O presidente Jair Bolsonaro afirmou esperar que a Venezuela "mude rapidamente de governo", em declaração feita ao chegar a Davos, na Suíça, onde o brasileiro faz sua estreia internacional durante o Fórum Econômico Mundial.
Questionado sobre a tentativa de levante contra o presidente Nicolás Maduro por parte de militares nesta segunda-feira, 21, o presidente brasileiro evitou entrar em detalhes. Mas expressou sua vontade de que o venezuelano deixe o cargo. "A Venezuela está com problemas não é de hoje. Esperamos que rapidamente mude o governo da Venezuela", disse.
O Exército venezuelano disse ter detido um grupo de membros da Guarda Nacional Bolivariana (GNB) que roubaram armas e sequestraram oficiais na madrugada desta segunda. Em nota, o ministro da Defesa, Vladimir Padrino, prometeu aplicar "todo peso da lei" aos rebeldes. Na Venezuela, a GNB funciona como uma polícia militar em âmbito nacional.
- Foto: Twitter/Eduardo Bolsonaro Jair Bolsonaro ao lado do filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, o ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo e o ministro da Justiça Sérgio Moro dentro do avião presidencial
Segundo o ministério, um grupo de militares de um quartel da GNB na zona oeste de Caracas sequestrou ao menos quatro oficiais ao tentar roubar armas para ações armadas contra o governo. O grupo de militares pedia, em vídeos, que a população saísse às ruas pelo fim do regime Maduro.
Ainda de acordo com o Exército venezuelano, o grupo era reduzido, mas não há outras fontes disponíveis sobre quem integrou o grupo, qual seu tamanho e o motivo da sublevação. O grupo, conforme o ministério, enfrentou "forte resistência" e foi derrotado. As armas foram recuperadas.
O grupo de militares fortemente armados publicou uma série de vídeos em redes sociais venezuelanas conclamando a população a tomar as ruas em apoio ao grupo e contra Maduro. O líder do grupo, identificado como sargento Armando Figueroa, prometeu tomar as ruas para defender a Constituição. "Queriam acender o rastilho. Aqui estamos. Precisamos do seu apoio", disse. Vizinhos do quartel saíram em protestos contra Maduro e contra a prisão do grupo.
Ação internacional
O Brasil recebeu a oposição venezuelana na semana passada e deixou claro que quer um papel ativo numa transição política no país. Nesta segunda-feira, o chanceler Ernesto Araújo passou pela imprensa que o aguardava em Davos. Mas, apesar dos pedidos, não parou para falar.
Em nota divulgada na noite da quinta-feira 18, Araújo destacou que o Brasil poderá apoiar um governo interino na Venezuela liderado pelo deputado Juan Guaidó e atacou Maduro. “O sistema chefiado por Nicolás Maduro constitui um mecanismo de crime organizado. Está baseado na corrupção generalizada, no narcotráfico, no tráfico de pessoas, na lavagem de dinheiro e no terrorismo”, ressaltou o comunicado.
Ainda no comunicado, o chanceler disse que a posição do governo brasileiro e do presidente Bolsonaro no movimento contra Maduro é reconhecida por lideranças da Venezuela. "O papel-chave do Brasil, sob liderança de Bolsonaro, na mudança do cenário venezuelano, onde pela primeira vez em muitos anos, ressurge a esperança da democracia, foi reconhecido por todos os líderes venezuelanos."
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