As ocorrências de fortes chuvas em Teresina no ano de 2018 trouxeram à tona vários problemas que já são conhecidos dos teresinenses há bastante tempo e, nos últimos anos, têm provocado ainda mais transtornos, além de muita dor de cabeça e até mesmo perdas irreparáveis, como foi o caso da Carla Daniela.
- Foto: DivulgaçãoCarla Daniela Morais Rodrigues
São casas invadidas pelas águas que cortam avenidas, destroem vidas e muda o dia a dia de quem precisa, simplesmente, entrar e sair de suas casas, como é o caso da moradora Ana Rodrigues, que pouco depois de adquirir a tão sonhada residência teve que sair da casa que fica no Polo Sul, pois a rua foi destruída pelas fortes chuvas e sabe o que restou no local? Apenas mato e uma passagem de esgoto que serve para acumular doenças.
- Foto: Lucas Dias/GP1Ana Rodrigues continua sem ter como entrar em casa
Bem perto dali, no Residencial Torquato Neto, o GP1 começou a mostrar o drama de quem tenta fazer de tudo para não perder o investimento feito nos imóveis, na expectativa que dias melhores virão. Cansados, eles resolveram acionar o Procon e conseguiram suspender os pagamentos das parcelas das residências e do IPTU, como mostra a reportagem da TV GP1.
Mas isso vai bem mais além, pois quando o período chuvoso acaba o que fica para trás são as consequências da falta de planejamento na região, que abriga cerca de 50 mil pessoas entre o Loteamento Polo Sul, passando pelo Portal da Alegria até o Residencial Torquato Neto, que é a região mais baixa da sub-bacia PE31. E é justamente por onde corre o curso natural das águas, onde estão grande parte das famílias que são afetadas ano a ano.
A Quadra C do Residencial Torquato Neto, onde mora o seu Araújo, é um exemplo da real situação em que vivem os moradores dessa região. As construções das residências, sem o devido planejamento de drenagem, expõem todos a situações adversas sempre quando chove. E basta apenas uma pequena chuva, pois o acumulado d’água ganha bastante força e arrasta o que tem pela frente, deixando ruas isoladas e as casas sem acessos.
- Foto: Lucas Dias/GP1Rua no Torquato Neto ficou destruída após série de chuvas
Plano Diretor de Drenagem
Recentemente, passou a valer o decreto nº 17310 de 20 de novembro de 2017, que regulamenta o Plano Diretor de Drenagem e preconiza os procedimentos administrativos relacionados à aprovação de projeto e licenciamento de obra, edificações e parcelamento do solo, bem como sua execução, estabelecendo a obrigatoriedade da apresentação de Estudo Prévio de Impacto de Vizinhança - EPIV e Relatório Prévio de Impacto de Vizinhança - RPIV constituindo Comissão Especial para análise e parecer acerca da viabilidade dos empreendimentos.
O objetivo é evitar que novos empreendimentos sejam construídos sem levar em consideração os critérios necessários para que o sistema de drenagem de determinado local deixe de ser respeitando, evitando situações de alagamentos e enchentes.
O superintendente da SDU Sul, Paulo Lopes, explicou ao GP1 que as ações da Prefeitura de Teresina frente aos problemas elencados naquela região estão ocorrendo de forma paliativa e não contemplam, por enquanto, a solução definitiva para a questão da falta de drenagem das águas.
“Hoje a gente estima que devamos ter aproximadamente 50 mil pessoas naquela região e esses vários empreendimentos construídos ao longo do tempo foram agravando o problema de drenagem. Até 2015 nós não tínhamos uma lei de drenagem que regulamentasse essa questão e, partir de então, é exigido um estudo de viabilidade técnica e também um estudo de drenagem. Então todos esses empreendimentos foram aprovados anteriores à lei. Essa sub-bacia se inicia na BR 316, depois do Polo Empresarial Sul e entra nos loteamentos Polo Sul, Portal da Alegria e cai no Torquato Neto. Não foram respeitos os caminhos das águas. Não eram para serem construídas casas por esse canal, mas, infelizmente, foram construídos apartamentos, casas e o que a gente percebe andando lá é que as calçadas são feitas com um metro de altura. Então quem construiu lá previu que haveria um problema de drenagem sério”, pontuou.
- Foto: Lucas Dias/GP1Superintendente da SDU Sul, Paulo Lopes
A galeria
Indagado sobre a responsabilidade que recai sobre a administração municipal, que deve atender às demandas dos moradores, o superintendente afirmou que a Prefeitura de Teresina não tem sido omissa e está atendendo as principais solicitações da região.
“Nós não estamos sendo omissos, não estamos nos escondendo do problema. Fizemos um projeto para a construção da galeria, que custou aproximadamente R$ 3 milhões. O prefeito disse que não tínhamos condições de construir essa galeria, que nessa primeira etapa está orçada em R$ 70 milhões, então buscamos recursos no Ministério das Cidades e conseguimos a liberação desse valor para que pudéssemos licitá-la. A licitação está marcada para acontecer no dia 22 de janeiro de 2019, é a data da abertura das propostas. Então a comissão vai ter que se debruçar sobre o processo licitatório e a partir de então é que podemos fazer a contratação”.
Início das obras
“Como nós temos o período de chuvas, estamos marcando o início dessas obras para maio, após o período chuvoso. Então quando as chuvas aliviarem nós estaremos dando início à construção dessa galeria e, definitivamente, vamos resolver esse problema em todos esses residenciais”, finalizou.
O que mudou?
Depois de sair da sede da SDU Sul, a nossa equipe de reportagem seguiu novamente nos pontos em que o superintendente afirmou que a prefeitura estava dando uma resposta às demandas mais urgentes de alguns moradores. Na quadra C, por exemplo, onde seu Araújo estava juntando pedras para conseguir tirar o carro da garagem, já é possível ter acesso ao imóvel, no entanto, bem na esquina da casa o restante da rua continua intrafegável.
- Foto: Lucas Dias/GP1Seu Araújo já pode entrar em casa, pelo menos até as próximas chuvas
No Loteamento Polo Sul, a Ana Rodrigues ainda não retornou para casa. De lá para cá pouca coisa mudou: o mato cresceu, o esgoto invadiu o que sobrou da via e a SDU se comprometeu em fazer uma limpeza da rua de forma emergencial em janeiro.
- Foto: Lucas Dias/GP1Rua um verdadeiro matagal
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