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Teresina - Piauí

Conheça trabalhadores que transformam madeira em arte na Capital

A marcenaria evoluiu da carpintaria, porém, realiza seus trabalhos principalmente com laminados industrializados, como compensados, MDF, folhas de madeira.

O profissional da marcenaria possui o dom da criatividade e sabe desenhar em perspectiva, pois trabalha transformando madeira em armários, estantes, portas, camas e etc. Essa profissão evoluiu da carpintaria, porém, realiza seus trabalhos principalmente com laminados industrializados, como compensados, MDF, folhas de madeira, entre outros. O carpinteiro mais conhecido da história foi Jesus Cristo, na época não existia o termo marceneiro. Com sua imensa humildade, aprendeu a arte com José, homem simples e trabalhador.

Móveis antigos


O marceneiro Anacleto dos Anjos, de 60 anos, criou juntamente com a esposa seus quatro filhos apenas trabalhando nessa profissão. “Sou natural de Teresina mesmo, mas já morei no Rio de Janeiro, no interior do Maranhão, mas acabei constituindo família aqui na minha terra natal e sempre trabalhando como marceneiro sustentei meus quatro filhos”, disse.

  • Foto: Rafael Galvão/GP1Anacleto dos AnjosAnacleto dos Anjos

Anacleto se especializou em restauração de móveis antigos, muitos deles dos séculos XVII e XVIII. “Em 1985, fui para o Rio de Janeiro, onde lá trabalhei juntamente com um primo na reforma do Palácio do Catete (sede do poder executivo brasileiro entre os anos de 1897 e 1960), foi quando aproveitei para explorar a área de móveis coloniais”, comentou o marceneiro.

Ainda segundo o profissional, o ganho mensal não é muito, mas o resultado do trabalho é gratificante. “Não ganho dinheiro o suficiente para ficar rico, até porque o trabalho de restauração é demorado e muito detalhado, o dinheiro só dá para manter a família, mas no final do serviço, fico muito satisfeito com o sorriso dos clientes”, contou.

O especialista na área de restauração de móveis, disse ainda que começou a trabalhar junto com o pai aos 15 anos de idade, hoje atende clientes não só do Piauí, mas também de outros estados do nordeste. “Além das pessoas que me procuram de todo o estado, já veio clientes de São Luís e Fortaleza me procurar para restaurar móveis. O último veio da cidade de Fortaleza, uma senhora rodou toda a cidade procurando quem montasse um móvel colonial com vidros de cristal, quando chegou aqui na oficina eu consegui montar”, comentou Anacleto.

Móveis modernos

O aposentado Agostinho de Sousa, é natural da localidade Gado Bravo, zona rural do município de Curralinhos e, aos 18 anos de idade, foi desafiado a aprender a arte da marcenaria na cidade de Teresina. “Quando saí do Gado Bravo só sabia trabalhar na roça, ainda passei cinco anos trabalhando como lavrador no interior do Maranhão, foi quando recebi um convite para aprender a profissão de marceneiro em Teresina”, revelou.

  • Foto: Rafael Galvão/GP1Agostinho de SousaAgostinho de Sousa

Mas esse não foi o principal desafio de seu Agostinho, além de demorar oito meses para receber o primeiro salário, ainda passou um tempo morando com um estranho. “Realmente no começo eu não sabia a arte, mais depois fui aprendendo e me tornei especialista em fabricar portas e janelas. Outro ponto difícil foi ter que morar na casa do meu patrão, que só assinou minha carteira de trabalho depois de oito meses”, contou o profissional.

Agostinho passou 35 anos trabalhando na primeira empresa e, mesmo aposentado, continua trabalhando por conta própria. “Hoje tenho meus próprios clientes. Depois que deu baixa na minha carteira, comecei a trabalhar por conta própria, e mesmo depois de aposentado continuo trabalhando, só vou parar quando morrer (risos)”, disse o marceneiro.

O morador da zona norte de Teresina se casou e teve três filhos, criou todos da família sendo um profissional da marcenaria. “Desde cedo comecei a ensinar meus filhos e hoje estou colhendo os frutos, todos eles me ajudam, um deles já é casado, mas sempre está me ajudando com os serviços”, comentou Agostinho.

O profissional realiza trabalhos somente por encomenda, que vai desde portas e janelas até móveis planejados. “Primeiramente, o cliente nos procura para fabricar um móvel, por exemplo, quando necessário, fazemos o desenho do projeto, então entregamos o orçamento para a pessoa, caso aprovado, é preciso dar entrada de cinquenta por cento do valor para comprar o material, e o restante apenas na entrega do móvel”, explica Agostinho.

De pai para filho

Ferdinando Alves é filho do senhor Agostinho e também excelente profissional da marcenaria. Já teve outras profissões, mas acabou seguindo os passos do pai. “Ainda adolescente, trabalhei como pintor, mecânico e até pedreiro, mas o que gosto mesmo é da marcenaria, sempre fico me atualizando vendo sites na internet, e também já tenho clientes fiéis”, revelou.

  • Foto: Rafael Galvão/GP1Ferdinando AlvesFerdinando Alves

Dino, como também é conhecido Ferdinando, é casado há 16 anos, e sustenta a mulher e uma filha fabricando móveis planejados. “Já fiz muitos móveis planejados, muitas vezes eu mesmo faço o desenho para os clientes. Conquistei minha casa própria nessa profissão sendo que minha mulher é dona de casa e minha filha tem apenas 10 anos de idade”, disse Dino.

A única propaganda de Dino é a de boca a boca, muitas vezes falta tempo para atender parte dos clientes. “Sou muito solicitado, às vezes aparece tantos serviços, que tenho que escolher em qual trabalhar primeiro, não só móveis novos, mas também aparecem muitas reformas”, comentou.

Ferdinando trabalha na oficina do pai na zona norte de Teresina, e às vezes é necessário chamar até ajudantes para entregar as encomendas no prazo previsto. “São tantas encomendas que em alguns períodos temos que contratar ajudantes temporários. Muitos clientes chegam até comparar os móveis que faço, com os das grandes lojas, a única diferença é que sai com um material mais durável e com o menor preço custo-benefício”, concluiu Dino.  

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