Inaugurada no dia 8 de março deste ano, Dia Internacional da Mulher, a Casa da Mulher Brasileira em Teresina já realizou quase 5 mil atendimentos a mulheres vítimas de violência doméstica. A iniciativa do governo federal, com gestão compartilhada do Governo do Estado e Prefeitura de Teresina, permite um atendimento integrado, pois reúne, em um só lugar, vários serviços indicados para as mulheres em situação de violência.

O espaço contempla serviços de triagem, acolhimento, alojamento, apoio psicossocial, jurídico e promoção de autonomia econômica, além de brinquedoteca para as crianças.

Foto: Marcelo Cardoso/GP1
Casa da Mulher Brasileira na zona norte de Teresina

A secretária das Mulheres do Piauí, Zenaide Lustosa, ressalta que o atendimento de forma integrada tem mais resolutividade. “É o grande diferencial deste espaço. Com todos os serviços integrados, a mulher se sente mais acolhida e fica livre de ir em outras repartições para resolver seu problema de violência”, destaca a gestora.

O objetivo da junção de todos os serviços em um só lugar é evitar que a mulher vítima faça vários deslocamentos entre órgãos públicos. “A casa é um diferencial da rede de atendimento porque reúne, no mesmo espaço físico, os principais serviços especializados. Isso evita que a mulher precise buscar a proteção em diferentes locais, algo que muitas vezes a faz desistir”, afirma Andréa Bastos, coordenadora estadual da Casa da Mulher.

Autonomia econômica, porta de saída da violência doméstica

Foto: Marcelo Cardoso/GP1
Instalações da Casa da Mulher Brasileira em Teresina

Parte das mulheres vítimas da violência doméstica, por não ter uma renda fixa ou depender economicamente dos seus companheiros, demora a quebrar o ciclo de violência. Por isso, na casa da mulher brasileira, uma das portas de saída do ciclo da violência é formação, capacitação e o encaminhamento para o mercado de trabalho, para que esta mulher possa retomar a vida fortalecida e sem medo.

Diante disso, a Casa da Mulher instalou um posto do Serviço Nacional do Emprego (Sine) que faz o encaminhamento delas para o mercado de trabalho, além de oferecer cursos de qualificação, por meio do Programa Qualifica Piauí, da Secretaria da Assistência Social, Trabalho e Direitos Humanos (Sasc). “Muitas mulheres não têm autonomia econômica, o que as impede de sair do ciclo de violência. O Sine ajuda a encaminhá-las para o mercado de trabalho, e ainda ofertamos cursos”, afirma Zenaide Lustosa.

Adriana de Sousa Lima Freire é uma das alunas do curso de beleza e vestuário, por meio do Qualifica. “Com esse curso de cabeleireira, eu vou entrar no mercado da beleza. A qualificação é gratificante, porque nos dá a oportunidade de trabalhar e crescer profissionalmente”, destacou a copeira.

Documentos retidos

Para registrar qualquer denúncia, as vítimas precisam de documentos. Ocorre que, muitas vezes, o agressor retém o RG da mulher. Mas a Casa da Mulher abriga um posto do Instituto de Identificação. “Sem documentos, não é possível prosseguir com o atendimento. O instituto permite que essas mulheres obtenham a segunda via de documentos”, contou Zenaide Lustosa.

Brinquedoteca e atendimento psicossocial

Outro espaço bastante utilizado é a brinquedoteca, onde as crianças podem ficar enquanto as mães são atendidas. “Há profissionais qualificados para cuidar das crianças durante esse período. O espaço está disponível para mães que chegam em qualquer horário, especialmente aquelas que precisam sair de casa com seus filhos em situações de emergência”, afirmou a secretária. Desde a inauguração, 131 crianças usaram a brinquedoteca.

Já o atendimento psicossocial é necessário porque as mulheres, em geral, chegam fragilizadas para fazer a denúncia contra o agressor e precisam de um apoio. “Essa fragilidade psicológica é uma violência que abrange toda uma vida da mulher. E como ela tem toda a nossa rede de apoio, ela se sente mais amparada”, afirma Lucivânia Vidal, delegada-titular da Casa da Mulher Brasileira.

Denúncia

Ela acrescenta que a mulher vítima pode não querer apenas registrar um boletim de ocorrência, mas também solicitar medidas protetivas e iniciar todo o processo jurídico dentro da Casa da Mulher Brasileira. “Esse processo fica mais fácil e rápido com a presença de órgãos aqui dentro”, afirmou Lucivânia.

Segundo Larissa Bastos, coordenadora municipal da Casa da Mulher Brasileira, a instituição é a nona do Brasil e funciona 24 horas. “O setor jurídico funciona até as 13h30, por enquanto, mas as delegacias funcionam 24 horas, inclusive nos fins de semana. A mulher pode vir a qualquer hora para receber atendimento”, afirma Larissa.

O endereço da Casa da Mulher Brasileira de Teresina é Avenida Roraima, 2563, bairro Aeroporto. O telefone institucional é 99412-2719, que também é WhatsApp.

Serviços oferecidos na Casa da Mulher Brasileira

- Setor psicossocial

- Brinquedoteca para acompanhar as crianças que vêm com as mães

- Alojamento de passagem, onde a mulher pode ficar abrigada por 48 horas enquanto sua situação é resolvida

- Defensoria Pública

- Ministério Público

- Tribunal de Justiça, com uma área especializada em violência contra a mulher

- Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher

- Guarda Municipal Maria da Penha e a Patrulha Municipal Maria da Penha