O mundo todo tem acompanhado a polêmica que envolve o uso da hidroxicloroquina em pacientes diagnosticados com Covid-19. No Brasil, sobretudo no Piauí, esse tema ganhou força nos últimos dias devido a popularização do protocolo da médica Marina Bucar, que prevê a utilização do medicamento ainda no início do tratamento dos infectados pelo coronavírus.
O método, que tem dividido opiniões, vem sendo aplicado no hospital público de Floriano (PI), Tibério Nunes e, segundo relatos da médica Marina Bucar e do corpo médico da unidade de saúde, os resultados alcançados estão sendo positivos.
Sobre o tema, o GP1 conversou com o ex-deputado estadual e atual pré-candidato à Prefeitura de Teresina, o médico Dr. Pessoa (MDB). Ele foi bastante prudente ao falar sobre o uso da hidroxicloroquina e explicou que esta postura mais cautelosa é motivada pelas incertezas que circundam a eficácia comprovada da medicação no tratamento da Covid-19.
- Foto: Alef Leão/GP1Dr. Pessoa
Pessoa fez questão de esclarecer que sua visão sobre o assunto não é uma crítica aos esforços dos colegas de profissão que estão buscado meios para combater o vírus.
“Quero deixar claro que não estou criticando protocolo de ninguém, muito pelo contrário. Quero mesmo é destacar a dedicação dos meus colegas para combater essa doença. Mas não partiria de mim [receitar hidroxicloroquina]. Agora, se um paciente viesse com ideia de usar a medicação, eu prescreveria porque não iria deixar um paciente desamparado, mas eu pediria que assinasse um termo se responsabilizando e explicando que está partindo dessa pessoa o interesse de usar. Eu trabalhei minha vida toda salvando vidas, com a graça de Deus em primeiro lugar e isso não vai mudar nunca. Porém, não posso deixar de destacar as incertezas que cercam o uso desse remédio”, colocou o ex-deputado.
Negligentes
Dr. Pessoa também criticou a negligência do poder público quanto a prevenção da Covid-19. “Se o poder público tivesse sido responsável desde o início, instalando pias em locais públicos, disponibilizando sabão, ensinando as pessoas que o uso da máscara é importante, que o uso do álcool é importante, se os gestores tivessem organizando o distanciamento social, o nosso País não estaria nessa situação. Era preciso ter feito fiscalização nas barreiras, medindo temperatura das pessoas, vendo se tinham sintomas, [assim] não teríamos chegado a esse ponto. Essa pandemia era de conhecimento [público] desde o final do ano passado, mas, preferiram deixar o carnaval acontecer para ter lucro e deixar o povo morrer”, criticou Pessoa.
Tratamento liberado pelo Ministério da Saúde
Nesta quarta-feira (20) o Ministério da Saúde divulgou o protocolo que libera o Sistema Único de Saúde (SUS) a utilizar o uso de cloroquina para o tratamento de pacientes infectados pelo coronavírus. Com esse protocolo, o medicamento, que antes era administrado apenas em casos graves, agora pode ser utilizado em casos mais leves da doença.
O Ministério da Saúde informou que é necessário que o paciente autorize o uso da medicação, com a assinatura de um termo de consentimento. O protocolo destacou ainda que o paciente deve ser informado sobre os efeitos colaterais da cloroquina, relacionados a disfunção grave de órgãos, ao prolongamento da internação, à incapacidade temporária ou permanente, e até ao óbito.
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