A Prefeitura de Picos, administrada pelo prefeito Gil Paraibano , ingressou com ação de execução contra o comerciante Raimundo Gonçalves Nunes, mais conhecido como Raimundo de Chicá , que foi multado em mais de R$ 43 mil por ter ajudado em uma obra de calçamento e reforma de uma pequena ponte no município. Ele foi citado, nessa sexta-feira (22), na ação de execução, que tramita na 2ª Vara da Comarca de Picos.

Em entrevista ao GP1 , neste sábado (23), Raimundo de Chicá falou sobre a situação afirmando que está sofrendo perseguição por parte de Gil Paraibano por estar fazendo o trabalho que deveria ser feito por ele e que o gestor “criou raiva do povo”.

Foto: GP1
Local que teve a obra embargada pela prefeitura

“Estou sofrendo uma perseguição pessoal porque eu sou um morador que queria só melhorar as condições do lugar que moramos, sair da poeira porque não aguentamos mais”, afirmou Raimundo de Chicá.

Tudo começou no primeiro semestre deste ano quando Raimundo e outros vizinhos se reuniram para fazer uma obra de calçamento e reforma das alças de acesso da passagem molhada que liga os bairros Canto da Várzea e Passagem das Pedras.

“A vizinhança daqui sofre com poeira há muito tempo. É muito trânsito de gente, aqui por dia passa uma faixa de 25 mil carros, motos, pedestres, e quem mora na vizinhança sofre com muita poeira e quando piora o prefeito joga só entulho, passa uma máquina e com isso os veículos passam muito rápido provocando mais poeira”, explicou Raimundo.

Para amenizar a situação, os vizinhos decidiram se reunir e tomar a frente da Prefeitura de Picos. “Eu moro há 15 anos aqui e não estávamos mais aguentando a poeira. Decidimos então nos reunir e fizemos um mutirão para fazer um paliativo, um calçamento baixinho que não atrapalhasse a passagem da água”, contou o comerciante Raimundo de Chicá.

Foto: GP1
População se reuniu para fazer calçamento

Somente o comerciante foi multado

Ainda conforme Raimundo de Chicá, de todos os vizinhos que se reuniram para fazer a obras, apenas ele foi multado. “Eu estava sempre coordenando os serviços, então o prefeito chegou, multou somente a mim e embargou a obra. Os outros vizinhos não foram multados, somente eu. Ele chegou e achou por bem multar só a mim, e a obra ficou lá inacabada, parada, causando transtorno maior na população”, lamentou.

“Todo mundo ficou chateado porque o papel do prefeito é fazer o trabalho bem feito e ele alega que eu estava agredindo o leito do rio, que é só mata, mas lá já existe um bueiro. Estávamos fazendo só as cabeças deixando o leito do rio livre”, pontuou Raimundo de Chicá.

“Morar num lugar e não ter sossego, não poder sair na porta de casa é muito ruim. Eu tenho uma netinha de 2 anos que está com problema seríssimo de sinusite por conta dessa poeira, tem também um idoso de 94 anos que vive trancado em um quarto porque não pode nem sair de casa com tanta poeira, tem gente que vendeu a casa, se mudou porque não aguentava mais a poeira. Nós só queremos ter uma qualidade de vida”, concluiu Raimundo de Chicá.

“Prefeito criou raiva do povo”

Por conta das constantes cobranças dos moradores na resolução do problema e depois da iniciativa da obra, Raimundo de Chicá declarou que o prefeito “criou raiva do povo”.

“Ele não quer investir o dinheiro público, ele não faz o papel dele de prefeito. Ele está parado há três anos e somente agora que ele começou a se mexer, mas essa obra ele não vai fazer, o pessoal está sofrendo e ele não tem iniciativa de fazer, pedi tanto essa obra a ele, mas parece que ele criou raiva do povo, e de birra ele não faz. Os vizinhos vêm pedindo ao prefeito Gil Paraibano há muito tempo para o prefeito resolver esse problema, mas ele não faz de forma alguma”, criticou Raimundo de Chicá.

Defesa

Raimundo de Chicá disse que vai apresentar defesa na ação, mas que vai requerer danos por conta da situação. “Vou fazer defesa e vou pedir danos porque o prefeito Gil Paraibano agiu de forma antidemocrática, lá era um mutirão e ele multou só a mim”, explanou.

Outro lado

Procurada, neste sábado (23), a assessoria da Prefeitura de Picos não se manifestou sobre o caso. O espaço está aberto para esclarecimento.