Uma fisioterapeuta de 30 anos foi presa em flagrante nesta terça-feira (24), acusada de torturar a própria filha de 6 anos, na cidade de Parnaíba, litoral do Estado. A informação foi confirmada pelo delegado Eduardo Aquino.
O delegado relatou que estava de plantão, quando o caso chegou até ele: “Ela foi levada pelo Conselho Tutelar, depois de uma denúncia da escola. A menina chegou com manchas e bastante lesionada, a professora então chamou o Conselho Tutelar, que chamou o grupamento que cuida de crimes de violência doméstica e eles a levaram até a minha presença, na Central de Flagrantes”.
Segundo o delegado, o exame de corpo de delito comprovou as agressões: “Em virtude dessa situação, a gente adotou as providências, eu encaminhei a criança para fazer o exame de corpo de delito e foram constatadas as lesões, o perito atestou que as lesões foram praticadas de forma cruel, ele colocou isso no laudo”, afirmou.
“Após colher o termo de informação da criança corroborado com outras testemunhas, com professores que relataram que a menina já havia ido ao colégio com outras lesões e corroborado ainda com o que atestou o perito, no sentido de que as lesões presenciadas na criança umas eram antigas e outras eram recentes, dá para se ter a certeza da continuidade das lesões”, declarou o delegado.
- Foto: Lucas Dias/GP1Delegado Eduardo Aquino
Aquino disse ainda que, apesar da idade, a criança soube relatar os detalhes: “Apesar de ser uma criança de apenas 6 anos, ela é muito articulada, conseguiu relatar em detalhes a violência que vinha sofrendo em casa”, contou.
Questionado se a menor falou há quanto tempo vinha sofrendo as agressões, o delegado afirmou que a vítima não soube relatar temporalidade dos fatos. “Eu cheguei a perguntar, mas uma criança dessa idade não sabe precisar nada de tempo e espaço, o fato é que a mãe, no interrogatório, disse que foi a única vez que tinha batido na filha, o que não foi confirmado no laudo e por outros depoimentos de professores, de que ela [criança] já havia aparecido na escola com outras lesões”.
A autoridade policial declarou ainda que a menor apontou que o apanhava também do padrasto: “A criança relatou que apanha de vareta, cipó, cinto, disse também que apanha muito do padrasto, mas ele não foi encontrado e por isso não foi levado à central para ser autuado também, posteriormente ele se apresentou com o advogado, foi ouvido e a princípio vai responder em liberdade”, explicou.
“Ela relatou que o padrasto bate muito nela também, ele negou, disse que não tinha nada a ver com isso, a mãe também negou, disse que ele nunca participou de nada. Foi relatado que a menina contou para algum professor que ele [padrasto] a obriga a chamá-lo de pai, e que quando ele não o chama de pai, ele se zanga”, mencionou o delegado.
A Delegacia do Menor de Parnaíba vai continuar com as investigações e que a mãe foi autuada por tortura: “A investigação vai continuar pela delegacia responsável, no meu caso só foi a autuação, diante do fato que me foi apresentado, no meu plantão, eu entendi é que o fato estava adequado tipicamente no crime de tortura, por tudo que foi colhido e levantado, não restou dúvidas que se trata de um crime de tortura”, garantiu Eduardo Aquino.
A criança ficará sob a responsabilidade de uma professora: “Há uma previsão na lei para que o Conselho Tutelar recolha a criança vítima de violência, a menos que tenha parentes próximos ou por afeição que possam ficar com a criança, o que foi o caso. A criança foi entregue a uma professora da escola, que tinha afinidade com ela”, disse.
A menor também estava mal alimentada e com a higiene precária: “Essa professora [que ficou com a criança] me relatou que assim que a menina chegou à casa dela e que ela foi dar um banho, percebeu que ela estava infestada de piolho, e ela teve que ir até à farmácia comprar um medicamento, e que ela estava muito mal tratada e mal alimentada, dava para ver, com uma conversa simples dava pra ver que era uma criança que estava realmente em estado de vulnerabilidade, em termo de higiene, enfim, de ver que ela estava amedrontada”, descreveu.
“Tomei essas primeiras medidas, a partir de agora a mãe está à disposição da Justiça, o flagrante foi entregue e a juíza vai analisar, se concordar com a minha tipificação, ela vai permanecer presa por que o crime é inafiançável”, finalizou.
A mãe está na Central de Flagrantes de Parnaíba aguardando decisão da Justiça.
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