A quebra dos sigilos telefônicos do jornalista Arimatéia Azevedo e do professor da UESPI, Francisco de Assis Barreto, autorizadas pela Justiça, segundo o juiz Vademir Ferreira Santos, comprovaram a denúncia de extorsão qualificada, praticada contra um médico de Teresina, que resultou nas prisões dos dois acusados nas primeiras horas da manhã desta sexta-feira (12), pelo Grupo de Repressão ao Crime Organizado (GRECO), na Capital.
Na decisão obtida pelo GP1, em que foi autorizada a expedição dos mandados de prisão solicitados pela Polícia Civil do Piauí, o juiz da Central de Inquéritos, Valdemir Ferreira Santos, ressaltou “que foi solicitada a interceptação telefônica dos investigados, através da qual foi possível constatar a veracidade dos fatos narrados pela vítima, tendo em vista o cruzamento das ligações entres os investigados e a vítima, indicando que houve uma série de tentativas de negociações prévias, antes que o crime se consumasse, bem como a forma como se deu a consumação deste delito”, diz trecho da decisão.
- Foto: Reprodução/FacebookArimateia Azevedo
Como se deu a extorsão
Em 22 de fevereiro de 2020, o médico (vítima) procurou a sede do GRECO, onde prestou depoimento, relatando que em 06 de janeiro deste ano, José de Arimatéia Azevedo publicou no portal AZ uma matéria contendo informações a respeito de um problema ocorrido durante um procedimento cirúrgico realizado pelo médico, expondo-o de forma negativa.
Um dia após a publicação da reportagem, um interlocutor de Arimatéia de Azevedo entrou em contato com a vítima, afirmando que o jornalista havia declarado que novas matérias seriam publicadas, a menos que fosse realizado um acordo financeiro com o objetivo de travar as publicações.
Nesse mesmo dia, o jornalista entrou em contato com a vítima, informando que havia um dossiê contra o médico, que a vítima deveria aceitar fazer um acordo financeiro a fim de que o conteúdo não fosse ao ar. No dia 08 de janeiro, Francisco de Assis Barreto, homem de confiança do jornalista, passou a manter contato com a vítima, com o objetivo de informar como se daria o acordo, a princípio, no valor de R$ 50 mil e que depois baixou para R$ 20 mil, dividido em duas parcelas.
- Foto: Reprodução/FacebookProfessor Francisco Barreto
A vítima acabou cedendo às pressões e realizou o pagamento em duas vezes, o último deles em 21 de janeiro de 2020. A partir dessa data, o médico não foi mais procurado pelos acusados e resolveu levar o caso ao conhecimento do GRECO no dia 22 de fevereiro, que deu início às investigações que culminaram com as prisões na manhã desta sexta-feira (12).
Todas as informações relatadas no depoimento do médico, foram comprovadas a partir da quebra de sigilo telefônico.
Arimateia já havia sido preso em 2005
De acordo com o delegado responsável pelo inquérito, Laércio Evangelista, o jornalista Arimatéia Azevedo já havia sido preso no ano de 2005 por crime de extorsão e, atualmente, responde a outros processos. “O jornalista já foi preso em 2005, usando essa mesma modalidade delitiva de extorsão e, além disso, já responde a diversos outros inquéritos por calúnia, difamação, ameaça e mesmo extorsão. O jornalista será encaminhado para o sistema prisional, há outras investigações em trâmite ainda, inclusive, um inquérito criminal que apura falsidade de documento público, e seguiremos com as investigações a partir do material que foi apreendido em busca de outras formas que levem ao possível indiciamento do jornalista”, frisou o delegado.
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