O GP1 conversou, na noite desta quinta-feira (28), com o comandante da Polícia Militar do Piauí, coronel Carlos Augusto, sobre o motivo do policial André Luís Barbosa Dornel, que está preso acusado de matar Emilly Caetano, ainda estar na corporação mesmo após a liminar que o mantinha no cargo ter sido revogada.
Ele explicou que a instituição não foi notificada da decisão: “Eu vi essa notícia pela imprensa. O fato é que quando ele ganhou, a Justiça notificou a polícia para cumprir e quando ele perdeu, nós não fomos notificados. Não tem como saber porque eu não tenho bola de cristal mesmo, eu tenho que ser notificado, alguém tem que notificar a instituição para cumprir, e nós não fomos. Não sei se a procuradoria foi, está todo mundo de recesso, estou esperando voltar para saber aonde que emperrou, mas o fato é que se nós tivéssemos sido notificados nós teríamos cumprindo porque nós somos obrigados a cumprir”, garantiu.
- Foto: Thais Souza/GP1Coronel Carlos Augusto
O comandante garantiu ainda que Dornel e os demais candidatos que tiveram a liminar revogada serão exonerados assim que a Polícia for notificada: “Imediatamente, no mesmo minuto, eu encaminho para o governador exonerar ele da função pública, e tirar da folha de pagamento e receber a farda de volta”, afirmou.
Carlos Augusto criticou ainda a demora da Justiça para julgar o processo: “O caso do policial [Dornel], ele foi reprovado em 2010, e cassaram a liminar dele em 2016, 10 anos depois. Por que demorar 6 anos pra julgar um caso de reprovação em um exame psicológico? Por que não analisam antes dele se formar pelo menos que é oito meses a formação? E a culpa é nossa? Eu não tenho falado porque como comandante mais do que falar eu tenho que prender, que mandar fazer o auto de prisão em flagrante, tenho que fazer o inquérito”, disparou.
“O que eu quero garantir é que não há que se procurar culpado, que a grandeza do trabalho da Polícia Militar vai muito além, nós salvamos vidas todos os dias, trabalhamos nos 224 municípios, também morremos, muitas vezes, em ocorrências, somos vítimas da violência, dedicamos a nossa vida a essa missão e sempre quando tem um erro é muito questionada”, desabafou.
Baixo índice de violência
“O fato é que, neste momento de muita dificuldade da instituição, nós vamos ter o menor indicador de violência do país no ano, conseguimos reduzir o numero de homicídios no estado do Piauí inteiro. Isso é fruto do trabalho também da polícia militar, principalmente dela que está nas ruas, mas não comemoramos isso porque não tem como comemorar por causa de erros de procedimentos como esse que foi claro, e pela ansiedade da população, por que esses erros geram uma inquietude muito grande, e termina afetando a corporação, a moral inclusive, e a estima da corporação que a gente comanda”, enfatizou.
Reprovação e liminar revogada
Aldo Luís foi reprovado no teste psicológico do concurso público da Polícia Militar. Ele conseguiu ingressar nos quadros da PM por meio de liminar concedida pelo juiz da 1ª Vara da Fazenda Pública de Teresina, Oton Mário José Lustosa Torres. Posteriormente, o juiz de direito Rodrigo Alaggio Ribeiro revogou a liminar concedida a Dornel e a outros quatro candidatos e julgou improcedente o pedido para anulação do teste psicológico.
Entenda o caso
Emilly Caetano da Costa, de 9 anos, morreu ao ser atingida com dois tiros durante uma abordagem da Polícia Militar na Avenida João XXIII, localizada na zona leste de Teresina, na noite desta segunda-feira (25). A criança, juntamente com os pais e duas irmãs, estavam em um veículo modelo Renault Clio.
- Foto: Facebook/Dayanne Evandro Emilly foi morta durante abordagem policial
Evandro Costa e Dayanne Costa, pais de Emilly, também foram baleados dentro do carro. Evandro encontra-se internado no Hospital de Urgência de Teresina (HUT), em estado estável. Os dois policias, Aldo Luís Barbosa Dornel e Francisco Venício Alves, que participaram da ação estão presos no presídio militar.
Nesta quarta-feira (27), eles tiveram a prisão em flagrante convertida em preventiva.
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