O Conselho Regional de Medicina do Piauí (CRM-PI) interditou, na manhã desta quinta-feira (01), o Hospital Geral do Buenos Aires, na zona norte de Teresina. A Interdição Ética Parcial foi decidida ainda na noite dessa quarta (30) após a constatação de diversas irregularidades.
O presidente do CRM-PI, Dagoberto Silveira, esteve no hospital e explicou algumas das irregularidades que foram constatadas no hospital durante as fiscalizações. "Nós tivemos casos de crianças que foram atendidas por telefone, quando uma neonatologista estava informando a uma atendente de enfermagem como proceder. Além disso, nós temos problemas de insumos como a falta de medicamentos. Em março nós constatamos problemas nos equipamentos de fototerapia, mas não resolveram e isso vem protelando, gente vinha fazendo as vistorias, mandando relatórios e não tivemos resposta. Então, nós tivemos que tomar a decisão de interdição”, explicou.
Morte por falta de médico
O presidente disse ainda que foi constatada pelo menos uma morte por falta de médicos e defendeu que a culpa desses problemas é da gestão pública. “Segundo as informações dos próprios médicos houve pelo menos uma morte por falta de médico. E o que acontece muito também é que sempre se pensa que o médico é o culpado e não é. Os culpados são os gestores que não tomam providências”, enfatizou Dagoberto Silveira.
Pacientes internados
A vice-presidente do CRM-PI, Mírian Parente, explicou que os pacientes que já estão internados não serão prejudicados com a interdição do hospital. "A interdição do Conselho vai ser das portas, ou seja, o paciente não vai ser atendido caso ele chegue ao Hospital Buenos Aires ou à Maternidade, nem por entrada nem por regulação. No entanto, os pacientes já internados vão continuar seu atendimento normal até seja resolvida essa situação. A gente espera que a prefeitura resolva isso o mais rápido possível, depende dos gestores”, afirmou.
FMS
O presidente da Fundação Municipal de Saúde (FMS), Gilberto Albuquerque, acompanhou a interdição do hospital e afirmou que algumas demandas apontadas pelo CRM já estão sendo resolvidas.
“Nós estivemos discutindo com o CRM, o Ministério Público, levantando as solicitações, muitas delas já foram dadas andamento, outras com certeza serão aceleradas daqui para frente e nós seguiremos aqui fazendo tudo o que for possível”, declarou Gilberto Albuquerque.
“Nós temos vários itens aqui apontados. O primeiro item, que foi a principal queixa do CRM, a ausência dos dois diretores geral e administrativo, o prefeito já nos assegurou que vai tomar providências muito em breve”, completou o presidente da FMS.
Ministério Público
O promotor de Justiça e chefe de gabinete do Ministério Público do Estado, Eny Marcos Vieira Pontes, enfatizou que os problemas nos hospitais públicos de Teresina são constantes. “Isso não é novidade na saúde pública da Capital. Há dois anos assistimos às dificuldades para os profissionais da saúde trabalharem, com a falta de insumos, com escalas incompletas e com episódios de falecimento”, falou.
O promotor afirmou ainda que para tomar medidas judiciais é preciso apurar as responsabilidades. "Agora para responsabilizar nós temos tem que apurar. Essa notícia do falecimento de um bebê que foi atendido por telemedicina é insustentável. Uma maternidade tem que ter na sua escala, diariamente, neonatologista para atender pessoalmente esses bebês. Não se resolve medicina dessa forma. Não se resolve saúde pública dessa forma", enfatizou.
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