O ex-policial militar Igor Gabriel de Oliveira Araújo foi condenado nesta quinta-feira (15), pela 1ª Vara do Tribunal do Júri, a uma pena de 16 anos e 15 dias, pelo homicídio qualificado contra Alan Lopes Rodrigues da Silva no dia 20 de fevereiro de 2016. Alan foi morto com cinco tiros durante uma confusão em um posto de combustíveis da João XXIII, zona leste de Teresina. Alan era filho de um oficial de Justiça.
O julgamento começou às 9h e foi conduzido pela juíza Zilnar Coutinho. O promotor Régis Marinho foi o responsável pela acusação e o advogado Faustino Sá cuidou da defesa do ex-policial. Seis homens e uma mulher fizeram parte do júri. Ao ler a decisão, a juíza destacou que o ex-policial, de forma impiedosa e por motivo fútil, tirou a vida de Alan que estava desarmado e sozinho, enquanto ele estava com mais dois amigos.
A pena deverá ser cumprida em regime fechado na penitenciária Irmão Guido. A juíza Zilnar Coutinho ainda determinou que ele deverá permanecer preso até o trânsito e julgado da sentença.
- Foto: Lucas Dias/GP1Igor Gabriel prestou depoimento no 1º Tribunal do Júri
Em entrevista ao GP1, o promotor Régis Marinho afirmou que o acusado cometeu o crime de maneira fútil, porque a vítima estava em uma loja de conveniência que já tinha fechado e o acusado pediu que ele comprasse um fardo de cerveja. O pedido foi negado e a confusão teria começado após Alan sair do estabelecimento.
Em depoimento, o ex-policial disse que usou a arma em legítima defesa, após ver Alan brigando com o seu amigo Marcos Alves, filho do prefeito de Avelino Lopes Dióstenes Alves. Ele afirmou que Alan fez menção de sacar uma arma e por isso fez seis disparos, um no chão e mais cinco na vítima. Na ocasião ele negou a informação que trabalhava como segurança do filho do prefeito. Nenhuma arma foi encontrada com Alan.
- Foto: Lucas Dias/GP1Julgamento de Igor Gabriel no 1º Tribunal do Júri
Acusado conhecia a vítima
A namorada de Alan na ocasião do crime também prestou informações no julgamento desta quinta-feira, mas na condição de informante, pois ela não estava no local. Ela e a vítima namoravam há quatro anos quando o assassinato aconteceu. Ela chorou bastante e afirmou que conhecia o ex-policial Igor, pois os dois trabalharam juntos em uma farmácia e que o acusado e a vítima se conheciam de vista, pois Alan ia buscá-la no trabalho. Ela negou que tenha tido qualquer tipo de relacionamento amoroso com o acusado.
- Foto: Thais Guimarães/GP1Francisco Lopes, pai da vítima Alan Lopes
O pai da vítima confirmou a versão que os dois se conheciam e disse não entender o que motivou o crime. "Eles se conheciam. Eu não conhecia ele. Eles jogavam bola juntos. Eu me pergunto [o que teria motivado o crime]. Muitas pessoas me fazem essa pergunta e eu não tenho essa resposta. Saber porque o Igor matou o Alan. Qual era o motivo? Antes dele ser policial, eles se conheciam e jogavam bola no clube da Agespisa. A namorada do Alan trabalhava com o Igor. Então é uma coisa, onde não tenho essa resposta para dar”, disse Francisco Lopes.
Relembre o caso
O ex-soldado Igor Gabriel estava com o filho do prefeito Dióstenes Alves, de Avelino Lopes, identificado como Marcos Alves, quando se envolveu em uma confusão em um bar. Os dois então, na companhia de uma terceira pessoa se deslocaram até a loja de conveniência Yellow, localizado no posto Shell da João XXIII para comprar bebidas.
Segundo relatos de uma testemunha à polícia, o proprietário do estabelecimento informou que o local já estava fechado. O ex-policial então, teria mostrado sua carteira funcional da PM e sua arma afirmado que iria atirar na porta caso não fosse atendido. Nesse momento, a vítima estava saindo do estabelecimento.
- Foto: Facebook/Alan RodriguesAlan Lopes
Ainda de acordo com o depoimento da testemunha, Alan Lopes foi abordado pelo ex-policial, que tentou obrigá-lo a buscar bebida para eles. Como a vítima se recusou, teria sido agredida fisicamente pelo filho do prefeito. A testemunha ainda afirmou que o ex-policial e o filho do prefeito tentaram entrar a força no estabelecimento, como Alan tentou impedir, acabou sendo morto pelo ex-PM, com cinco disparos.
Outro crime
Igor Gabriel, que estava foragido desde julho de 2016, foi preso em dezembro do ano passado, em um sítio localizado na Usina Santana, região do bairro Todos os Santos, na zona sudeste de Teresina. No local, a polícia encontrou parte de uma carga de café que havia sido roubada em Altos.
Outro ex-policial identificado como Luiz Bruno de Meneses, dono do sítio, e o empresário Licínio Francisco também foram presos na ação, mas já estão em liberdade.
Expulsão
Igor Gabriel, que era lotado no 7º BPM em Corrente, foi expulso da corporação pelo comandante geral da Polícia Militar do Piauí, coronel Carlos Augusto.
- Foto: Facebook/Igor GabrielIgor Gabriel
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