Na manhã desta quinta-feira (15), juízes federais e procuradores da República realizaram uma manifestação contra os ataques sofridos pelos magistrados nos últimos meses. O protesto aconteceu por volta das 10h, no 2º andar do prédio da Justiça Federal, na Avenida Miguel Rosa, na zona Sul de Teresina.
Em entrevista ao GP1, o procurador Kelston Lages, afirmou que o protesto é uma forma dos magistrados demonstrarem “repúdio” ao conjunto de “ações que vem sendo feitas em desfavor ao Ministério Público, a magistratura da União”.
Segundo o procurador, o Judiciário sofre uma retaliação por tentar combater a corrupção. Os magistrados entendem que com a condenação de poderosos em operações como a Lava Jato, estão ligadas diretamente às duras críticas que o Judiciário vem recebendo.
“Isso tudo sem dúvida nenhuma é uma retaliação ao combate de corrupção jamais feito no país e que agora precisa ser continuado”, afirmou o procurador. Kelston ainda falou sobre a Lei de Abuso de Autoridade, que segundo ele “criminaliza a própria atividade normal do juiz e do procurador”.
Quando o assunto é o recebimento do auxílio-moradia por membros do Judiciário, o procurador disse que está sendo feita uma distorção de informações. “Uma campanha mentirosa, uma campanha sórdida, contra esse auxílio-moradia. Distorcendo informações quanto a extensão, quanto a abrangência desses benefícios. Então são exemplos típicos, demonstrações claras de ataques e estamos aqui para repudiá-los”, disse.
Associação dos Juízes Federais do Piauí
A presidente da Associação dos Juízes Federais do Piauí, Marina Cavalcante, afirmou que essa mobilização é importante para “chamar atenção da sociedade” obre os “juízes que queremos ter, os procuradores que queremos ter”. A juíza também acredita que as críticas surgiram com a condenação de autoridades.
“Nós estamos vendo pela primeira vez muitos poderosos nos bancos dos réus e nas prisões. Então isso gera um impacto enorme na sociedade. Naturalmente esses réus, que nunca imaginaram ser réus, vão reagir a essa realidade e vão tentar impedir nossa independência, nos amordaçar”, disse Marina Cavalcante.
Questionada sobre o recebimento do auxílio-moradia, Marina disse que vê as críticas como algo “natural da democracia”. O Supremo Tribunal Federal vai julgar no próximo dia 22 de março o auxílio recebido pelos magistrados.
“Nós apresentamos nossos argumentos nos autos. O Supremo vai julgar com a independência natural dele. Assim como recebemos os ataques pelo auxílio-moradia, nós queremos responder a esses ataques democraticamente. O auxílio-moradia está previsto na lei desde a década de 80 e nunca foi revogada. Várias outras carreiras recebem auxílio-moradia”, afirmou a juíza.
“Estamos sendo massacrados pelos donos do poder, é isso que na prática está acontecendo”, concluiu a presidente da associação.
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