Após o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro da noite desta terça-feira, 24, políticos querem saber se ele vai exigir uma mudança de postura do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, no enfrentamento ao novo coronavírus ou se vai separar o discurso da prática. Após Bolsonaro voltar a minimizar os efeitos da pandemia da covid-19 que já mandou 46 pessoas no País, a cúpula do DEM procurou Mandetta, filiado o partido, mas não conseguiu contato. A legenda decidiu internamente que se o ministro mudar o discurso do coronavírus vai retirar o apoio a ele.
A avaliação dentro do DEM, no entanto, é que Mandetta poderá colocar o cargo à disposição do governo, se for pressionado por Bolsonaro a adotar uma postura mais flexível no combate ao coronavírus. Segundo pessoas próximas ao ministro, ele não estaria dispotos a “rasgar o diploma de médico” nem comprometer sua biografia na área de saúde.
O DEM tem três governadores e 267 prefeitos, que, segundo integrantes da legenda, não aceitam uma mudança de postura de Mandetta, caso ele decida seguir o entendimento do presidente e relativize a covid-19. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, que é aliado de Bolsonaro, disse a interlocutores que ficou “perplexo” com a declaração do presidente nesta noite.
Após participar de reuniões com governadores do Centro-Oeste e Sul, no entanto, o ministro da Saúde adotou um discurso semelhante ao do presidente. E disse que o “travamento do país atrapalha a saúde.” Apesar de afirmar que não irá pedir aos governadores para afrouxarem as medidas, ele disse que alguns estão percebendo que aceleraram decisões e que será necessário fazer ajustes.
Durante o pronunciamento na TV, Bolsonaro elogiou o trabalho de Mandetta desde que brasileiros foram repatriados de Wuhan, na China, no início da epidemia no país asiático. "Nosso ministro da Saúde reuniu-se com quase todos os secretários de Saúde dos estados para que o planejamento estratégico de combate ao vírus fosse construído e, desde então, o doutor Henrique Mandetta vem desempenhando um excelente trabalho de esclarecimento e preparação do SUS para atendimento de possíveis vítimas", disse.
O presidente disse que o governo atuou para conter o "pânico, a histeria. E, ao mesmo tempo, traçar a estratégia para salvar vidas e evitar o desemprego em massa. Assim fizemos, quase contra tudo e contra todos."
Ver todos os comentários | 0 |