O juiz Valdemir Ferreira Santos, da Central de Inquéritos da Comarca de Teresina, decretou a prisão preventiva de quatro hackers identificados como Deivid Rodrigues de Oliveira, Franciel Arnaud Pinto, Naysa Regina dos Santos Câmara e Rodrigo Cunha das Neves presos pelo Grupo de Repressão ao Crime Organizado (GRECO), na última quarta-feira (16). A decisão foi dada na quinta-feira (17).
Nos autos, o magistrado considerou que a prisão preventiva foi decretada devido aos crimes de organização criminosa e falsificação de documentos para realizar golpes, sendo que devido à gravidade, pode fomentar outros delitos. "A prisão desses integrantes da organização se revela extremamente necessária para evitar a reiteração delitiva, além de que a própria gravidade concreta dos fatos (como acima exposto) recomenda a imposição da segregação como forma de proteger a ordem pública", afirmou.
"No caso concreto, como visto, não se trata de uso de documento falso realizado de forma aleatória, mas sim, ao que tudo indica, de uma organização criminosa idealizada justamente para promover golpes a inúmeras pessoas de baixa renda, ficando bastante claro que os autuados agiam de forma extremamentee organizada", destacou o juiz.
- Foto: Divulgação/SSP-PIAcusados presos pelo GRECO
Consta ainda que a prisão dos acusados vai proporcionar o avanço das investigações e a elucidação dos demais autores, "uma vez que soltos há nítido risco de que os agentes possam manter contato com os comparsas e dificultarem o desfecho exitoso da investigação".
Ao final, o juiz acolheu o pedido da defesa de Deivid e determinou a realização de exames para constatar se ele foi vítima ou não de torturas e maus-tratos. Em caso de positivo, o caso deverá ser investigado pela Delegacia de Proteção dos Direitos Humanos e ao Núcleo de Controle Externo da Atividade Policial.
Entenda como atuava os hackers
Em entrevista ao GP1 na quarta-feira (16), o coordenador do Grupo de Repressão ao Crime Organizado – GRECO – delegado Tales Gomes, explicou como atuavam os quatros hackers presos em Teresina, suspeitos de aplicar golpes bancários no interior do Piauí.
Conforme o delegado, os suspeitos agiam inicialmente conseguindo dados de clientes correntistas, em seguida o grupo conseguia documentos das vítimas e com isso, os dados eram apagados e trocados por outros.
“Nossa equipe de investigação levantou informações sobre a presença desse grupo aqui em Teresina e eles são hackers, que obtinham dados para fazer saques. Identificamos um dos locais onde eles estavam hospedados, cumprimos a busca e a apreensão, fizemos a vigilância e constatamos através destas vigilâncias, que o Deivid era o responsável por conseguir os dados dos correntistas; o Franciel, a partir desses dados, pegava documentos verdadeiros, apagava o conteúdo desses documentos, substituía os dados dos correntistas e colocava a foto da Naysa e do Rodrigo para que eles fossem até o interior do estado, em cidades de Campo Maior, Altos, Piripiri, José de Freitas, Floriano”, explicou.
- Foto: Fábio Wellington/GP1 Coordenador do GRECO, delegado Tales Gomes
Três crimes
Ainda conforme o delegado Tales Gomes, os suspeitos estavam no Piauí há cerca de dois meses e vão ser autuados pelos crimes de organização criminosa, uso de documentação falsa e estelionato.
“Eles compareciam as agências bancárias e efetuavam os saques, estavam aqui no Piauí há cerca de dois meses. Nos últimos 15 dias começamos as investigações. Eles vão ser autuados por organização criminosa, uso de documentação falsa e estelionato e após o interrogatório serão encaminhados para o sistema prisional”, ressaltou.
Dados de 5 mil pessoas
Os quatro suspeitos são oriundos dos estados do Pará e Maranhão. Nos computadores deles, os investigadores do GRECO encontraram cerca de 5 mil dados de pessoas. “Eles são do Pará e do Maranhão, os três homens são do Pará, e a mulher do Maranhão. Dois deles, no caso o Deivid e o Rodrigo já respondem pelos mesmos crimes e já têm um grau de amizade de um bom tempo, são da mesma região. Conforme a narrativa da Naysa aqui, ela é garota de programa, talvez desse contexto tenha surgido uma aproximação do grupo. Nossas investigações chegaram a encontrar dados de 5 mil pessoas nos computadores deles, que estavam atuando aqui, mas já estiveram em outros estados”, finalizou.
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