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Coronavírus no Piauí

Médica que desenvolveu protocolo usado em Floriano destaca eficácia da hidroxicloroquina

Conforme a médica Marina Bucar, o protocolo utilizado em Floriano foi amplamente discutido em hospitais da Europa.

Em entrevista ao jornalista Tony Trindade, da Band Piauí, nesta quinta-feira (14) a médica Marina Bucar, coordenadora da Universidade de San Pablo, na Espanha, falou sobre o protocolo para tratamento bem-sucedido de covid-19, que foi implantado no Hospital Regional Tibério Nunes, em Floriano.

A médica, que é natural de Floriano, se formou em Medicina na Universidade Federal do Piauí (UFPI), fez residência médica na Espanha no ano de 2007 e atualmente é coordenadora do Núcleo de Iniciação Científica da Faculdade de Floriano (FAESF).


  • Foto: Reprodução/InstagramMédica Marina BucarMédica Marina Bucar

Conforme a médica, o protocolo utilizado em Floriano foi amplamente discutido em hospitais da Europa. “A gente fazia reuniões no hospital todos os dias, comentávamos e os colegas italianos que viveram isso antes também informavam para a gente, a evidência clínica precisa ser transmitida o mais rápido possível, antes mesmo de publicar. Os hospitais de Madri conversavam, trocavam experiências e cada hospital fazia seu protocolo”, afirmou.

Ainda de acordo com a médica, cerca de 80% dos medicamentos utilizados em protocolos eram os mesmos, sendo mudados apenas algumas doses e horários que seriam ministrados alguns fármacos. “80% dos protocolos eram iguais para todos, porque tem coisas que a gente vê muito claras. Pequenos detalhes, 20% tinham um pouco de diferença entre um e outro, como a dose de corticoide, momento de botar corticoide”, continuou.

Recomendações

“O que eu fiz, foi uma escolha pessoal, peguei todos esses protocolos, fiz um resumo, as doses diferentes em cada hospital, coloquei as três doses que se colocam em cada hospital. Resumi e organizei os protocolos de casa hospital”, completou a médica.

Eficácia da hidroxicloroquina

Marina disse que se baseou em protocolos utilizados em hospitais da Espanha e destacou a eficácia da hidroxicloroquina. "Nesses protocolos dos hospitais que me baseei, existiam medicações que estão em todos, o corticoide, hidroxicloroclina e biológico. E logo azitromicina, antivirais, o anaquira e outros biológicos, são detalhes que alguns hospitais colocam e outros não colocam. Isso significa que se em todos esses hospitais utilizam esses três, os três tiveram evidências clínicas. Dos que a gente viu mais resultado foi a hidroxicloroquina, corticoide e o biológico”, assegurou a profissional.

Mais cedo possível

Ainda segundo a médica, quanto mais cedo o paciente infectado com covid-19 for submetido ao tratamento com hidroxicloroquina, mais rápido será a cura. Marina Bucar afirmou que o medicamento pode se tornar ineficiente em casos mais graves, onde os pacientes já estão internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

“Na fase mais tardia, a fase que o paciente já está vindo para a UTI, é verdade que a maioria dos fármacos não têm eficácia. Não devemos deixar o paciente na fase três, porque a eficácia vai ser menor. Sendo que andamos no escuro, é melhor que a gente atue nas fases anteriores”, disse.

A médica avaliou que como não existe possibilidade de saber em quem a doença pode evoluir para um quadro infeccioso mais grave, com necessidade de intubação e respiração mecânica, a melhor saída é iniciar o tratamento nos primeiros dias da doença.

“A medicina não tem nenhum exame que diga quem vai passar para a fase inflamatória e quem não. Sendo que os efeitos secundários potenciais e que podem surgir da hidroxicloroquina com azitromicina ou antiviral. Se eu consigo afunilar, eu consigo atender melhor as pessoas”, destacou a médica.

“Quanto mais precoce, melhor os resultados. Realmente tenho que dizer que como qualquer tratamento, tem alguns tratamentos que no covid-19, a gente não sabe porque, vão ter uma resposta exacerbada a essa infecção. Às vezes alguns pacientes a gente trata um paciente e ele tem uma evolução”, arrematou.

Floriano

Marina explicou que o protocolo foi adotado em Floriano após uma conversa com o prefeito Joel Rodrigues e o diretor do Hospital Regional Tibério Nunes, Justino Moreira.

“Foi uma conversa muto informal, falei da minha experiência, meu irmão é médico e tenho amigos lá, foi uma troca muito informal, natural e depois o prefeito pediu para que eu fizesse uma reunião com profissionais. Expliquei o que a gente fazia aqui, depois o diretor do Hospital me ligou e tinha dúvidas para tirar. Realmente eu passei as informações como passaram para a gente, mas que isso que passei a um mês, a intenção é que não percam tempo procurando uma alternativa”, disse.

Mortos no Tibério Nunes

A Secretaria de Estado de Saúde (Sesapi) informou em boletim na quarta-feira (13) que foram registrados três novos óbitos no estados oriundos do Hospital Tibério Nunes, Marina Bucar, no entanto, explicou que os pacientes já chegaram ao hospital em estado grave e nem fizeram uso dos medicamentos.

“O que me contaram é que foram pacientes que nem chegaram a ter tratamento, eram pacientes com outras patologias, oncológicos, estavam muito graves, nem sequer entram na estatística de eficácia ou não, porque não iniciaram o protocolo”, finalizou.

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