Uma juíza identificada como Fernanda Moura de Carvalho e a promotora Eliane Gaia bateram boca durante o julgamento no Tribunal de Justiça, em Recife-PE, nesta quinta-feira (17).
Segundo o vídeo da sessão do julgamento, a situação entre juíza e a promotora se acirrara depois que o réu responde a uma pergunta de seu advogado de defesa, e, entre lágrimas, diz que não é um assassino. A promotora então teria feito um gesto não identificado pelas imagens da transmissão, dando início ao bate-boca entre a juíza e a promotora. "Me diga, pelo amor de Deus, porque eu não sei dizer. Como uma pessoa olha para a minha cara e diz que eu sou assassino? Eu não sei como. Não tem explicação. Não tem explicação. Eu não tive oportunidade de defesa", disse o réu.
Nesse momento, a advogada de defesa interrompe o seu cliente e chama a atenção da juíza para o fato de que a promotora estaria fazendo gestos durante a fala do interrogado. A promotora não nega, e responde: "exatamente".
Diante da situação, a juíza adverte os dois lados e, em determinado momento, levanta-se da cadeira para se dirigir à promotora, que continuava falando. "Doutora Eliane. Doutora Eliane. Não... por gentileza, é absolutamente... Doutora promotora de Justiça. Doutora promotora de Justiça", diz a juíza, visivelmente irritada.
A promotora então responde. "Doutora, não grite comigo. Precisa gritar não, calma, se contenha", disse a representante do Ministério Público.
A juíza então manda a promotora calar a boca. "Continência a senhora não me determina. Cale a boca a senhora. Sente-se. A bancada de acusação, como um todo, por favor, contenha-se", reafirma a magistrada.
Na sequência, a juíza, em tom mais calmo, ainda tenta retomar os trabalhos, mas, novamente, se irrita com a promotora Eliane Gaia.
"É preciso guardar o respeito neste Plenário, especialmente, a doutora promotora [em relação] à presidência dessa sessão. O.k.?! Doutora, por gentileza, vamos dar continuidade a essa sessão de forma silente (silenciosa) e inexpressiva... eu estou mandando, estou determinando que se cale, eu estou determinando que a senhora obedeça às ordens dessa presidência. Silêncio se impõe nessa sessão, neste momento. O respeito e a civilidade devem sempre prevalecer".
Motorista foi condenado
O motorista João Victor Ribeiro de Oliveira foi condenado a 29 anos, 4 meses e 24 dias de prisão em regime inicialmente fechado pelos crimes de triplo homicídio duplamente qualificado (perigo de vida e recurso que impossibilitou defesa das vítimas) e dupla tentativa de homicídio.
O veredicto foi lido na noite desta quinta-feira (17) pela juíza Fernanda Moura de Carvalho, titular da 1ª Vara do Tribunal do Júri do Recife.
O Ministério Público do Estado de Pernambuco informou que irá recorrer por entender que o motorista alcoolizado e que dirigia a 108 km por hora, segundo a perícia, merecia uma pena maior
O caso da Tamarineira aconteceu em novembro de 2017, quando um motorista bêbado provocou um acidente de trânsito, na zona norte da capital pernambucana, deixando três mortos e dois feridos. João Victor Ribeiro de Oliveira está sendo julgado por triplo homicídio doloso e qualificado, além de dupla tentativa de homicídio.
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