parte dos investigadores.

Entenda o caso

A Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) abriu investigação para apurar o desaparecimento de Wesley Carvalho Ferreira. Segundo a família, o menino foi sequestrado no dia 29 de dezembro, na Praça da Bandeira, no Centro de Teresina, mas o Boletim de Ocorrência denunciando o crime só foi feito no dia 9 de fevereiro, mais de um mês depois do sumiço da criança.

Em entrevista ao GP1, a tia da criança, Socorro Costa, contou que sentiu falta da irmã e do sobrinho, então resolveu procurá-los, foi então, quando a irmã informou que a criança teria sido sequestrada por dois homens.

“Minha mãe estava com saudades da minha irmã e do neto, quando resolveu ir visitá-los. Ao chegar na casa onde eles moravam na zona rural de Teresina, ela descobriu que minha irmã e o marido tinham se mudado para a Vila Uruguai. Chegamos até a pessoa que tinha feito a mudança deles e descobrimos onde era a casa onde eles estavam morando. Quando chegamos na casa, falei com minha irmã e disse que tinha ido buscar ela e o meu sobrinho para passar o tempo com a mãe, que estava com muitas saudades dois. Foi nesse momento que ela contou que a criança tinha sido sequestrada por dois homens armados na Praça da Bandeira, ou seja, descobrimos a história no dia 9 de fevereiro, mais de 1 mês depois do fato. Então, peguei ela e toda a documentação da criança e fomos até a delegacia e denunciamos o caso. Minha irmã contou que não tinha denunciado o caso antes, porque estava com medo de represália por parte dos criminosos”, falou Socorro Costa.

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