- Foto: GP1Professor Igo Tiago Oliveira
O GP1 ouviu o professor de Geografia, Igo Tiago Oliveira, a respeito da Medida Provisória (MP) 746/2016 que trata sobre a reestruturação do Ensino Médio do Brasil. Ele ressaltou que a reforma é necessária, contudo, criticou a forma como foi colocada sem que fosse feita uma discussão ampla com todos os envolvidos.
Igo Tiago lembrou que nos organismos internacionais que medem a eficiência do ensino médio, o Brasil aparece em uma posição desfavorável. “O ato de reformar o ensino médio eu considero muito necessário, até porque, nossa posição, em relação as avaliações internacionais, é bem complicada. No entanto, discordo da maneira em que ela foi colocada para a sociedade, através de uma Medida Provisória, que ao meu ver, foi algo arbitrário”, disse o professor que ainda afirmou que um debate sobre o assunto levaria de três a cinco anos.
“O momento é muito complicado e a gente espera outra avaliação internacional para poder fazer alguma coisa não seria uma coisa boa. Por isso, mesmo tendo sido feito de uma hora para outras, pelo menos, abriu o debate que já havia sendo esperado há muito tempo”, acrescentou o professor que também é pós-graduado em Supervisão e Gestão Escolar.
O docente ainda deixou bem claro, que não basta somente reformar o Ensino Médio já que as mudanças também são necessárias a partir do ensino infantil. “Não se muda o ensino médio, sem mudar os ensinos infantil e fundamental. Você só consegue, na educação, mudar um panorama em pelo menos dez anos. A ideia de fazer um redesenho curricular é muito interesse. Não concordo com a maneira como está sendo colocado. Está muito confuso e o fato de não ter entendido fez com que muitos professores criticassem a reforma”, comentou.
Outro ponto nefrálgico da reforma para o professor Igo, foi o fato de terem colocado algumas disciplinas como optativas. “Terem colocado que algumas disciplinas passariam a ser optativas foi algo ruim. A não obrigatoriedade também trouxe muitas críticas. Mas, ao mesmo tempo, existe uma incoerência, uma vez que, muitos alunos falavam que o currículo era muito engessado e quando coloca a opção de escolha, também não gostaram. Enfim, essa reforma é algo interesse só precisa ser mais debatida pela sociedade para ouvir as opiniões, para que assim tudo fique entendido”, finalizou Igo Tiago.
Medida Provisória
O Governo Federal encaminhou ao Congresso Nacional, no dia 22 de setembro, a Medida Provisória (MP) 746/2016 para reestruturação do ensino médio. A mudança provocou discussões no país ao incluir a possibilidade de escolha de diferentes trilhas de formação tradicional e técnica, educação integral e autorizar a contratação de professores sem licenciatura, mas com notório saber.
Ao publicar a MP, contudo, ficou estabelecido que a questão será decidida pela Base Nacional Comum Curricular, que ainda não foi definida. Por enquanto, essas disciplinas continuam obrigatórias.
Com base no texto da Medida Provisória, as mudanças seriam implementadas somente em 2018, no segundo ano letivo subsequente à data de publicação da Base Curricular. Mas, podendo ser antecipadas para o primeiro ano, desde que com antecedência mínima de 180 dias entre a publicação da Base Nacional e o início do ano letivo. A Medida Provisória já recebeu mais de 500 propostas de alterações no texto.
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