O delegado Anchieta Nery, titular da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI), explicou ao GP1 nesta segunda-feira (09) como grupos criminosos têm se articulado para lograr êxito com o ‘golpe do boleto’, tipo de crime que usa como meio para perpetuá-lo o ambiente cibernético. Nessa sexta-feira (06), o empresário Pedro Veloso Nogueira Neto acabou sendo preso em flagrante suspeito de integrar o esquema que gerou prejuízo inicial de mais de R$ 100 mil a empresas no estado do Piauí e pode chegar até R$ 2 milhões.
Conforme o delegado, várias pessoas têm utilizado o ambiente digital oferecendo serviços, o chamado Crime as A Service – grupos que disponibilizam vários serviços com o intuito de tocar o crime através da internet.
“A gente tem algo hoje chamado de Crime as A Service, onde vários criminosos estão ofertando seu serviço em especifico na internet e alguém, com vontade e interesse, reúne esses vários serviços e coloca em andamento uma engenharia criminosa. Por exemplo, alguém pode ofertar o serviço de invadir o sistema de determinada empresa, outra pessoa pode ofertar o serviço de manipular contas bancárias para receber dinheiro proveniente de golpe”, ressaltou.
Uma dessas formas foi utilizada para aplicar o golpe do boleto em uma empresa específica que atua no ramo de prestação de serviços no estado do Piauí. “Então a gente tem uma associação criminosa, onde alguém conseguiu o acesso ao sistema de uma empresa do Piauí, disparou boletos falsos para vários clientes dessa empresa e alguns clientes, por terem recebido o boleto a partir do e-mail de uma empresa com quem eles realmente tinham uma relação comercial, caíam em erro e faziam o pagamento”, explicou.
Investigações
Com o registro das denúncias, formalizadas através de Boletim de Ocorrência na semana passada, a Polícia Civil passou a monitorar o caminho da fraude até chegar na instituição financeira, na qual a conta bancária para recebimento dos valores foi cadastrada nos falsos boletos.
“A partir do momento em que as vítimas começaram a registrar Boletim de Ocorrência, a nossa equipe de investigação fez uma análise desses dados, identificou as pessoas envolvidas e essa investigação terminou na prisão em flagrante desse cidadão em uma agência bancária de Teresina. Foi um trabalho de investigação policial com base nos dados que constavam nos boletins de ocorrência e partimos para uma vigilância, verificamos a movimentação suspeita na agencia bancária, ele se preparou para levantar um valor de mais de 100 mil reais que haviam sido creditados em três boletos falsos do dia anterior e a gente conseguiu êxito”, pontuou.
Atuação do empresário no esquema criminoso
O delegado Anchieta Nery frisou que o grupo investigado possui tarefas específicas. No caso do alvo preso nessa sexta-feira (06), o empresário Pedro Veloso Nogueira Neto, ele é tido como a pessoa de frente, responsável por usar a sua imagem para ter acesso aos valores extraídos do golpe do boleto.
“Ele aderiu à associação criminosa na função de emprestar sua pessoa física e jurídica para receber o dinheiro dos golpes, movimentar esse dinheiro e receber sua parte no intento criminoso. A identificação e o desenho da conduta só vamos manifestar no final da investigação”, frisou.
Pedro Veloso foi preso em flagrante na manhã dessa sexta-feira (06) em um agência bancária, localizada no bairro Cabral, centro-norte de Teresina. No sábado (07), o juiz de direito da Central de Inquéritos de Teresina, Cleber Roberto Soares de Souza, homologou o flagrante e decretou a prisão preventiva do empresário.
Prejuízo financeiro pode chegar a R$ 2 milhões
Os policiais da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática identificaram que foram gerados cerca de R$ 2 milhões em boletos falsos, no entanto, até o momento a Polícia Civil conseguiu detectar boletos falsos que, juntos, chegam ao valor de R$ 166 mil.
“Esse valor é o valor financeiro de todos os boletos gerados por essa pessoa jurídica, usada para lesar as empresas piauienses. Então, em um espaço de 60 dias, mais ou menos, foram gerados 2 milhões de reais em boletos para lesar vítimas no Piauí, pode ser que muitas pessoas tenham caído, mas até agora foram identificadas quatro empresas vítimas. Portanto, o limite desse dano, quanto desses 2 milhões de reais os empresários realmente chegaram a perder, a gente ainda não fechou, só ao final da investigação. Esses 166 mil é um valor inicial das vítimas que procuraram a DRCI”, finalizou.
Ver todos os comentários | 0 |