A juíza Valdênia Moura Marques de Sá , da 8ª Vara Criminal de Teresina, condenou o fisioterapeuta Willanimy Petterson Guedes de Miranda e Silva e a sua esposa Mariane Araújo Cavalcante a 2 anos e 6 meses de reclusão e 2 anos de prisão, respectivamente, pelo crime de estelionato. Em alguns golpes, ele usava nomes de deputados da Assembleia Legislativa do Piauí (Alepi).

Na sentença, dada nesta quarta-feira (24), a magistrada concedeu aos dois o direito de recorrerem da sentença em liberdade.

Foto: Marcelo Cardoso/GP1
Willanimy Petterson

Denúncia

Conforme denúncia do Ministério Público, baseada em inquérito policial, no dia 13 de fevereiro de 2023, um homem identificado como Izaquiel, sabendo que o irmão Luís estava precisando de um emprego, entrou em contato com ele para informar que uma pessoa, até então desconhecida, estava ofertando vagas de trabalho de motorista junto a deputados estaduais e que ele havia dado o telefone de seu irmão a essa pessoa.

No mesmo dia, por volta das 18h30, um homem – inicialmente identificado pelo prenome Willanimy – telefonou para Luís e informou-lhe possuir uma vaga de entregador, desde que ele aceitasse trabalhar diariamente até as 14 horas e tivesse disponibilidade para realizar viagens, com diárias avaliadas em R$ 120,00.

Acreditando em Willanimy, Luís marcou um encontro presencial no bairro Lourival Parente, na zona sul de Teresina. Após se encontrarem, Willanimy conduziu Luís até o Palácio da Justiça, sede do Tribunal de Justiça do Piauí, para supostamente conversar com um tio dele, apresentado como o empresário responsável pela contratação. Assim, após entrar e sair do prédio, Willanimy afirmou ao interessado que a sua contratação estava mais que certa.

Após deixarem o local, o veículo de Luís apresentou problemas no sistema de ventilação. “Nesse sentido, Willanimy advertiu Luis Silva de que aquelas condições mecânicas não seriam bem avaliadas pelos contratantes, tendo, desse modo, sugerido que o interessado no emprego vendesse o referido automóvel e comprasse um novo, o qual seria devidamente quitado com o recebimento dos salários do novo trabalho”, diz trecho da denúncia.

Acreditando na idoneidade da proposta, Luís acompanhou Willanimy até o Cartório Themístocles Sampaio, para supostamente realizar a autenticação dos documentos necessários à formalização do contrato trabalhista e ao financiamento de um veículo novo.

Foto: Divulgação/SSPPI
Esposa do fisioterapeuta Willanimy Petterson Guedes de Miranda e Silva

Willanimy então orientou que Luís se deslocasse, por volta das 15 horas do dia 14 de fevereiro de 2023, até o bairro Lourival Parente, para encontrar-se com Mariane Araújo Cavalcante, esposa de Willanimy, que o conduziria até um suposto comprador do veículo. “Desse modo, seguindo fielmente as orientações de Willanimy, a pessoa de Luís, acompanhado da nacional Mariane, tentou encontrar um comprador para o seu veículo, no dia ajustado, porém não obteve o êxito esperado”, apontou o Ministério Público.

Já no dia 15 de fevereiro, Luís negociou o seu automóvel com Cosme, pelo valor de R$ 7.900,00. Na oportunidade, foi indicada a conta bancária titularizada por Mariane Araújo Cavalcante como o destino para qual o adquirente deveria transferir os valores em questão, o que foi devidamente efetuado.

Além do valor da venda do carro, Luís transferiu mais R$ 750,00 e a sua filha Ada Ieda de Oliveira Silva depositou mais R$ 5.350,00, totalizando R$ 14 mil que foram transferidos para a conta bancária de Mariane Araújo Cavalcante, como entrada do financiamento de um novo veículo.

No dia seguinte, 16 de fevereiro de 2023, Luís tentou telefonar para Willanimy, mas não obteve nenhum retorno. Inconformado, ele foi até a delegacia de polícia e registrou o Boletim de Ocorrência contra o casal.

Investigação

Durante a investigação, a polícia constatou que Willanimy Peterson Guedes de Miranda e Silva e Mariane Araújo Cavalcante, agindo dolosa e previamente ajustados, atuavam no oferecimento de postos de trabalho fictícios, ludibriando e fazendo com que as vítimas depositassem vultuosos valores monetários em suas contas bancárias para garantir a contratação no novo emprego e financiar supostos automóveis novos, desaparecendo com os valores recebidos.

Mariana chegou a restituir o valor de R$ 6.800,00 a Luís, após o início das investigações, restando, ainda, o prejuízo de R$ 7.200,00 (sete mil e duzentos reais), oriundo da falsa promessa de trabalho e do inautêntico financiamento veicular.

O inquérito policial foi concluído com o indiciamento de Willanimy Peterson Guedes de Miranda e Silva e Mariane Araújo Cavalcante pelo crime de estelionato.

Preso seis vezes

Em dezembro de 2016, Willanimy Petterson foi preso acusado de aplicar golpe de mais de R$ 15 mil em duas pessoas. A prisão foi feita em uma residência situada no bairro Renascença III, na zona sudeste de Teresina.

Menos de um ano depois, em setembro de 2017, o fisioterapeuta foi preso mais uma vez acusado de aplicar golpes através das redes sociais. Ele foi preso em um hotel no Centro de Teresina. No mesmo ano, em novembro, ele foi preso novamente, daquela vez em Nazaré do Piauí, em cumprimento a mandado de prisão preventiva por estelionato.

Em 2019, ele foi detido duas vezes, em fevereiro e março, ao utilizar o nome da Assembleia Legislativa do Piauí e da Prefeitura de Teresina para aplicar golpes. Na época, quase 30 pessoas em Demerval Lobão foram vítimas do indivíduo, que prometia a locação de veículos mediante falsos contratos.

A última prisão ocorreu no dia 1º de agosto de 2023 pela Polícia Civil do Piauí, através da Diretoria de Polícia Metropolitana em conjunto com a Diretoria de Operações de Trânsito. Na ocasião, a esposa dele também foi presa.

Outras condenações

No dia 29 de maio de 2018, o juiz Raimundo Holland Moura de Queiroz, da 6ª Vara Criminal de Teresina, condenou Willanimy Petterson Guedes de Miranda e Silva a 1 ano e três meses de reclusão por estelionato.

Um ano e meio depois, em novembro de 2019, Willanimy Petterson foi condenado a três anos de prisão, em regime semiaberto, por estelionato. A sentença foi dada pelo juiz auxiliar da 1ª Vara Criminal da Comarca de Teresina, Edvaldo de Sousa Rebouças Neto.