O juiz Raimundo Holland Moura de Queiroz , da 5ª Vara Criminal da Comarca de Teresina, determinou a retirada de tornozeleira eletrônica de Sávio Máximo de Sousa Andrade , um dos alvos da Operação Prodígio acusados de aplicar golpe de R$ 5 milhões no banco Santander , no Piauí. A decisão foi dada nesta quarta-feira (24).

Em sua decisão, o magistrado destacou que o acusado não demonstra alta periculosidade ou reiteração delitiva, bem como vem cumprindo devidamente as medidas cautelares diversas da prisão que lhe foram impostas.

Foto: Reprodução/Redes sociais
Anderson Ranchel, Ilgner Bueno, Handson Ferreira e Sávio Máximo

O juiz ressaltou ainda que o processo, por possuir um elevado grau de complexidade tanto pela pluralidade de réus quanto pela dinâmica do crime cometido, poderá prolongar-se por mais tempo.

“Diante do exposto, defiro o pedido de revogação da medida cautelar de monitoramento eletrônico imposta a Sávio Máximo de Sousa Andrade sob as seguintes condições: a) deverá comparecer mensalmente em juízo, entre 08:00 às 12:00 da manhã, até o 5º dia útil de cada mês; b) deverá comparecer sempre que intimado; c) não poderá deixar a comarca ou mudar de endereço sem prévia autorização deste juízo; d) recolhimento noturno das 20:00 horas às 05:00 horas da manhã do dia seguinte; e e) recolhimento aos sábados e domingos das 10 horas às 06 horas da manhã de segunda e nos feriados”, diz trecho da decisão.

Pedido

No pedido de revogação da medida cautelar, Sávio alegou que “obedeceu e se submeteu à medida de monitoração eletrônica, jamais tendo incorrido em qualquer violação no tocante ao horário e/ou localização geográfica tendo cumprido satisfatoriamente todas as medidas impostas pelo Poder Judiciário”.

Argumentou ainda que a infração penal que está sendo apurada é destituída de violência e grave ameaça que justifique a continuidade da utilização do referido aparelho eletrônico.

Ministério Público foi contra revogação

O Ministério Público do Estado do Piauí opinou pela manutenção da medida cautelar de monitoração eletrônica sob fundamento de garantia da ordem pública, em razão da periculosidade do acusado e da gravidade dos crimes praticados no caso.

Asseverou também que os argumentos apresentados pelo acusado não merecem prosperar e que a referida medida cautelar é necessária sobretudo em razão da prática de crime atentatória contra a ordem pública e do poderio econômico e financeiro movimentado pelo réu.

Operação Prodígio

A Superintendência de Operações Integradas - SOI, em conjunto com as Diretorias de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública e a Polícia Civil do Piauí, deflagrou nas primeiras horas do dia 5 de setembro a “Operação Prodígio” para dar cumprimento a 25 mandados de busca e apreensão e 30 mandados de prisão temporária nas cidades de Teresina, Floriano, Amarante e Nazaré do Piauí, contra um grupo acusado de atuar em um esquema de fraude bancária que causou prejuízo de R$ 19 milhões a uma instituição financeira.

Conforme as investigações, desse valor, R$ 5 milhões são relacionados a fraudes praticadas em contas bancárias de agências localizadas no Piauí. A fraude consistia na cooptação de pessoas para abrir contas bancárias com dados falsos que levassem o banco a aumentar o limite de crédito desse cliente. Uma vez aberta a conta, a associação criminosa simulava uma série de transações bancárias para “esquentar” a conta, de forma que o banco entendesse que aquela renda declarada era legítima.

Denúncia

O Ministério Público do Estado do Piauí denunciou 31 pessoas acusadas de aplicarem golpe milionário no banco Santander, pelos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A denúncia foi assinada pela promotora de Justiça Francineide da Silva Sousa, no dia 9 de outubro. A quadrilha é suspeita de causar um prejuízo de R$ 5 milhões em agências do banco no Piauí. Ao todo, o esquema de fraude bancária causou um rombo de R$ 19 milhões em agências espalhadas pelo Brasil.

Foram denunciados: Anderson Ranchel Dias de Sousa, Ângela Marques de Almeida Terto, Ariosvan Lopes Pereira, Diana Mayara da Costa Reis, Dimona Cibele de Andrade Miranda, Eristay Cantuario Oliveira, Erisvelton Felipe Oliveira Santos, Handson Ferreira Barbosa, Ilgner de Oliveira Bueno Lima, João Gabriel Vieira Leal dos Santos, José Iann da Penha Passos, Juliana Maciel Aires, Kamila Thayline de Oliveira Gomes, Liedson Ribeiro da Costa, Louise Raquel Cardoso de Sousa, Marcelo Cristian Gomes Silva, Marcelo de Sousa Almeida, Maria Aparecida da Costa Morais, Rafael Soares de Oliveira, Raimundo Isaias Lima, Ramon Vitor Lopes Gomes, Rennan Erick de Oliveira Sousa, Sávio Máximo de Sousa Andrade, Simplício da Silva Santos, Tairo Nunes da Silva, Taise Nunes da Silva, Tiago de Carvalho Santos, Vinícius de Morais Sousa, Vitoria Ferreira do Nascimento, Wanderson Santos Queiroz e Washington Silva de Santana.

Segundo informações da Polícia Civil do Piauí, a organização criminosa é formada por 117 pessoas, e teria como líder Anderson Ranchel Dias de Sousa, que, juntamente com a esposa, a fonoaudióloga Ângela Marques de Almeida Terto, o empresário Ilgner de Oliveira Bueno Lima, e o pai dele Raimundo Isaías Lima, são investigados por terem envolvimento direto na fraude.

A denúncia foi recebida pelo juiz Raimundo Holland Moura de Queiroz , da 5ª Vara Criminal da Comarca de Teresina, no dia 9 de outubro de 2023.

Primeiro golpe

Anderson Ranchel, apontado como líder da ação criminosa, teria dado o primeiro golpe no banco utilizando a esposa, a fonoaudióloga Ângela Marques de Almeida Terto, como “cobaia”, fazendo diversos empréstimos fraudulentos no nome dela. Depois do sucesso, ele teria desenvolvido uma rede para arregimentar pessoas na zona sul de Teresina, e nas cidades de Amarante, Floriano e região e no Maranhão.

Dessa forma, ele oferecia empréstimos para as pessoas, e tirava uma porcentagem de 20% a 40% do valor, e em troca, a pessoa ficaria com o nome sujo.

Empresas fantasmas

O empresário Ilgner de Oliveira Bueno Lima e o pai Raimundo Isaías Lima também foram presos durante a operação. Eles são suspeitos de criarem empresas fantasmas para movimentar o dinheiro adquirido por meio das fraudes cometidas pela organização criminosa. Ilgner também se apresentava como pré-candidato a vereador de Amarante, e teria aberto empresas até no nome do pai, que no período da investigação teria recebido meio milhão de reais.