A Polícia Civil do Piauí, por meio da Delegacia Especializada de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), instaurou inquérito para apurar denúncias de desmatamento e grilagem de terras demarcadas pelo Instituto de Terras do Piauí (Interpi) e cedida para a tribo Akroá Gamella, situada no município de Santa Filomena, no Sul do Piauí. Um suspeito de cometer o crime já foi indentificado.
A informação foi confirmada ao GP1 pelo delegado Emir Maia, titular da DPMA, que informou a ocorrência do desmatamento de uma grande área dentro da reserva indígena com uso de correntões e trator. Desse modo, comprovada a materialidade do crime, os depoimentos do cacique da tribo e do seu filho serão colhidos ainda nesta sexta-feira (16), em Gilbués. Com o avanço das investigações, um fazendeiro apontado como suspeito de ser autor do crime já foi identificado e agora o inquérito está na fase de colher indícios de autoria.
"Recebemos essa denúncia através de uma ONG, que estaria havendo grilagem e desmatamento em uma terra cedida pelo Interpi para a tribo de etnia Akroá Gamella. Nós viemos aqui ao local que fica em um lugar de difícil acesso entre as cidades de Santa Filomena, Bom Jesus e Gilbués. Constatamos o desmatamento e já temos um suspeito em evidência. Entretanto, é necessário colher mais informações porque as máquinas foram retiradas dos locais, o cacique da tribo tem medo de depor e isso prejudica um pouco as investigações", narrou o delegado Emir Maia.
Nos próximos dias, a perícia ambiental será feita no local e a polícia cumprirá mandados de busca e apreensão. "Agora estamos solicitando exame pericial, vamos pedir busca e apreensão das máquinas e estamos diligenciando em Gilbués para identificar quem alugou esses maquinários, de quem é esses maquinários, porque foram utilizados tratores e correntões [para desmatar a área]", detalhou Emir Maia.
A ação policial contou com apoio das equipes da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Piauí (Semar) e do RONE de Teresina.
Terras têm alto valor
O delegado Emir Maia informou ainda que as terras cedidas a tribo Akroá Gamella de 7 mil hectares são visadas devido a uma fonte de água mineral presente no local e também pelo alto valor de mercado que é em torno de R$ 50 mil por hectare desmatado e pronto para plantio.
"A área cedida aos povos indígenas tem em torno de 7 mil hectare. Ainda não sabemos a área desmatada, mas sabemos que tem alto valor, pois tem um minadouro de água mineral que vem de uma caverna e muita terra para o plantio de soja, por isso [a terra] está sendo desmatada. Um hectare de terra desmatada em Bom Jesus vale cerca de R$ 50 mil. Então, o interesse econômico é muito grande", apontou.
70 hectares já foram desmatados em área próxima a reserva
Ainda de acordo com as informações repassadas pela Polícia Civil, os casos de grilagem e desmatamento de áreas protegidas são recorrentes na região. Inclusive, em uma área próxima as terras da tribo Akroá Gamella, foram desmatados 70 hectares que também foram cedidos pelo Interpi a uma comunidade tradicional.
"Ao lado dessa tribo a Semar autuou em R$ 1 milhão de reais um fazendeiro que está grilando as terras de uma comunidade de povos tradicionais que também foi cedida pelo Interpi. Nós também estivemos no local e a área desmatada foi de 70 hectares. Isso vai ser objeto de novo inquérito policial", acrescentou o delegado Emir Maia.
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