O GP1 entrevistou, neste sábado (18), Iraildes Silva, esposa do caminhoneiro Francisco Pereira da Silva Neto , que morreu após ser atingido por uma bala perdida durante uma perseguição policial na zona sul de Teresina, em novembro de 2024. Com apenas dois meses após a morte do companheiro, a viúva foi surpreendida no último dia 15 de janeiro com a soltura dos três policiais militares (os sargentos Clenilson Vieira de Oliveira , Carlos Alberto Vieira de Carvalho e Valdir Vieira da Costa ) acusados de participar da ação que terminou com a fatídica morte.

Os PMs estavam perseguindo dois acusados de assalto quando efetuaram disparos e um dos tiros acabou atingindo Francisco Pereira, que estava na porta de uma residência no bairro Lourival Parente, descarregando seu caminhão. À nossa reportagem, Iraildes Silva falou que a família está dilacerada e cobrou das autoridades a reconstituição do crime, já que não foi possível identificar de onde partiu o tiro que tirou a vida do marido.

Foto: Reprodução/WhatsApp
Francisco Pereira

“A gente, a família, foi pega de surpresa [com a soltura dos PMs], porque foram presos e logo foram soltos. O Francisco está preso para o resto da vida. Meu marido, que a gente nunca mais vê, não está mais no meio da família, que está dilacerada”, disse a esposa.

Iraildes ainda relatou que tem lutado diariamente para superar a perda do marido e garantir o próprio sustento, já que o caminhoneiro era o único provedor da casa, que conta com filhos e netos. “Os acusados já foram presos e agora estão soltos, com a família e trabalhando, estão com o dinheiro deles, e nós estamos aqui com o caminhão parado, porque meu marido era que mantinha a casa. Meus netos perguntam sobre ele [Francisco]. A gente explica que virou uma estrelinha, que foi morar no céu. Meu coração fica apertado com isso. Eles mataram um cidadão”, pontuou a viúva.

Dinâmica do crime é investigada

No momento em que foi atingido pelos disparos de arma de fogo, Francisco Pereira estava descarregando seu caminhão e foi socorrido por populares que testemunharam a cena. Ele não resistiu aos ferimentos e morreu no Hospital de Urgência de Teresina (HUT). “Na filmagem ficou evidente o erro deles ao realizarem a abordagem. Os policiais prestaram socorro só para o rapaz que foi atingido na canela, que eles falavam que era bandido. Meu marido quem socorreu foi um casal, que foi exatamente o casal que me ligou falando o que tinha acontecido”, afirmou Iraildes.

A mulher destacou que a reconstituição do crime, assim como a perícia das armas e projéteis dos policiais, pode ajudar a elucidar o ocorrido, e cobrou uma solução para o caso. “O delegado prometeu que ia fazer uma reconstituição do crime em janeiro, e até agora nada. A bala que atingiu o meu marido no abdômen, atravessou para as costelas, varou. Se essa bala varou, cadê os projéteis? Não aparece. Eu não sei se ainda vão fazer essa reconstituição. A resposta concreta só vamos ter após o laudo”, finalizou a esposa do caminhoneiro.