Motoristas e cobradores de ônibus paralisaram as atividades, nesta segunda-feira (25), em Teresina. De acordo com Cândido Pessoa, líder do movimento, menos de 10% da frota está circulando na Capital. Os trabalhadores estão concentrados na garagem do Consórcio Theresina, na BR 343, na zona sudeste.
Cândido enfatizou que o movimento não tem relação com o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transportes Rodoviários do Piauí (Sintetro), mas sim é uma iniciativa dos próprios trabalhadores.
“Isso é um movimento paralelo ao sindicato, não tem nada a ver com greve é um movimento paradista, porque quando alguém é sufocado demais chega ao ponto que ele vai reagir, aqui não tem ninguém obrigando ninguém a não sair, não existe isso”, ressaltou Cândido.
Ainda segundo o líder do movimento, os trabalhadores reivindicam pagamento do ticket alimentação e cumprimento de Medida Provisória que trata da redução da jornada de trabalho.
Ticket
Em relação ao ticket, Cândido explicou que o pagamento foi feito nos últimos dois meses, mas que eles ainda não receberam na nova gestão. “O repasse dos tickets de alimentação pela prefeitura não foi feito, esse repasse havia sido feito há dois meses, porém agora não recebemos, segundo o secretário de Finanças [Robert Rios] por causa de irregularidades no processo do Setut, só que nós trabalhadores não podemos ser penalizados por irregularidades do Setut, poderia ser feito logo esse repasse aos trabalhadores e depois a prefeitura acertava as contas dela com o Setut”, afirmou.
“O que não pode é continuar acontecendo o que vem acontecendo há 9 meses que é o trabalhador ser penalizado e ser cobrado pelos erros dos empresários, o trabalhador tá tendo que pagar as contas dos empresários enquanto as contas do trabalhador estão em débito e agora vem o secretário de Finanças e põe o pé no pescoço da gente”, criticou.
Medida Provisória
Eles também cobram o cumprimento de MP (Medida Provisória) que, segundo Cândido, há 9 meses não vem sendo cumprida. “Não está sendo cumprindo sequer os 30% do salário que deveria ser pago pelos empresários e também tem a questão da manutenção, por exemplo, uma garagem do Consórcio Theresina engloba cinco empresas e tem um determinado trabalhador que trabalha em uma determinada empresa e ele é obrigado a prestar serviço a outra empresa, quer dizer, ele tá trabalhando em cinco empresas sendo que não tá recebendo sequer por uma”, relatou.
“Nós queremos uma atitude imediata porque já foram feitas muitas tentativas de negociações foram dadas duas semanas, do dia 10 até agora, e os empresários não se manifestaram em absolutamente nada e o secretário de Finanças só barrou o processo e não deu nenhuma satisfação”, declarou.
O que diz a Medida Provisória n° 936 do Governo Federal
A Medida Provisória n° 936 instituiu o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda com objetivo de preservar o emprego e a renda; garantir a continuidade das atividades laborais e empresariais; e reduzir o impacto social decorrente das consequências do estado de calamidade pública e de emergência de saúde pública.
Como medidas do programa estão: o pagamento de Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda; a redução proporcional de jornada de trabalho e de salários; e a suspensão temporária do contrato de trabalho.
De acordo com a MP, "a empresa que tiver auferido, no ano-calendário de 2019, receita bruta superior a R$ 4.800.000,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais), somente poderá suspender o contrato de trabalho de seus empregados mediante o pagamento de ajuda compensatória mensal no valor de trinta por cento do valor do salário do empregado, durante o período da suspensão temporária de trabalho pactuado, observado o disposto no caput e no art. 9º".
Clique aqui e confira a MP na íntegra
Usuário
O GP1 ouviu Bruno Alisson, que trabalha no setor administrativo de uma empresa de engenharia e que utiliza o transporte público diariamente. Ele relatou que estava há mais de uma hora esperando um ônibus.
“A sensação é horrível porque a gente que depende de transporte público sai no horário e fica sem saber o que fazer, é complicado. Estou aqui há uma hora e até agora só passou uma van, mas estava lotada”, contou.
Para Bruno, falta diálogo entre os trabalhadores e a prefeitura. “É um direito deles, mas por outro lado complica para outras pessoas que dependem do transporte. Eles deveriam entrar em um acordo para poder se ajudar e nos ajudar também, tem que ter esse acordo porque senão sempre vai ter isso”, afirmou.
Questionado como ele iria fazer para ir ao trabalho caso não aparecesse ônibus, ele disse que recorreria ao transporte por aplicativo. “Vou ter que chamar um Uber, porque não podemos ficar sem trabalhar. Só para ir está dando R$ 20,00, imagina se a paralisação continuar, vai ser mais um desconto do salário”, lamentou.
Reunião
A categoria conseguiu uma reunião com Dr. Pessoa que está marcada para as 11 horas, desta segunda-feira, na Prefeitura de Teresina.
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