Dívida de mais de R$ 100 milhões com fornecedores e construtores, necessidade de reforma em mais de 460 escolas para atender a demanda de alunos, sendo que 309 obras estavam paralisadas ou concluídas com pendência de pagamento, problemas em dar início ao ano letivo, falta de professores, teste seletivo vencido, evasão escolar, estrutura precária das escolas, sendo que algumas estavam com seis meses sem receber repasses, programas paralisados por dívidas ou descontinuidade, entre outros, foram alguns dos problemas enfrentados Secretaria Estadual da Educação (Seduc) no início deste ano.
Iniciando a nossa série de reportagens sobre a Educação no Piauí. A secretária Rejane Dias e o Superintendente de Gestão da Seduc, Helder Jacobina, falaram sobre os principais problemas encontrados no Estado no início de 2015. Anunciada em dezembro de 2014 como secretária de Educação, Rejane Dias só assumiu o cargo em março deste ano após dar encaminhamento as suas emendas como deputada federal. Nos três primeiros meses Helder Jacobina assumiu o controle da pasta.
Segundo Rejane Dias, a Educação do Estado do Piauí foi encontrada em um estado de sucateamento e com várias dívidas. Atualmente o Estado possui 665 escolas, a maioria precisa de reformas.
“Pegamos a Educação e especialmente a secretaria do Estado em uma situação muito difícil, do ponto de vista do sucateamento mesmo. Lembrar que no final do ano passado terminar o ano letivo foi um grande desafio para os nossos diretores. Dos 11 repasses do Pactue [Programa de Autonomia das Unidades Escolares], da merenda escolar e do transporte escolar, só seis foram repassados, então a secretaria herdou muitas dívidas por conta dessa situação. Do ponto de vista das obras, das 300 obras, todas estavam paralisadas”, afirmou Rejane Dias em entrevista ao GP1.
“Quando assumimos, nos deparamos com falta de água, falta de papel, a secretaria estava muito suja, tanto é que uma das primeiras determinações da secretária foi que a gente fizesse um mutirão para limpar. O governador visitou o almoxarifado e vimos diversas situações, pois encontramos ele sem portas, com muito material jogado, sem organização, merendas próximo a se estragarem e nós fizemos um esforço muito grande de procurar consertar aquilo. O governador viu aquela situação e nós colocamos porta, reformamos o almoxarifado que hoje está mais bem protegido, com materiais organizados e um fluxo melhor de distribuição e isso mostra o quanto foi importante dar uma nova cara a gestão e ao padrão que por onde a Rejane Dias passa, deixa”, disse.
Dívidas
Da dívida de R$ 100 milhões, cerca de R$ 50 milhões eram relacionadas as obras que estavam pendentes, algumas paralisadas e outras já concluídas, mas com pendências de pagamentos. Os engenheiros e técnicos da Seduc, nem queriam viajar, pois as diárias não estavam sendo pagas.
“Para se ter uma ideia, encontramos muitas obras paradas. Nossos engenheiros e funcionários não queriam mais viajar, porque eles tinham dívidas de diárias do ano de 2014. Era uma dívida de quase um milhão em diárias, onde o servidor não queria mais viajar pois não recebia há muito tempo. Então grande parte desses R$ 100 milhões eram dívidas com obras, fora que tínhamos dívidas com as escolas e o transporte escolar, além dos programas que eles também deixaram com dívidas”, declarou o superintendente Helder Jacobina.
Início do letivo e contratações
A falta de professores também foi outro problema enfrentado, principalmente porque existem algumas áreas onde nem mesmo o concurso ou teste seletivo consegue preencher as vagas. Áreas como a de Matemática, Física e Química, há grande déficit no Piauí. Isso prejudicou o governo a dar início ao ano letivo, principalmente porque o último teste seletivo estava defasado.
“Tivemos problemas em garantir o início do ano letivo e foi preciso fazer a contratação de mais professores, porque o teste seletivo estava defasado. Temos um déficit de cinco mil professores que são contratados através de teste seletivo, mas porque isso? Porque temos professores que estão na condição de diretores de escola, na condição de diretores adjuntos, na condição de gerentes, em fim, isso é temporário, pois depois eles voltam ao cargo de professor. É o chamado desvio de função, então em todos os lugares você tem que contratar professores temporários ou substitutos”, disse Rejane Dias.
Para Helder, iniciar o ano letivo de 2015 foi seu maior desafio. “No início da minha gestão aqui, o desafio foi iniciar o ano seletivo. As dificuldades foram imensas, desde a falta de professores, tinha um teste seletivo que havia caducado, e aí tivemos que adiar o ano letivo de fevereiro para março. Iniciamos esse ano letivo com muitas dificuldades em relação ao transporte escolar, por exemplo, houve uma dívida muito grande também perante os municípios e as empresas de cerca de R$ 8 milhões. Foram acumulando várias dívidas, com construtores, empresas, e isso dificultou. Mas com a cara e a coragem conseguimos iniciar”, afirmou.
Evasão escolar
Outro problema encontrado foi a alta evasão escolar. Muitos iniciavam, mas não conseguiam terminar o ensino. Para a secretária Rejane Dias, isso aconteceu devido a falta de estrutura das escolas, falta de professores e a desorganização, o que desmotivou os alunos.
“Em relação a evasão escolar, nós temos que tornar as escolas atrativas. Um grande problema que aconteceu, é que a desorganização estava tão grande, que o aluno se sentiu desestimulado. Para estimular, você tem que tornar a escola atrativa, no sentido de não faltar professores, e essa é nossa grande prioridade, principalmente para ajudar os municípios em regime de colaboração”, declarou.
Dados
Atualmente a Secretaria Estadual da Educação possui 14.741 professores efetivos ativos, sendo 12.021 em sala de aula, 2 mil em licença e 4.813 substitutos. Ainda com 21 mil aposentados. Na parte administrativa são 7 mil servidores, com 4 mil nas escolas, entre vigias, merendeiras, secretários, e 3 mil nas Gerências Regionais de Educação.
Na terça-feira (24), vamos dar continuidade a série sobre Educação, focando nas providências que foram tomadas para resolver os problemas da área no início do ano.
Iniciando a nossa série de reportagens sobre a Educação no Piauí. A secretária Rejane Dias e o Superintendente de Gestão da Seduc, Helder Jacobina, falaram sobre os principais problemas encontrados no Estado no início de 2015. Anunciada em dezembro de 2014 como secretária de Educação, Rejane Dias só assumiu o cargo em março deste ano após dar encaminhamento as suas emendas como deputada federal. Nos três primeiros meses Helder Jacobina assumiu o controle da pasta.
Segundo Rejane Dias, a Educação do Estado do Piauí foi encontrada em um estado de sucateamento e com várias dívidas. Atualmente o Estado possui 665 escolas, a maioria precisa de reformas.
“Pegamos a Educação e especialmente a secretaria do Estado em uma situação muito difícil, do ponto de vista do sucateamento mesmo. Lembrar que no final do ano passado terminar o ano letivo foi um grande desafio para os nossos diretores. Dos 11 repasses do Pactue [Programa de Autonomia das Unidades Escolares], da merenda escolar e do transporte escolar, só seis foram repassados, então a secretaria herdou muitas dívidas por conta dessa situação. Do ponto de vista das obras, das 300 obras, todas estavam paralisadas”, afirmou Rejane Dias em entrevista ao GP1.
Imagem: Raoni BarbosaRejane Dias, secretária de Educação
Helder Jacobina também falou sobre os problemas enfrentados e criticou a situação em que a secretaria foi deixada.“Quando assumimos, nos deparamos com falta de água, falta de papel, a secretaria estava muito suja, tanto é que uma das primeiras determinações da secretária foi que a gente fizesse um mutirão para limpar. O governador visitou o almoxarifado e vimos diversas situações, pois encontramos ele sem portas, com muito material jogado, sem organização, merendas próximo a se estragarem e nós fizemos um esforço muito grande de procurar consertar aquilo. O governador viu aquela situação e nós colocamos porta, reformamos o almoxarifado que hoje está mais bem protegido, com materiais organizados e um fluxo melhor de distribuição e isso mostra o quanto foi importante dar uma nova cara a gestão e ao padrão que por onde a Rejane Dias passa, deixa”, disse.
Dívidas
Da dívida de R$ 100 milhões, cerca de R$ 50 milhões eram relacionadas as obras que estavam pendentes, algumas paralisadas e outras já concluídas, mas com pendências de pagamentos. Os engenheiros e técnicos da Seduc, nem queriam viajar, pois as diárias não estavam sendo pagas.
“Para se ter uma ideia, encontramos muitas obras paradas. Nossos engenheiros e funcionários não queriam mais viajar, porque eles tinham dívidas de diárias do ano de 2014. Era uma dívida de quase um milhão em diárias, onde o servidor não queria mais viajar pois não recebia há muito tempo. Então grande parte desses R$ 100 milhões eram dívidas com obras, fora que tínhamos dívidas com as escolas e o transporte escolar, além dos programas que eles também deixaram com dívidas”, declarou o superintendente Helder Jacobina.
Imagem: Bárbara Rodrigues/GP1Superintendente de Gestão da Seduc, Helder Jacobina
Início do letivo e contratações
A falta de professores também foi outro problema enfrentado, principalmente porque existem algumas áreas onde nem mesmo o concurso ou teste seletivo consegue preencher as vagas. Áreas como a de Matemática, Física e Química, há grande déficit no Piauí. Isso prejudicou o governo a dar início ao ano letivo, principalmente porque o último teste seletivo estava defasado.
“Tivemos problemas em garantir o início do ano letivo e foi preciso fazer a contratação de mais professores, porque o teste seletivo estava defasado. Temos um déficit de cinco mil professores que são contratados através de teste seletivo, mas porque isso? Porque temos professores que estão na condição de diretores de escola, na condição de diretores adjuntos, na condição de gerentes, em fim, isso é temporário, pois depois eles voltam ao cargo de professor. É o chamado desvio de função, então em todos os lugares você tem que contratar professores temporários ou substitutos”, disse Rejane Dias.
Para Helder, iniciar o ano letivo de 2015 foi seu maior desafio. “No início da minha gestão aqui, o desafio foi iniciar o ano seletivo. As dificuldades foram imensas, desde a falta de professores, tinha um teste seletivo que havia caducado, e aí tivemos que adiar o ano letivo de fevereiro para março. Iniciamos esse ano letivo com muitas dificuldades em relação ao transporte escolar, por exemplo, houve uma dívida muito grande também perante os municípios e as empresas de cerca de R$ 8 milhões. Foram acumulando várias dívidas, com construtores, empresas, e isso dificultou. Mas com a cara e a coragem conseguimos iniciar”, afirmou.
Evasão escolar
Outro problema encontrado foi a alta evasão escolar. Muitos iniciavam, mas não conseguiam terminar o ensino. Para a secretária Rejane Dias, isso aconteceu devido a falta de estrutura das escolas, falta de professores e a desorganização, o que desmotivou os alunos.
“Em relação a evasão escolar, nós temos que tornar as escolas atrativas. Um grande problema que aconteceu, é que a desorganização estava tão grande, que o aluno se sentiu desestimulado. Para estimular, você tem que tornar a escola atrativa, no sentido de não faltar professores, e essa é nossa grande prioridade, principalmente para ajudar os municípios em regime de colaboração”, declarou.
Imagem: Raoni BarbosaGovernador Wellington Dias e a secretária Rejane Dias
Dados
Atualmente a Secretaria Estadual da Educação possui 14.741 professores efetivos ativos, sendo 12.021 em sala de aula, 2 mil em licença e 4.813 substitutos. Ainda com 21 mil aposentados. Na parte administrativa são 7 mil servidores, com 4 mil nas escolas, entre vigias, merendeiras, secretários, e 3 mil nas Gerências Regionais de Educação.
Na terça-feira (24), vamos dar continuidade a série sobre Educação, focando nas providências que foram tomadas para resolver os problemas da área no início do ano.
Ver todos os comentários | 0 |