O juiz Flávio Marcelo Sérvio Borges , da Vara Única da Subseção de Floriano, recebeu mais uma denúncia contra o advogado Renzo Bahury de Souza Ramos , apontado como líder de um esquema criminoso que desviou mais de R$ 110 milhões em recursos públicos dos cofres de prefeituras e órgãos estaduais. Esta é a terceira vez em cinco meses que ele vira réu.
Também viraram réus, mais uma vez, o seu braço direito, Cícero Alves Cavalcante Júnior , e o ex-prefeito de Gilbués, Leonardo de Morais Matos, além da ex-prefeita de Colônia do Piauí, Lúcia de Fátima Barroso Moura de Abreu Sá .
Na decisão de 8 de julho, Renzo, Cícero e Lúcia viraram réus por desvio de dinheiro público e contratação direta ilegal e Léo Matos por desvio de dinheiro.
Denúncia
Conforme a denúncia do Ministério Público Federal , entre os anos de 2017 a 2020, a então prefeita de Colônia do Piauí, Lucia de Fátima, com plena consciência da ilicitude de suas condutas, realizou a contratação direta, fora das hipóteses previstas em lei, da empresa R. B. Souza Ramos – ME, de propriedade de Renzo Bahury de Souza Ramos, por intermédio de Cícero Alves Cavalcante Júnior, que assinou o contrato na qualidade de representante da empresa.
Em razão da contratação, segundo o MPF, foram efetuados pagamentos ilegais, com a utilização de verbas do FUNDEB e FMS, em prejuízo ao erário.
Em relação ao ex-prefeito Leo Matos , foi apontado que a sua participação ocorreu por meio de GFIPs fraudulentas.
Outros processos
O advogado Renzo Bahury, Cícero Alves Cavalcante Júnior e o ex-prefeito de Gilbués, Leonardo de Morais Matos já são réus por irregularidades nas Prefeituras de Dom Expedito Lopes e Pio IX.
Conforme as denúncias, o advogado Renzo Bahury liderou um esquema de desvio de dinheiro público que superou o montante de R$ 110 milhões no Piauí, sendo R$ 382.944,00 apenas no município de Dom Expedito Lopes e de mais de R$ 2,5 milhões, em Pio IX.
Operação Grima
No dia 14 de dezembro de 2023, a Polícia Federal deflagrou a primeira fase da Operação Grima com objetivo de desarticular um grupo responsável por supostas fraudes contra a Receita Federal, com a atuação de escritórios de advocacia no Piauí e no Ceará. Na ocasião, foram cumpridos mandados de busca e apreensão contra o advogado Renzo Bahury e Cícero Alves.
Durante as buscas, foi apreendido celular de Renzo, que após feita análise, ficou evidente a prática de corrupção orquestrada pelo advogado com o auxílio de Cícero. "Viu-se que Cícero Alves conversava com inúmeros representantes de municípios e realizava o ajuste de pagamento de propina para os agentes políticos, que, posteriormente, era efetuado por Renzo", destacou o MPF na denúncia.
Operação Grima II
Cícero Alves Cavalcante, homem de confiança do advogado Renzo Bahury de Souza Ramos, foi preso pela Polícia Federal no âmbito da Operação Grima II, no dia 26 de junho deste ano, acusado de integrar um esquema criminoso que causou rombo de, ao menos, R$ 50 milhões aos cofres públicos.
Cícero Alves residia na zona leste de Teresina e, recentemente, se mudou para a cidade de Goiânia-GO, onde acabou sendo preso. Somente no Piauí, foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão. O GP1 apurou que a PF requereu a prisão do advogado Renzo Bahury, contudo, o pedido foi negado pelo Poder Judiciário.
Outro lado
Procurados pelo GP1 , nesta terça-feira (23), os ex-prefeitos Leo Matos e Lúcia de Fátima não foram localizados. O espaço está aberto para esclarecimentos.
Já o advogado Renzo Bahury, afirmou que não faz parte de desvio de R$ 110 milhões e que o valor de sua ação penal é cerca de R$ 350 mil, o que pode levar a ação ser derrubada. “Não tem prejuízo para a prefeitura e o contrato seguiu as regras impostas em lei, tudo será demonstrado na instrução processual. Sobre os honorários é um direito do advogado receber pelo trabalho realizado. O processo contra mim parece com uma perseguição. Não existe 110 milhões e ao final eu vou ganhar o processo. Eu derrubo isso na Justiça e quando encerrar tudo, vai ser definida a absolvição. Eu nem sei quem são as pessoas envolvidas, o valor da minha ação é R$ 350 mil, só com isso já derrubo a ação”, declarou o advogado.